terça-feira, 11 de dezembro de 2018

História da Educação Infantil

 O RESGATE HISTÓRICO DA EDUCAÇÃO INFANTIL E CONTRIBUIÇÕES DAS TENDÊNCIAS PEDAGÓGICAS PARA A REFLEXÃO DA PRÁTICA EDUCATIVA
(Síntese)
A Educação Infantil eminentemente urbana e típica das sociedades industriais a pré – escola tem uma história relativamente recente, se bem que bastante curiosa pelo fato de não haver nascido com fins educativos, mas sim marcadamente assistenciais.

A primeira revolução industrial, que tantas crueldades cometeu contra o trabalhador, escravizando-o à maquina de maneira impiedosa e desumana, não pouparia as crianças que, sendo mão de obra mais barata que a dos adultos, foram utilizadas maciçamente nas fábricas e nas minas de carvão. Desde a mais tenra idade tinham de tocar os teares das tecelagens ou empurrar as vagonetas na profundeza das galerias de mineração. Trabalhavam de 12 a 16 horas por dia, nas condições mais anti-higiênicas que se possam imaginar, e não raro sob a pancadaria dos feitores, para que não dormissem, nem cedessem à distração.

Uma das primeiras iniciativas para afastar as crianças pobres desse sistema de servidão e dar - lhes atendimento humanitário em instituições apropriadas foi feita por Robert Owens, em New Lanark, onde o utopismo socialista desse empresário fez instalar-se um modelo de micros sociedade planejada. O fracasso da experiência não impediu que suas idéias sobre a assistência que se devia dar a infância desamparada tivessem em James Buchanam seu mais íntimo colaborador, um entusiasta continuador.
Em Londres, Buchanam reuniu seguidores, sobretudo entre damas da sociedade inglesa, e deu origem a uma série de estabelecimentos de educação infantil, podendo, sem exagero, ser-lhe atribuído o título de pioneiro da pré-escola naquele país. Eram escolas sui generis, destinadas as crianças órfãs e desamparadas, de preferência filhas de pais trabalhadores, e cujo programa tinha mais de assistencialismo do que pedagogia.
Na França, onde também houve, principalmente após terríveis revelações do Relatório Villermé (1840), um repentino interesse pela infância abandonada, criaram-se numerosas instituições, conhecidas como “salles d’ asile”, mantidas por damas da sociedade.
A evolução da Educação Infantil iniciou devido a uma nova etapa de construção de concepções sobre a criança. Na Europa, com o crescimento da urbanização e a transformação da família a obrigatoriedade do ensino foi tida como de extrema importância para o desenvolvimento social.
A criança começou a ser o centro de interesse educativo dos adultos, mas não acontecia o mesmo com as crianças de baixa renda, para estas era proposto apenas o aprendizado técnico e piedade.
Essa visão influiu no trabalho dos pioneiros da educação pré – escolar, como Pestalozzi, Decroly, Froebel e Montessori onde buscavam conciliar o suprimento de carinho, afeto a atividades em prol do seu desenvolvimento, vale salientar que tinham enfoques diferentes, mas concordavam que a criança possuía características e necessidades diferentes dos adultos.
Apesar desta visão não se detecta um caráter institucional específico nas escolas pré – escolares Froebel contemporizou as idéias de Pestalozzi e orientava as atividades explorando a espontaneidade por meio do jogo. Não podemos negar a resistência dos pais e professores frente a essa nova concepção que a tarefa dos jardins de infância e jardineiras viu modificada e/ou impedida em nome a outras metodologias um tanto mecanicistas.
No século XX, a Escola Nova impulsiona a Educação Infantil, vive-se um clima de renovação, de sensibilidade abrem - se novas perspectivas.

Maria Montessori, médica psiquiatra estabeleceu uma metodologia de ensino com base nos estudos dos médicos Itard e Ségun, que haviam proposto o uso de materiais apropriados como recursos educacionais gerada pela relação intrínseca entre a teoria e prática.

Decroly teve repercussão direta sobre os métodos de aprendizagem nos primeiros níveis, enfatizando os aspectos da língua escrita, sua pedagogia baseia - se nos centros de interesse, como resposta aos interesses da criança em plena transformação. Decroly teve repercussão direta sobre os métodos de aprendizagem nos primeiros níveis, enfatizando os aspectos da língua escrita, sua pedagogia baseia - se nos centros de interesse, como resposta aos interesses da criança em plena transformação.
A pré-escola assumiu papel de jardins de infância, sob a inspiração de Froebel que fez funcionar o seu primeiro Kindergarten em Blankenburg. Preocupado com o potencial educável das crianças abaixo da idade escolar, o pedagogo alemão desenvolveu uma teoria, em muitos aspectos ainda bastante atuais, sobre o modo de encarar e conduzir a educação da infância tinha como pensamento fundamental do kindergarten ajudar a criança a expressar-se e, por esse modo a desenvolver-se, valorizando a linguagem, canto e gesto.

A diferença do surgimento da pré-escola na Inglaterra, França e Alemanha estão em que nos dois primeiros países, as motivações foram essencialmente filantrópicas, tendo chegado a condição de instituição escolar muito tempo depois, ao passo que, na Alemanha, com Froebel já surgiu com parâmetros pedagógicos.
Educar atualmente na Educação Infantil é mais que uma etapa obrigatória de educação no país, é acima de tudo, uma tomada de consciência sobre o cidadão que queremos para compor a nossa sociedade do futuro, segundo Edgar Faure, “a educação infantil é um requisito prévio essencial de toda política educativa e cultura”.
Conceituar as tendências da Educação Infantil é, antes de tudo, conceituar a prática pedagógica, como uma prática social orientada por objetivos, finalidades e conhecimentos, inserida no contexto da prática social.
A prática pedagógica é uma dimensão da prática social que pressupõe a relação teoria e prática, e é essencialmente nosso dever, como educadores, a busca necessária das condições à sua realização.
O lado teórico é representado por um conjunto de idéias constituído pelas teorias pedagógicas, sistematizado a partir da prática realizada dentro das condições concretas de vida e de trabalho. A finalidade da teoria pedagógica é elaborar ou transformar idealmente, e não realmente, a matéria-prima.
O lado objetivo da prática é constituído pelo conjunto de meios, o modo pelo qual as teorias pedagógicas são colocadas em ação pelo professor. O que distingue da teoria é o caráter real, objetivo, da matéria–prima sobre a qual ele atua, dos meios ou instrumentos com que se exerce a ação, e de seu resultado ou produto. Sua finalidade é a transformação real, objetiva, de modo natural ou social, satisfazer determinada necessidade humana.

• Tendência Romântica: A pré-escola é um jardim, as crianças são as flores ou sementes, a professora é a jardineira. A educação deve favorecer o desenvolvimento natural.
(...)
No Brasil, essa concepção da pré-escola como um “jardim de infância” foi inaugurado com o movimento da Escola Nova nas décadas de 20 e 30 deste século, sendo até hoje muito difundida, seja na rede pública, seja na particular.

• Tendência cognitiva: A criança é sujeito que pensa, e a pré-escola o lugar de tornar as crianças inteligentes. A educação deve favorecer o desenvolvimento cognitivo.

Essa tendência tem em Jean Piaget e seus discípulos, a mais importante de suas fontes inspiradoras. 
 Como epistemólogo, Piaget (1896-1980) investiga o processo de construção do conhecimento e realiza, ao longo de sua vida, inúmeras pesquisas sobre o desenvolvimento psicogenético. Piaget utiliza nas sua investigações, o ‘método clínico” que permite o conhecimento de como a criança pensa e de como constrói as noções sobre o mundo físico e social.


Os pressupostos básicos da teoria de Piaget são: o interacionismo, a ideia de construtivismo sequencial e os fatores que segundo ele, interferem no desenvolvimento.

Com base em tais pressupostos, a educação na visão piagetiana deve possibilitar à criança o desenvolvimento amplo e dinâmico durante todos os seus estágios. A escola deve, assim, levar em consideração os esquemas de assimilação da criança, favorecendo a realização de atividades desafiadoras que provoquem desequilíbrio (“conflitos cognitivos”) e reequilibrações sucessivas, promovendo a descoberta e a construção do conhecimento. Nessa construção, as concepções infantis combinam-se às informações provenientes do meio, na medida em que o conhecimento não é concebido apenas como espontaneamente descoberto pela criança, nem como transmitido mecanicamente pelo meio exterior ou pelo adulto, mas como resultado dessa interação onde o sujeito é sempre ativo.

Assim, os principais objetivos da educação consistem na formação de homens “criativos, inventivos e descobridores”, na formação de pessoas críticas e ativas e, fundamentalmente, na construção da autonomia. A interdisciplinaridade é considerada central, ao contrário da fragmentação dos conteúdos existente nos currículos da pedagogia tradicional e racionalista.
Há, no entanto, alguns princípios básicos que, em geral, orientam a prática pedagógica de uma pré-escola fundamentada na teoria de Piaget, a saber:
1) Tudo começa pela ação. As crianças conhecem os objetos, usando-os.
2) Toda atividade na pré-escola deve ser representada, permitindo que a criança manifeste seu simbolismo.
3) A criança se desenvolve no contato e na interação com outras crianças: a pré-escola deve sempre promover a realização de atividades em grupo.
4) A organização é adquirida através da atividade e não ao contrário. É fazendo a atividade que a criança se organiza.
5) O professor é desafiador da criança: ele cria “dificuldades” e ”problemas”.
6) Na pré-escola é essencial haver um clima de expectativas positivas em relação às crianças.
7) No currículo da pré-escola informado pela teoria de Piaget as diferentes áreas do conhecimento são integradas.

No Brasil os trabalhos de Piaget foram difundidos principalmente na década de 70. Várias foram às propostas curriculares implementadas pelos sistemas públicos de ensino. Vários desses projetos, e muitos outros inspirados na teoria de Piaget, contêm pressupostos teóricos e orientações metodológicas bastante diversificadas, refletindo diferentes posturas políticas e concepções educacionais.

• Tendência Critica: A pré-escola é lugar de trabalho, a criança e o professor são cidadãos, sujeitos ativos, cooperativos e responsáveis. A educação deve favorecer a transformação do contexto social.
(...)Uma das propostas pedagógicas que mais tem trazido contribuições dessa discussão é a de Celestin Freinet (1896-1966). 
Freinet foi o criador, na França, do movimento da escola moderna, que atinge atualmente professores de vários países. Seu objetivo básico era desenvolver uma escola popular.
(...)
A proposta pedagógica de Freinet centra-se em técnicas, dentre as quais se pode citar: as aulas-passeios; o desenho livre e o texto livre; a correspondência interescolar; o jornal; o livro da vida; o dicionário dos pequenos; o caderno-circular para os professores etc. Assim, compreende que a aquisição do conhecimento é fundamental, mas deve ser garantida de forma significativa e prazerosa.




FONTE:https://monografias.brasilescola.uol.com.br/educacao/o-brincar-na-educacao-infantil-construcao-habitos.htm