terça-feira, 25 de abril de 2023

As principais contribuições de Jacques Lacan para a educação



Para Jacques Lacan, o bebê só distinguirá o que lhe é interno ou externo ao reconhecer-se, ou ao Outro, na visão 

Na Paris dos anos 1920, o psiquiatra e psicanalista francês Jacques Lacan (1901-1981) frequentava livrarias e se reunia com os surrealistas, assistia com entusiasmo à leitura pública de Ulisses, de James Joyce (1882-1941), ligando-se a escritores, poetas, artistas plásticos, filósofos. Formado em medicina, Lacan orientou-se desde o começo de sua vida profissional para a psiquiatria e a psicanálise. Mas, por seus interesses e suas práticas mais abrangentes que os da psicanálise da primeira geração, nunca foi reconhecido pela Sociedade Psicanalítica de Paris (SPP), para a qual apresentava trabalhos que não eram levados em conta.

Seu anticonformismo parecia causar irritação em seus pares na psicanálise de então. No entanto, fora dos círculos psicanalíticos, era considerado brilhante intelectual. Foi o único, entre os grandes intérpretes da história do freudismo, a dar à obra freudiana uma estrutura filosófica e a tirá-la de suas bases biológicas, sem com isso cair no “espiritualismo”.

A partir de 1936, Lacan iniciou-se na filosofia hegeliana, quando assistia ao seminário de Alexandre Kojève (1902-1968). Frequenta­va sedes de revistas culturais e participava de reuniões no Collège de Sociologie, onde conviveu com diversos intelectuais, entre os quais o escritor Georges Bataille (1897-1962), cuja esposa viria a ser a segunda mulher de Lacan. Desses anos de grande ebulição intelectual e teórica tirou a certeza de que a obra freudiana devia ser relida “ao pé da letra” e à luz da tradição filosófica alemã.

Em 1938, a pedido de Henri Wallon (1879-1962) e do historiador Lucien Febvre (1878-1956), Lacan fez um balanço sombrio das violências psíquicas próprias da família burguesa em um verbete da Encyclopédie française.

Constatando que a psicanálise nasceu do declínio do patriarcado, passou a apelar para a revalorização da função simbólica da psicanálise no mundo cada vez mais ameaçado pelo fascismo.

Lacan sempre manteve fortes relações intelectuais fora do meio psicanalítico: com o linguista Roman Jakobson (1896-1982), com o antropólogo Claude Lévi-Strauss (1908-2009), com os filósofos Maurice Merleau-Ponty (1908-1961) e Martin Heidegger (1889-1976), com os surrealistas, entre outros. Sob influência desses pensadores, adotou um questionamento profundo sobre o estatuto da verdade, do ser e do que significa considerar-se “sujeito” diante da complexidade do mundo contemporâneo. Da linguística, extraiu sua concepção de significante e de um inconsciente organizado como linguagem; da antropologia, deduziu a noção de simbólico, que utilizou na tópica SIR (simbólico, imaginário, real), assim como sua releitura universalista da interdição do incesto e do complexo de Édipo.

Durante dez anos, duas vezes por mês, Lacan realizou seu seminário público, aberto a quaisquer interessados, comentando sistematicamente todos os grandes textos do corpus freudiano e dando origem a uma nova corrente de pensamento: o lacanismo, cujos preceitos seriam discutidos não apenas por psicanalistas, mas por intelectuais de peso como Michel Foucault (1926-1984) e Gilles Deleuze (1925-1995).

Em seus seminários, atraiu muitos alunos, fascinados por seu ensino e desejosos de romper com o freudismo acadêmico da primeira geração francesa de psicanalistas. Começou então a ser reconhecido ao mesmo tempo como didata e como clínico, fundando duas escolas de psicanálise, que se dissolveram por divergências internas. Seu senso agudo da lógica da loucura, sua abordagem original do campo das psicoses e seu talento discursivo lhe valeram, ao lado de Françoise Dolto (1908-1988), um lugar especial aos olhos da jovem geração psiquiátrica e psicanalítica.

Em 1951, comprou uma casa de campo a cerca de cem quilômetros de Paris. Retirava-se para lá aos domingos, onde recebia seus pacientes e dava recepções.

Ao lado de sua segunda esposa, Sylvia Bataille, que era atriz, fazia teatro para os amigos, fantasiava-se, dançava, divertia-se e às vezes usava roupas extravagantes. Nessa casa colecionava um número considerável de livros que, ao longo dos anos, formaram uma imensa biblioteca que demonstrava o tamanho de sua paixão pelo trabalho intelectual. Em um cômodo que dava para o jardim, organizou um escritório repleto de objetos de arte. Nessa casa, pendurou o famoso quadro de Gustave Courbet (1819-1877) A origem do mundo.

Depois da morte de Lacan, em 1981, o lacanismo fragmentou-se numa multiplicidade de tendências, grupos, correntes e escolas, sendo implantado de maneiras diversas em muitos países, tendo o Brasil e a Argentina alguns de seus representantes mais férteis. Entre as contribuições mais importantes de Lacan para o campo da educação estão as noções de estádio do espelho e de eu ideal.

O estádio do espelho e o eu ideal

Segundo Lacan, nos primeiros meses de vida de uma criança, não há nada parecido a um eu, com suas funções de individualização e de síntese da experiência. Falta ao bebê o esquema mental de unidade do corpo próprio que lhe permite constituir esse corpo como totalidade, assim como distinguir interno e externo, individualidade e alteridade.

É só entre o sexto e o décimo oitavo mês de vida que tal esquema mental será desenvolvido. Para tanto, faz-se necessário o reconhecimento de si na imagem do espelho ou na identificação com a imagem de outro bebê. Ao reconhecer pela primeira vez sua imagem no espelho, a criança tem uma apreensão global e unificada de seu corpo. Assim, essa unidade do corpo será primeiramente visual e é condição fundamental para o desenvolvimento psíquico do bebê.

As imagens determinam a vida do indivíduo, representam um dispositivo fundamental de socialização e individuação, fazem parte da realidade psíquica. A partir delas, nasce a fantasia. Nesse processo, surge um conceito reelaborado por Lacan, a partir de Freud: o eu ideal, que representa a ideia que o indivíduo tem de si mesmo na forma arcaica e que delimitará suas identificações posteriores.

O eu arcaico, segundo Freud, expulsa o insatisfatório e internaliza as experiências satisfatórias. Para Freud, a constituição do eu se dá de dentro para fora; para Lacan, ao contrário, se dá de fora para dentro. Segundo o francês, para orientar-se no pensar, no sentir e no agir, para aprender a desejar, para ter um lugar na estrutura familiar e social, a criança precisa inicialmente raciocinar por analogia (no sentido da mimesis grega): imitar uma imagem na posição de tipo ideal, adotando, assim, a perspectiva de um Outro. Tais operações de imitação são importantes para a orientação das funções cognitivas e afetivas, e têm valor fundamental na constituição e no desenvolvimento subsequentes do eu em outros momentos da vida madura.

Na alienação do sujeito ao Outro, o infans (o “sem palavras”) se identifica e se experimenta. Começa então a circulação do desejo: fazer-se reconhecer, ser desejado e desejar o desejo do Outro. Imagem, palavra, alimento e cuidados são expressões dos rumos da pulsão, em suas diferentes modalidades: oral, anal, visual e vocal. Esse processo vai inscrevendo as representações no inconsciente, o que dará espaço ao processo de estruturação psíquica do sujeito sustentado pelo desejo do Outro.

Depois de reconhecer-se no espelho, as imagens dos irmãos, do pai, da mãe e de seus substitutos sociais farão parte da “imagem ideal”, necessária para a socialização. Esse dispositivo permitirá a entrada da criança numa trama sócio-simbólica, cujo núcleo é a família, mas que se compõe de outras figuras com função de autoridade. Entre esses personagens, o professor tem papel fundamental.

Dessa forma, a criança introjeta uma imagem que vem de fora (do espelho e dos humanos que a cercam). Por meio do olhar, da linguagem, do toque, da entonação da voz do Outro e de outros aspectos da comunicação inconsciente, se estabelece uma intensa troca (ou uma falha também imensa) entre a criança e a cultura.

Assim nasce o sujeito lacaniano, aquela estrutura com a função de ser o lugar em que o eu pode reconhecer-se, mas onde sua autonomia total se quebra diante da dependência do externo.

Outros conceitos desenvolvidos por Lacan:

Gozo e perversão

Para Lacan, o conceito de gozo implica a ideia de transgressão da lei: desafio, insubmissão ou escárnio. O gozo, portanto, participa da perversão, teorizada por Lacan como um dos componentes estruturais do funcionamento psíquico. Na perversão, o sujeito só encontra prazer quando a lei é transgredida.

Simbólico, Imaginário, Real

Essa tríade de conceitos, a partir de 1953, forma uma estrutura que, segundo Lacan, passaria a determinar e equilibrar as relações intrapsíquicas:
– O simbólico designa a ordem civilizatória a que o sujeito está ligado, como um lugar psíquico em que são reconhecidos os discursos produtores de “verdades”.
– O imaginário se define como um lugar no eu onde são acolhidos os fenômenos de representações ilusórias, utilizados para aplacar as vivências angustiantes advindas do real.
– O real designa qualquer fenômeno, aquilo que ainda não tem representações ou simbolizações no eu, que está no plano das vivências corporais ou emocionais e que, em geral, causa angústia ou sofrimento.

Significante

Esse termo foi introduzido por Ferdinand de Saussure (1857-1913) para designar a parte do signo linguístico que remete à representação psíquica do som (ou imagem acústica), em oposição à outra parte, ou significado, que remete ao conceito.

Retomado por Lacan como um conceito central em seu sistema de pensamento, o significante transformou-se, em psicanálise, no elemento do discurso (consciente ou inconsciente) que fará parte de uma série que, por sua vez, determinará os atos, as palavras e o destino do sujeito, à sua revelia e de acordo com uma nomeação que vem do simbólico.

FONTE: https://revistaeducacao.com.br/2017/05/07/as-principais-contribuicoes-de-jacques-lacan-para-educacao/


O que é identificação para Freud?



A identificação, segundo Freud, é “a mais antiga manifestação de uma ligação afetiva a uma outra pessoa”. Nosso Eu tem origem sempre num laço identificatório inconsciente com o Outro, a partir do qual serei capaz de me identificar e constituir um Eu, através desse Outro que está em relação comigo. É a partir dessa identificação primária que nossos primeiros investimentos no mundo serão feitos e nossa “noção” de Eu começa a se esboçar.

Se estamos vivos é porque fomos capazes de criar um vínculo afetivo com alguém e passamos a existir enquanto Eu através de e na relação entre o eu e esse outro. Nossas identificações apontam sobre como elementos vindos do outro nos afetam. Podemos introjetar (trazer para si), projetar (expulsar para fora de si) ou transformar em ideais traços, valores e pensamentos que encontramos no outro.

Em Psicologia das massas e análise do Eu, o Freud afirma que podemos nos identificar com um outro ao “querer ser como” ele, ao querer “tomar o lugar” do outro e substituí-lo em sua posição. Podemos ter sentimentos de ternura pelo outro, mas também podemos expressar o desejo de eliminar e aniquilar esse mesmo objeto. No canibalismo, o indivíduo incorpora somente os objetos que ele deseja e estima, numa espécie de “afeição devoradora” pelos inimigos. O canibal não devora aqueles de quem não pode gostar de algum modo. Interessante, não é?

Através das identificações, podemos ”querer-ter” algo característico de alguém ou ”ser-como” alguém. Algumas ocorrem pela adoção inconsciente de  traços ou sintomas da pessoa que amamos (pode ser até mesmo uma tosse ou um “tique”). É realmente como se nosso eu “adotasse” certas características do objeto amado, ou mesmo do objeto rival que tem proximidade afetiva com o objeto amado. Toda identificação, portanto, contém um fragmento de verdade sobre nossos afetos e laços com o outro.

Podemos fazer laço com o outro de três formas, segundo Freud: a segunda forma seria a identificação a um Ideal vindo desse Outro, e que agora nos servirá de guia interno (consciente e inconscientemente) para o estabelecimento de novos laços com nossos semelhantes; os outros. Valores, consciência moral e ética são exemplos desses possíveis ideais.

A terceira forma de identificação são as identificações que se dão por “contágio”, quando algo entre meu eu e o eu do outro coincide num determinado ponto. É quando eu posso ou quero me colocar na mesma situação que outrem, porque já vivencio o mesmo ou desejo vivenciá-lo. Por exemplo, quando estamos apaixonados ou carentes e assistimos a um filme romântico, ficamos temporariamente identificados por contágio com um dos personagens apaixonados. São identificações onde podemos dizer “eu também sinto isso” ou “eu também gostaria de sentir isso”.

Freud nos dá um exemplo: se uma garota receber uma carta de alguém que ama secretamente e essa carta, por algum motivo, lhe despertar ciúme, outras garotas a sua volta podem se contagiar com seu sofrimento e ciúme, porque elas também têm ou gostariam de ter um amor secreto.

Embora as identificações sejam constitutivas e muitas possam se tornar parte de um senso de identidade consciente, isso não significa que as identificações tenham o objetivo de se cristalizar em identidades. Pelo contrário; numa análise, vemos que quanto mais nossas identificações conscientes ou inconscientes se confundirem com identidades rígidas e fechadas, mais dificuldade teremos de ocupar lugares e posições psíquicas diversas diante de nossos conflitos e problemas, e sofreremos mais tentando lidar com os mesmos.

O conceito de identificação na psicanálise é complexo e com muitos desdobramentos.  Aqui falamos apenas de um recorte mais freudiano,  Lacan contribuiu ainda mais para pensar o conceito de identificação através da teoria do Estádio do espelho. 


 Patrícia Andrade

Psicanalista e psicóloga, aprimorada em Saúde Mental pelo Instituto A Casa e membro da rede Inconsciente Real

 

Bibliografia:
Kaufmann, P. Dicionário enciclopédico de psicanálise: O legado de Freud e Lacan. Editora ZAHAR – 1993.

Freud, S. Psicologia das massas e análise do Eu. Companhia das letras

FONTE: https://www.inconscientereal.com.br/o-que-e-identificacao-para-freud/

sexta-feira, 21 de abril de 2023

Mecanismos de Defesa do Ego

 

Os mecanismos são modos de operação psíquica que o Ego utiliza/constrói para defender-se de perigos reais ou fictícios. Tem a função de proteger o ego contra elementos como a ansiedade e o desprazer, por exemplo, e são normais a todos os seres humanos, podendo ser utilizados também para defender de forma patológica o narcisismo do sujeito.

Ana Freud (1946/2006), que escreveu uma obra prima sobre o tema, teoriza que tais mecanismos existem pelo “medo” do ego de regredir ao estado inicial de fusão com o ID, na hipótese da falha do Superego na tarefa de reprimir os impulsos.

Os mecanismos de defesa são:

Repressão: Movimento que o Ego realiza para rebaixar conteúdos dolorosos (sejam ideias, afetos ou desejos) da consciência para o nível inconsciente;


Negação: Consiste na recusa da aceitação da realidade incômoda ao Ego;


Deslocamento: Consiste na transferência de um impulso para outro alvo considerado menos ameaçador;

Racionalização: É um processo pelo qual a pessoa elabora desculpas ou razões lógicas para tentar justificar comportamentos, pensamentos ou sentimentos inaceitáveis;

Compensação: Mecanismo de defesa utilizado para encobrir uma fraqueza através da atribuição de ênfase à outra característica mais desejada ou aceita;


Formação reativa: É um mecanismo que tende a inverter o impulso indesejado, substituindo-o pelo seu oposto. Exemplo: A pessoa “prega” a moralidade extremamente puritana, mas é totalmente entregue às perversões sexuais;

Projeção: Talvez este seja o mais famoso mecanismo de defesa, que é o responsável por atribuir aos outros conteúdos psíquicos que são da própria pessoa a outrem;
Isolamento: Consiste em separar um pensamento, recordação ou afeto de outros associados, em determinado evento/fato, de modo a minar ou fazer com que nenhuma reação emocional ocorra;
Anulação: Busca cancelar ou desfazer uma ação/sentimento indesejado de forma “simbólica” através de outra;

Introjeção: É o mecanismo responsável por integrar elementos de outro indivíduo a estrutura do Ego;

Regressão: É o mecanismo responsável pro fazer o ego retornar a um estágio anterior de desenvolvimento;


Fixação: Ocorre quando uma pessoa, em seu desenvolvimento, não progride de maneira normal, parando parcialmente em uma fase do desenvolvimento;

Sublimação: É o mecanismo responsável por redirecionar a energia de um impulso para outra atividade socialmente mais aceitável ou desejável;

Identificação: É o mecanismo responsável por aumentar o valor do ego através da aquisição de características de um sujeito referência (admirado).

Referências

Freud, A (2006). O Ego e os mecanismos de defesa.Porto Alegre: Artmed.

Freud, S. (1996). O Ego e o Id. Obras Completas de Sigmund Freud, Vol. XIX: O Ego, o Id e outros trabalhos (J. Salomão, Trad.). p. 164-167. Rio de Janeiro: Imago.

Hall, C. S., & Lindzey, G. (1971). Teorias da personalidade (L. Bretones, Trad.). São Paulo: Herder.

https://cynthiaolivei.wordpress.com/2017/01/16/mecanismos-de-defesa-do-ego/





Os Mecanismos de Defesa do Ego



Mecanismos de Defesa do Ego


“A dificuldade em lidar com o arquétipo da Sombra é que, em vez de reconhecer nossas próprias ‘diabruras’ e deficiências, preferimos preservar nossa imagem idealizada de bonzinhos. Assim, para lidar com a Sombra é preciso, em primeiro lugar, levarmos seriamente em conta sua existência e aceitá-la. Depois, estaremos informados a respeito de suas intenções e qualidades, pois, no dizer de Jung, uma pessoa não se ilumina simplesmente imaginando figuras de luz, mas iluminando a escuridão. E, para isso, é necessário que façamos com nossa Sombra várias negociações, muitas vezes longas e difíceis.

Vários são os recursos ou expedientes que o ego utiliza para não se confrontar com a Sombra. São os mecanismos de defesa inconscientes, como a ‘Projeção’, a ‘Negação’ e a ‘Repressão’, que atuam mantendo os conteúdos da Sombra dissociados da consciência.

- Projeção: extremamente atraente para o ego. Por meio dela, ‘descobrimos’ onde está o mal que nos aflige: fora, no outro! É sempre o chefe, a namorada, o pai ou a mãe, o sistema, a economia ou o governo o responsável por nossos males.

- Negação: mecanismo mais arcaico, sem nenhuma elaboração. É usado, por exemplo, pela criança pequena: basta fechar os olhos para afastar o bicho papão ou qualquer outro monstro ou fantasma ameaçador, faz parecer que a ameaça não mais existe. Simplesmente nega-se a existência do problema.

- Repressão: funciona como um porteiro que só deixa passar convidados portadores de senha. Esse mecanismo de defesa expulsa da consciência aquilo que convém, mantendo os conteúdos excluídos no inconsciente.

Após várias tentativas de excluir os conteúdos da ‘Sombra’, tais estratégias defensivas podem começar a falhar, e a pessoa vê-se obrigada a perceber que o custo para mantê-los afastados da consciência é elevado. Surgem, então, sentimentos de culpa, ansiedade ou depressão, além da manifestação de uma série de sintomas corporais.

Ao ser confrontada, a Sombra diminui seu poder e seu tamanho e pode tornar-se uma força positiva, um aliado. Ou seja, nossa Sombra pode tornar-se um bom inimigo, aquele que nos desperta para o nosso lado obscuro, possibilitando-nos aprender com nossos erros. Como disse Coethe, nossos amigos nos mostram o que podemos fazer, nossos inimigos nos ensinam o que devemos fazer”. (Grinberg, 2003: 147-8-50).

“Reconcilia-te com teu adversário enquanto estiveres a caminho” (Cristo Jesus).

Quem é nosso adversário, inimigo número um que devemos buscar a reconciliação? Senão “nós mesmos”. Assim como, nosso principal aliado, “Buscai o Reino dos Céus e todo o resto lhe será dado por acréscimo. O Reino dos Céus está dentro de vós” (Cristo Jesus).

João Januário Martins – psicólogo clínico
Fonte:
https://www.facebook.com/JungPsicoTranspessoal/posts/mecanismos-de-defesa-do-egoa-dificuldade-em-lidar-com-o-arqu%C3%A9tipo-da-sombra-%C3%A9-qu/836656099717506/?locale=pt_BR

sexta-feira, 14 de abril de 2023

Édipo Rei

Édipo Rei é um personagem da mitologia grega e também uma tragédia escrita por volta de 427 a.C. pelo dramaturgo Sófocles (496-406 a.C.).

Trata-se de uma das tragédias gregas mais emblemáticas da história do teatro na Grécia. É baseada no mito de édipo e citada pelo filósofo grego Aristóteles em sua obra “Poética”.

Estátua de Sófocles em Atenas, Grécia

Resumo

Na lenda grega, Édipo, filho de Laio e Jocasta, era o rei de Tebas, a cidade que fora assolada por uma peste. Ao consultar o oráculo de Delfos, Édipo descobriu algo trágico sobre sua vida: ele foi amaldiçoado pelos deuses.

Ele estava destinado a casar com sua mãe, com quem teve dois filhos e duas filhas, e a matar seu pai, o rei que governava a cidade antes de Édipo.

Após saber a verdade, sua mãe-mulher se enforcou e Édipo, envergonhado de seus atos, perfurou os próprios olhos.

Tudo começou quando seu pai teve um filho com Jocasta. Um dos oráculos já lhe tinha avisado sobre seu destino trágico: ser morto por seu próprio filho.

Depois do nascimento da criança, Laio se arrepende. Pede para um de seus servos abandonar o bebê no Monte Citerão (entre Tebas e Corinto) com os pés amarrados numa árvore.

Entretanto, ele fora encontrado por um pastor e acabou sobrevivendo, sendo adotado pelo rei de Corinto Pólibo, que o considerou seu próprio filho.

Já adulto, Édipo decide abandonar Corinto e ir à Tebas consultar o oráculo que o revela sobre sua maldição: matar seu pai e casar com sua mãe.

Desconsolado com a revelação, segue em direção a cidade e no meio de sua jornada, acaba matando seu pai por uma discussão que tiveram numa encruzilhada.

Além disso, encontra a Esfinge na porta da cidade de Tebas, ser mitológico metade leão e metade mulher.

A Esfinge, aterrorizava grande parte do povo tebano com seus enigmas, posto que quem não adivinhasse era devorado por ela.

Todavia, Édipo acerta a pergunta feita por ela, e por fim, ela acaba se matando. Esse fato que o tornou um herói e assim, foi eleito o novo Rei de Tebas.

O enigma proposto pela esfinge foi: "Qual é o animal que de manhã tem quatro pés, dois ao meio dia e três à tarde?"

Sem hesitar, Édipo responde que essa figura é o homem. Isso porque na infância engatinha, na idade adulta anda ereto com os dois pés, e na velhice necessita da bengala (o terceiro pé) para se apoiar.

Personagens da Tragédia

A ação trágica passa-se em Tebas (Cadméia) e os personagens que a compõe são:

  • Édipo: Rei de Tebas e personagem principal da trama.
  • Sacerdote: porta-voz da população e sacerdote de Zeus.
  • Creonte: irmão da rainha Jocasta, cunhado de Édipo.
  • Tirésias: ancião cego e profeta.
  • Jocasta: mãe e mulher de Édipo.
  • Mensageiro: quem revela que Édipo tem pais adotivos.
  • Servo: ex-pastor que tenta matar Édipo.
  • Coro: formado por anciões de Tebas. Representa o pensamento da sociedade grega.

Psicanálise

Na psicologia, o “Complexo de Édipo” trata-se de um conceito criado por Sigmund Freud inspirado na tragédia grega de Sófocles.

É um transtorno determinado durante uma fase da vida em que o menino sente atração por sua mãe.

O contrário, ou seja, quando a menina se sente atraída pelo seu pai, dá-se o nome de "Complexo de Electra".

Escrito por: Daniela Diana

Fonte: https://www.todamateria.com.br/edipo-rei/


Complexo de Édipo

 

Complexo de Édipo

Na psicanálise, o Complexo (ou síndrome) de Édipo, é um conceito criado pelo psiquiatra austríaco Sigmund Freud (1856-1939). Ele foi embasado na tragédia grega Édipo Rei, de Sófocles.

Freud utilizou da literatura grega para explicar o desenvolvimento sexual infantil de uma criança do sexo masculino, que numa determinada fase cria fortes desejos pela mãe.

Por outro lado, o menino cria certa rejeição pelo pai, indivíduo com quem divide a atenção materna e, ademais, aquele que dorme com sua mãe.

Esse amor, segundo a teoria psicanalítica, traduz um desejo incestuoso da criança com a mãe, numa fase denominada fálica, ou seja, dos 3 aos 6 anos.

Nesse momento, ela começa a descobrir seu corpo, seus órgãos genitais e compreender as diferenças sexuais. Além disso, é nessa fase que ela percebe que não é o centro do mundo, ou seja, que não é mais tão dependente de seus pais.

Com isso, segundo Freud, o garoto, nessa fase confusa de construção de libido, cria um desejo pelo sexo oposto, no caso, sua mãe.

Nesse sentido, ele começa a ver seu pai como rival, ao mesmo tempo que pretende obter seu amor e sua atenção.

Segundo Freud, esse conflito é o pai quem deve romper, de modo a estabelecer uma identidade masculina e, consequentemente, um equilíbrio no desenvolvimento afetivo-sexual do filho.

Assim, a criança continua a se espelhar no pai e, posteriormente, buscará uma mulher semelhante a sua mãe.

Note que o conceito “Complexo de Édipo” pode ser utilizado em ambos os sexos. Ou seja, os meninos sentem forte atração pela mãe, enquanto as meninas são atraídas pela figura paterna.

Contudo, no caso das meninas, o termo mais utilizado é o “Complexo de Electra”.

Sobre o conceito de “desejo edipiano” nas palavras de Freud:

Seu destino nos move apenas porque poderia ter sido o nosso - porque o oráculo lançou a mesma maldição sobre nós antes do nosso nascimento, como sobre ele. É o destino de todos nós, talvez, dirigir nosso primeiro impulso sexual para nossa mãe e nosso primeiro ódio e nosso primeiro desejo assassino contra nosso pai”.

Complexo de Édipo Mal Resolvido

Para Freud, se o complexo de Édipo ficar mal resolvido, a pessoa pode ter consequências relacionadas com dificuldade nos relacionamentos, homossexualidade ou mesmo ter um comportamento submisso.

Complexo de Electra

O Complexo de Electra, designa um termo criado por Carl Gustav Jung (1875-1961), fundador da psicologia analítica.

Foi baseado na peça grega do dramaturgo grego, Sófocles: Electra. Essa perturbação, em contraposição ao Complexo de Édipo, assinala uma fase onde a menina, deseja seu pai e rejeita sua mãe.

Entretanto, para Freud, essa perturbação era denominada de “Complexo de Édipo Feminino”.

Édipo Rei

Édipo Rei é uma tragédia grega escrita por Sófocles (496-406 a.C.), por volta de 427 a.C.

Nela, Édipo, filho de Laio e Jocasta, diante de uma profecia, casa-se com sua mãe e mata seu pai por engano.

Após saber a verdade, sua mãe-mulher se suicida e Édipo, envergonhado, perfura os próprios olhos.

Curiosidade

Freud criou sua teoria sobre o “complexo de Édipo” e o conceito “desejo edipiano” após ver Édipo Rei no teatro. A peça foi grande sucesso em cartaz nas capitais Paris e Viena, no século XIX.

Fonte:

https://www.todamateria.com.br/complexo-de-edipo/