quarta-feira, 20 de março de 2019

Psicopedagogia e seu campo de atuaçãO


O psicopedagogo primeiramente tem o papel de investigar o sujeito com dificuldades para aprender, de forma criativa e conforme a faixa etária, a partir disso ele irá poder entender e orientar com base nas suas hipóteses sobre o não aprender.

O reconhecimento do papel do psicopedagogo face às dificuldades de aprendizagem é o de mediador, na intervenção preventiva ou terapêutica. Posto que aprender é um processo que requer disciplina, motivação e foco nos objetos a serem aprendidos, é fundamental, por isso, que esse profissional da educação possa ter espaço para fazer um trabalho considerando as diversas áreas de conhecimento pelos quais as pessoas em processo de aprendizagem, nas variadas modalidades de ensino, se deparam. Ter conhecimentos específicos das diversas áreas que compõem o campo psicopedagógico favorece a construção de ações e resultados eficientes.
O psicopedagogo primeiramente tem o papel de investigar o sujeito com dificuldades para aprender, de forma criativa e conforme a faixa etária, a partir disso ele irá poder entender e orientar com base nas suas hipóteses sobre o não aprender.
A afetividade, o carisma tem valor na intervenção psicopedagógica, pois a pessoa sob intervenção psicopedagógica precisa sentir-se bem acolhida para poder conseguir agir com naturalidade e sem medo.
O psicopedagogo precisa conhecer as formas de classificação dos transtornos mentais e de comportamento, para poder atuar em seu papel de mediador. Esses transtornos são: específicos do desenvolvimento das habilidades escolares; específicos da leitura; específico da soletração; específico da habilidade em aritmética. Outros transtornos do desenvolvimento das habilidades escolares incluem o transtorno do desenvolvimento da escrita expressiva. Registra-se que a maior parte das causas de não-aprendizagem são as de leitura, escrita e matemática2.
O psicopedagogo, para conseguir entender o problema de aprendizagem do sujeito, precisa adentrar o contexto escolar, investigar como ele é ensinado, que tipo de didática é utilizada, como são as relações no ambiente escolar. Em função disso, o planejamento de uma avaliação torna-se imprescindível. Pois, como interpretar a produção do sujeito, que se refere ao material elaborado por ele em conjunto com os elementos do contexto escolar (conteúdos a serem aprendidos, relações com professores e colegas), acrescidos do contexto familiar. Para conhecer esses dinâmicos elementos, o psicopedagogo pode usar de algumas estratégias que favorecem essa investigação e podem garantir a obtenção de achados diagnósticos seguros que permitirão a correta orientação psicopedagógica. Essas estratégias podem ser de diagnóstico, como hora do brinquedo, testes, discurso dos pais, desenvolvimento de ações lúdicas, gráficos, discurso verbal, entrevista com os pais do paciente e o paciente, que pode ser feita com toda a família e individualmente.
Nessa perspectiva, para entender a produção do sujeito e obter esses achados psicopedagógicos, é preciso haver confiança entre paciente e terapeuta e criatividade por parte do psicopedagogo. Em função disso, começar a obter um olhar psicopedagógico e daí em diante saber escutar e interpretar, para poder assim fazer a aplicação do material diagnóstico que por meio dele abrirá caminhos para o entendimento do que está acontecendo com o sujeito, e, aonde e porque a aprendizagem ficou comprometida.
O olhar psicopedagógico interpreta a mensagem do sintoma da não-aprendizagem. O contato inicial para uma avaliação psicopedagógica é um dos momentos mais importantes para se conhecer a pessoa no seu contexto individual e social5. Quando a intervenção é com crianças, os pais, na entrevista inicial, colaboram sobremaneira com dados que configurarão parte das orientações diagnósticas que servirão para a superação das dificuldades de aprendizagem. No caso de adolescentes ou adultos, a entrevista inicial também oferece as mesmas possibilidades de interpretação dos sintomas do não-aprender, desde que realizada com o intuito de coletar os dados necessários à compreensão da não-aprendizagem.
Esse é o grande momento da escuta em que o terapeuta analisa o sujeito, assumindo uma atitude clínica e colocando em prática todos os conhecimentos teorias, saberes, emoções e intuição. Muitas vezes, com a interpretação da entrevista, constata-se que os problemas não se localizam no sujeito, mas o antecedem, ou margeiam as suas condutas, mascarando inúmeros sintomas de não-aprendizagem. É o caso dos problemas relacionados à dinâmica familiar, escolar, ou sociais e culturais.
O diagnóstico psicopedagógico é um processo de investigação, em que o psicopedagogo seleciona os dados e centra-se na investigação do processo de aprendizagem, levando em conta a totalidade e complexidade dos fatores envolvidos nesse processo.
O diagnóstico ocorre em função da necessidade de uma investigação da conduta do sujeito, dele com a família e também na escola. Em geral, os problemas podem ser em função da instituição que estuda, ou a inibição de pensar, de conhecer, de desenvolver-se, que podem ser mais complicados de serem identificados porque podem estar mascarados num problema familiar.
No diagnóstico psicopedagógico clínico, deve haver levantamento de hipóteses, verificação de potencial de aprendizagem do sujeito, conhecimento do seu envolvimento com a família e escola. O diagnóstico psicopedagógico utiliza instrumentos de sua própria área que envolve diversos saberes e que oferece recursos de áreas diferentes do conhecimento humano para compreender o ato de aprender.
Para fazer um diagnóstico psicopedagógico, a pessoa não pode ser analisada isoladamente, é preciso explorar com muita sensibilidade os diferentes contextos sociais em que o sujeito em processo de avaliação diagnóstica vive, principalmente a família e a escola.
Um dos métodos do diagnóstico psicopedagógico mais utilizado é a entrevista com a família, o conhecimento da história de vida e as relações com a escola são dados de significativa importância para a compreensão da não-aprendizagem. Também podem ser utilizados outros tipos de instrumentos associados à entrevista, como as provas de inteligência, testes projetivos, avaliação perceptomotora, teste de apercepção infantil, teste de apercepção temática, provas de nível de pensamento (Piaget), avaliação do nível pedagógico (nível de escolaridade), desenho da família, desenho da figura humana, testes psicomotores (lateralidade, estruturas rítmicas) entre outros. Quando o diagnóstico é destinado a crianças, pode-se fazer o uso de recursos lúdicos, tais como jogos, desenhos, brincadeiras para favorecer a manifestação das dificuldades e a compreensão dos sintomas apresentados.
Em geral, com as dificuldades detectadas mais cedo, se evita que elas se intensifiquem e tomem proporções de difícil identificação e intervenção. Cada pessoa desenvolve uma forma de aprender, ou um estilo de aprendizagem com o qual alcança os objetivos. Quando isso não ocorre, surgem as dificuldades de aprendizagem, que são originadas por diversos fatores intra e interpessoais. Nesse contexto, as escolas, enquanto instituições sociais responsáveis pela transmissão dos conhecimentos, precisam aproximar-se da realidade dos alunos para que eles não percam o desejo por aprender.
Os pais também podem colaborar com a aprendizagem dos filhos, ao observar o comportamento e atitudes dos filhos tais como lentidão para executar tarefas, expressão difusa do pensamento, desinteresse pela escola, baixo rendimento, repetências, dependência exagerada da professora ou dos pais para realizar as tarefas escolares, entre outros. Essas manifestações são fortes indícios de não-aprendizagem, indicando o acompanhamento psicopedagógico. Daí decorre a importância da psicopedagogia preventiva, que focaliza os pais com um olhar mais crítico, eles podem detectar alguns dos problemas dos filhos e buscar as orientações adequadas na própria escola, antes que tais problemas sejam naturalizados no contexto familiar e escolar.
Os problemas de aprendizagem começam em geral a se manifestar por volta dos seis anos, período que coincide com o processo de alfabetização. Exames físico, visual e auditivo devem ser realizados caso haja suspeita de alguma deficiência sensorial. Os aspectos relativos à coordenação motora, as trocas na linguagem oral, entre outros, também precisam ser investigados, pois são fatores externos que podem alterar e afetar a situação de aprendizagem em qualquer período do desenvolvimento.
Nessa investigação, o psicopedagogo procura compreender globalmente a forma da pessoa aprender e o que está impedindo a aprendizagem. O que é percebido pela própria pessoa ou pelos outros que a rodeiam é algo chamado de sintoma que revela algo. O sintoma se manifesta na personalidade em contato, interação com o meio social onde o sujeito está inserido.
Muitas vezes a pessoa poderá demonstrar um comportamento para alguns considerado estranho ou inapropriado em determinada escola, turma ou professor e em outra escola isso pode não ocorrer. Esse comportamento, possivelmente, esteja associado a algum fator relevante que origine ou potencialize a dificuldade para aprender. Isso deve ser investigado atentamente pelo psicopedagogo no processo diagnóstico.
Subsequentemente a essa investigação inicial, e sempre levando em consideração as diferenças individuais e contextuais do sujeito, podem ser orientados e encaminhados procedimentos psicopedagógicos que sejam constituídos de parâmetros externos e internos e identificados de modo amplo, como: aspectos culturais, socioeconômicos, familiares, escolares, outros inerentes aos anteriores e ao próprio desenvolvimento do sujeito-

fonte
http://www.revistapsicopedagogia.com.br/detalhes/71/espacos-psicopedagogicos-na-escola--legitimados-ou-urgentes-