terça-feira, 25 de outubro de 2016

Epistemologia de Bachelard

Para o filósofo, nada na ciência é definitivo. Como na Filosofia do Não, onde a experiência nova diz não para a anterior. Porém, isso não seria ponto final.

A palavra epistemologia vem do grego e significa conhecimento científico (episteme) e estudo (logos). Isto é, este termo se refere ao estudo do conhecimento científico, que em sua totalidade abrange toda a ciência. Vários pensadores dedicaram suas vidas a levantar hipóteses e comprovar as teorias a respeito do assunto. Dentre grandes nomes destaque para Gaston Bachelard, um filósofo francês considerado um dos mais importantes estudiosos contemporâneos e que teve seus pensamentos voltados, principalmente, para a filosofia da ciência.

Quem era Bachelard?

Nascido em 1884, Gaston Bachelard teve uma origem muito humilde, mas isso não foi suficiente para fazê-lo desistir dos estudos. Mesmo trabalhando sempre conciliou com os estudos, pois tinha como objetivo se tornar engenheiro. Após a eclosão da Primeira Guerra Mundial, esse sonho não pode se concretizar, então o jovem focou cadeiras de física e química. Com 35 anos também começou a estudar filosofia.
Em 1917, Bachelard defendeu a tese intitulada de “Um Ensaio sobre o Conhecimento Aproximado”. Depois disso, toda a sua vida foi dedicada aos preceitos da epistemologia, a qual ele atribuiu alguns obstáculos. Esses, por sua vez, eram responsáveis pela estagnação do conhecimento científico. As pesquisas só acabaram com a morte de Gaston, em 1962, na cidade de Paris.

Principais conceitos de Bachelard
Para o filósofo, nada na ciência é definitivo. E a partir desse conceito Bachelard se destacou na época. Foi responsável pela criação de novos modelos de estudo, como o substancialismo, que dá ideia de substância; animismo, termo relacionado ao princípio de dar vida à matéria; e o imagismo, correspondente ao excesso de imagens.
De acordo com o pesquisador científico filosófico, o ramo da filosofia que interfere na ciência é aberta por natureza. Isto implica dizer que o espírito científico deve forma-se reformando suas bases. Assim como também não surge como uma atitude de recusa, mas sim como de reconciliação. Além do mais, a objetividade da ciência só se conclui quando a mesma se rompe com o objeto imediato.
Ainda segundo Gaston Bachelard, existe uma área no estudo filosófico conhecida pelo nome de “Filosofia do Não”. Nela, a experiência nova diz não para uma anterior. Todavia, essa resposta negativa jamais se torna um ponto definitivo no assunto. Uma vez que, o espírito do estudo sabe dialetizar seus princípios.

FONTE: Por  em 07/01/2016
http://www.estudopratico.com.br/epistemologia-de-bachelard/

Gaston Bachelard

Gaston Bachelard é um dos filósofos de maior influência no mundo contemporâneo

Gaston Bachelard: 27 de junho de 1884, Bar-sur-Aube (França) - 16 de outubro de 1962, Paris (França)​


De origem humilde, Gaston Bachelard formou-se tarde, tornando-se professor de física em sua cidade natal. De 1930 em diante, ensinou na Universidade de Dijon. Publicara, dois anos antes, seu primeiro livro, Ensaio sobre o conhecimento aproximado.

A partir de 1940, Bachelard lecionou na Sorbonne, de onde só se afastou em 1954. Ingressou na Academia das Ciências Morais e Políticas em 1955 e recebeu, em 1961, o Prêmio Nacional das Letras.

"Novo espírito científico"

Um dos filósofos de maior influência no mundo contemporâneo, Bachelard tem como ponto de partida de suas idéias uma filosofia das ciências naturais, especialmente da física. Originam-se nesse campo suas contribuições à epistemologia e à poética, para cuja interpretação também se vale dos recursos metodológicos da psicanálise.

Contrário às posições do substancialismo, chama a atenção para a complexidade das teorias científicas, que reflete antes de tudo a própria complexidade do real, obrigando o filósofo da ciência a refutar as simplificações dos racionalistas.

Em sua obra principal, O novo espírito científico, observa que este, ao mesmo tempo em que escapa à preponderância da imagem - característica na Antiguidade e na Idade Média -, também escapa à preponderância do esquema geométrico, peculiar aos tempos modernos: o "novo espírito científico" tende então para o concreto, não porque se abandone ao irracional, mas porque tenta ampliar o alcance da razão.

Invertendo uma proposição kantiana, Bachelard vê o futuro da razão como um produto do trabalho teórico dos homens. O verdadeiro, categoria central da ciência, é, assim, através das mudanças e revoluções científicas, um produto que foge ao domínio de seus produtores, impondo-lhes a consciência de que o maior obstáculo para a definição de uma verdade nova é aquilo que descobriram antes e registraram.
 

O papel do filósofo

Dando à ciência um conteúdo exclusivamente metódico, filósofo não é, para Bachelard, aquele que estabelece a relação do discurso com as coisas, mas aquele que aclara a relação do homem com o seu saber.

Bachelard destaca ainda o papel unificador da imaginação para o saber e a poesia, o trabalho e o sonho, e o caráter essencial da linguagem, como suporte objetivo da subjetividade, para a apreensão e análise das contradições humanas.

Ante a extensão presente dos conhecimentos, Bachelard propõe o aproximativismo e o probabilismo. Mas também são importantes, para ele, seus estudos de interpretação psicológico-literária dos elementos fundamentais: a terra, a água, o fogo e o ar.
 

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