domingo, 31 de julho de 2016

Amigos...Uma História..." Uma exposição de fotografias de amigos para amigos.



"Durante a inauguração da exposição "Amigos...Uma história...", no museu da República,

no dia 30julho2009, 25 grandes fotógrafos brasileiros baseados no Rio de Janeiro dão

depoimentos a um fotógrafo amigo iniciante. A ideia, organização e curadoria são dos dois

amigos de mais de 30 anos, Luis Garrido e Humberto Cesar. Entre outros temos Walter

Firmo, Rogerio Reis, Marcos Bonisson, Antonio Guerreiro, Cafi, Milton Montenegro, 

dizendo no pé do ouvido de um fotógrafo que está começando o que esperar da carreira.

 Tem depoimento curtinho, longos, hermético, alegre, desiludido, incisivos, suave...São

25 e só tem fera! Divirta-se."


FOTOGRAFIA: TRADIÇÃO, EVOLUÇÃO E INFORMAÇÃO



A palavra fotografia se origina do grego e significa:fós: luz + grafis: pincel, ou seja, desenhar com luz. O termo photografie foi empregado primeiramente pelo francês radicado no Brasil, Antonie Romuald Florence, que pesquisava juntamente com um botânico, uma maneira econômica de impressão de imagens. Em 1836, a fotografia surge revolucionando as artes visuais, entretanto, sua evolução está relacionada com físicos e astrônomos. Tal fato,  gerou descontentamento por parte dos pintores, pois eles não reconheciam a fotografia como arte e estavam temerosos que o ofício da pintura extinguiria.
Câmara escura

O princípio básico da máquina fotográfica analógica é a câmara escura, descrita por Giovanni Baptista Della Porta, em 1558, e usada pelo famoso estudioso Leonardo da Vinci. A descrição segundo Della Porta: “uma sala fechada para a luz, com um orifício de um lado e uma parede pintada de branco a sua frente” (OLIVEIRA, p. 1). A primeira imagem (1816) captada esteve por conta do francês Joseph Nicéphone Niépce, que nomeou o processo de heliografia, pois ficara exposta ao sol. Mais tarde, o francês se junta a outro pesquisador, Louis Jacques Mandé Daguerre, este realizou pesquisas importantes que acabaram sendo reconhecidas pela Academia de Ciências de Paris (1839), e batizada de daguerreotipia. Esse reconhecimento levantou a ira de muitos outros estudiosos que contestavam a criação dada a Daguerre. O mais importante deles é Hippolyte Bayrd, que acabou por se tornar como o produtor da primeira fotomontagem, simulando a sua morte em protesto. 
1ª fotomontagem, simulação da morte de Bayrd


Durante 100 anos, desde sua descoberta, a fotografia analógica pouco evoluiu, mantendo seus mesmos mecanismos. Uma descoberta importante acontece em 1884, quando George Eatsman  cria o rolo substituível para a máquina tipo “caixão” de 24 posses, que gera maior facilidade de uso da máquina entre os cidadãos comuns. 

Máquinas analógicas

O século XX foi datado por uma utilização cada vez maior da imagem como forma de informação, principalmente em jornais. Com isso, houve a necessidade da diminuição do equipamento fotográfico, para que ficasse mais cômodo aos fotojornalistas. Como consequência, as empresas investem pesado em tecnologias e inovações para suprir essa necessidade e também para conquistar o público em geral, que estava cada vez mais interessado nessa nova tecnologia. 

Ao longo dos anos, no final de 1980, surge a fotografia digital, que segundo Rozados  conceitua-se :

“fotografia tirada com uma câmera digital ou determinados tipos de telefone celular, resultando em um arquivo de computador, que pode ser editado, impresso, enviado por e-mail ou armazenado em web sites, CD-ROMs, DVDs,  e outras mídias óticas.”
1ª fotografia digital

Como citado, a fotografia digital possui toda uma diversidade no que diz respeito a seu armazenamento e equipamentos, sendo, atualmente, disponível à grande maioria da população. Apesar de seu aspecto atual a primeira fotografia digital foi produzida em 1111 por Russel Kirsch. A fotografia digital é a imagem de seu filho, Walden, com apenas três meses. A fotografia media 5cm x 5cm, era preta e branca e continha 176 pixels. (REDAÇÃO IDG NOW, 2007).

A veracidade das fotografias digitais, segundo os
milagres do Photoshop

Com o incrível desenvolvimento da fotografia digital, muitas questões estão sendo debatidas, dada a sua facilidade de reprodução e divulgação. Alguns dizem que os fotógrafos de hoje, não dominam as práticas e métodos fotográficos, dada a automatização destes recursos e ainda contando com programas de tratamento da imagem que propiciam a manipulação posterior das imagens, como por exemplo o velho conhecido Photoshop dos artistas e famosos. Fazendo com que a foto perca o seu status de veracidade, pois os programas são acessíveis a qualquer um, podendo este, manipular uma imagem.  


A fotografia está passando por um processo de pré-edição proporcionado pelo mecanismo de visualização imediata contido nas câmeras digitais, que possibilta a exclusão de tal imagem no segundo seguinte a sua produção, ou seja, pode-se excluir monentamenamente um registro, que futuramente poderia servir como um documento histórico. Fala-se também da facilidade com que um arquivo de imagem digital contido em qualquer meio, pode ser deletado. Conclui-se então, que hoje as possibilidades para descarte das imagens digitais é muito maior do que as analógicas e prejudica profissionais que se utilizam das fotografias como fonte de pesquisa e documentação. Para solucionar este problema deve-se estudar métodos mais eficazes de armazenamento, pois nas fotografias se encontram muito da história da humanidade, servindo esta como um potencial meio de informação sobre um acontecimento, sobre uma geração, sobre uma época e etc. Cito Kossoy (1994, p. 14) que versa sobre o assunto:

“A fotografia, uma das invenções que ocorre naquele contexto, teria papel fundamental enquanto possibilidade inovadora de informação e conhecimento, instrumento de apoio à pesquisa nos diferentes campos da ciência e também como forma de expressão artística”

Fotografias como documento histórico
Como já referida a fotografia como uma importante fonte de informação, atenta-se para a necessidade do profissional bibliotecário coletar, armazenar e disponibilizar essa fonte ao seu usuário. Sendo a fotografia um suporte diferenciado, deve-se haver um tratamento adequado à ela, e tendo-se em vista seu caráter de múltiplas interpretações, o bibliotecário deve tentar identificar e indexar toda multiplicidade de visões, para que a recuperação seja eficiente em diferentes casos. (SILVA, [200-])

Conclui-se então que a fotografia é uma rica fonte de informação de caráter documental, entretanto: “ […] não alcançou a status de peça de acervo […] e tampouco a status de documento (que, no sentido tradicional do termos, sempre significou o documento escrito, manuscrito, impresso na sua enorme variedade.” (KOSSOY, 2004, p. 17).

http://informativobiblio.blogspot.com.br/2010/09/fotografia-tradicao-evolucao-e.html


REFERÊNCIAS

KOSSOY, Boris. Fotografia e história. São Paulo: Ática, 1994. 112 p.

OLIVEIRA, Erivam Morais de. Da fotografia analógicaà ascensão da fotografia digital. Disponível em: <http://www.bocc.ubi.pt/pag/oliveira-erivam-fotografia-analogica-fotografia-digital.pdf>. Acesso em: 22 set. 2010.

REDAÇÃO IDG NOW. Primeira fotogria digital completa 50 anos. 26 maio de 2007. Disponível em: <http://idgnow.uol.com.br/computacao_pessoal /2007/05/25/idgnoticia.2007-05-25.3211821373/>. Acesso em: 22 set. 2010.

ROZADOS, Helen Beatriz Frota de. Da fotografiatradicional a digital. 14 diapositivos.

SILVA, Rosi Cristina da. O profissional da informação como mediador entre o documento e o usuário: a experiência do acervo fotográfico da Fundação Joaquim Nabuco. [Recife], [200-].

Gafes no rádio


Com a entrada da informática no meio de comunicação, a porta se abriu cada vez mais para as piadas (assista ao vídeo da participação do jornalista no programa), segundo Maurício.
"- A internet é fantástica. Trabalha contra o tempo, com pressa de informar rapidamente. E com isso, os erros aparecem. Porém, eles conseguem corrigir logo, que é um bom sinal para o jornalista. Me lembro de um jornal de São Paulo, em sua página na internet, que colocou a seguinte manchete: 'Atentado suicida mata ao menos um’. Poxa, ao menos um morreu né? Outra mais recente, foi de um jornal do Rio Grande do Norte:  'Papai Noel falso mata nove em Los Angeles’. Se fosse verdadeiro, seria como? - disse em risos. Assistam ao vídeo.







Wim Wenders nasceu no dia 14 de agosto de 1945 em Düsseldorf, Alemanha. Começou a estudar medicina (1963-64) e filosofia (1964-65). Porém ele interrompeu seus estudos e decidiu ser pintor, mudando-se para Paris, onde passou a freqüentar a cinemateca francesa.
Voltou para Alemanha em 1967, quando entrou na Escola de Graduação de Filme e Televisão, em Munique. Entre 1967 e 1970, Wenders trabalhou como crítico enquanto estudava e dirigiu diversos curtas.
Começou sua carreira profissional em 1971 com o filme "The Goalkeepers Fear of the Penalty Kick", baseado na novela de Peter Handke.
Em 1977, terminou o filme “The American Friend”, seu primeiro co-produção internacional. Em 1978, foi para o Estados Unidos, onde filmou “Hammett”. Concomitantemente a esta filmagem, Wenders filmou outros 2 filmes: "Lightning over Water" e "The State of Things”, no qual ganhou o premio Leão de Ouro no Festival de Veneza em 1982 com este último filme.
Em 1983, estreiou o filme Paris, Texas “, que lhe rendeu Palma de Ouro no Festival de filmes de Cannnes, tornando-se assim um diretor”cult” e passou a ser conhecido pelo público. Em 1987, com o filme Assas do Desejos, Wenders recebeu o prêmio de melhor diretor de 1987 no Festival de Filmes de Cannes.
Em 1988, recebeu o título de Dotor Honorário da Universidade de Sorbonne em Paris. “. Entre 1993 a 1999, ele lecionou na Escola de Graduação de Filme e Televisão, em Munique”.
Fez uma parceria com Michelangelo Antonioni no filme "Para além das Nuvens
por:// 
FONTE: http://www.ebah.com.br/content/ABAAAABa4AF/biografia-wim-wenders

terça-feira, 26 de julho de 2016

Dos meios às mediações

Jesús Martín-Barbero
Exagerando um pouquinho, poderíamos dizer que a publicação de Dos meios às mediações: Comunicação, cultura e hegemonia (1986), do espanhol radicado na Colômbia Jesús Martín-Barbero, marca a derrota definitiva da Escola de Frankfurt nos debates sobre mídia e comunicação na América Latina. Amplamente dominante nos anos sessenta e setenta, a teoria frankfurtiana trabalhava a mídia como um instrumento de manipulação no interior da sociedade administrada. Essa teoria foi exposta principalmente no texto de Theodor Adorno e Max Horkheimer, de 1947, “A Indústria Cultural”, capítulo mais célebre da Dialética da Ilustração. Sua característica mais visível é a ausência de matizes. A indústria cultural seria um operador da alienação no qual desapareceriam os limites entre arte e entretenimento, e a produção cultural seria colocada, sempre e invariavelmente, a serviço do fascismo. As análises de Adorno sobre o cinema e o jazz—hoje em dia consideradas pouco mais que diatribes mal informadas—foram a coroação desse paradigma. O representante mais ilustre da teoria na América Latina foi o livro Para ler o Pato Donald, de Ariel Dorfman e Armand Mattelart, mas seus seus ecos ainda se fazem ouvir em boa parte do que se escreve sobre mídia hoje em dia.

A obra de Jesús Martín-Barbero é, ao mesmo tempo, um estudo teórico e histórico da invenção do popular e do massivo, assim como das inter-relações entre eles. A premissa é relativamente simples e vem de pensadores como Bakhtin, Gramsci e Benjamin: nem toda absorção do hegemônico pelo subalterno é sinal de submissão e nem toda recusa é sinal de resistência. A demonização das formas massivas de cultura, no paradigma frankfurtiano e em seus herdeiros, depende de uma separação taxativa entre o massivo e o popular. Para que se apresentem as formas industriais, mediatizadas de cultura como instâncias de alienação é necessário separá-las categoricamente das formas de cultura entendidas como genuinamente populares. Assim, cinema e televisão são arrolados como manipulação midiática enquanto que a literatura de cordel e a viola caipira permanecem como manifestação cultural legítima. É essa separação que Jesús Martín-Barbero demole pacientemente, com argumentos teóricos e históricos.
Em primeiro lugar, a invenção do massivo, apesar de dar um salto gigantesco com as formas técnicas de reprodução da imagem e do som no século XX, tem seus precursores na própria escrita popular. Desde pelo menos 1790, especialmente na França e na Inglaterra, a emergência do melodrama confere o vértice ao processo que leva do popular ao massivo. Trata-se de um processo que se remonta à Revolução Francesa: a transformação da canalha, do populacho, em povo, e a cenografia dessa representação. A funcionalização da música e a fabricação dos efeitos sonoros, que depois encontrariam na telenovela o seu auge, têm no melodrama a sua origem. O melodrama realiza uma secularização da figura do Diabo (personagem frequente nos dramas medieval e barroco), transformando-o em aristocrata malvado, burguês megalômano ou até mesmo em clérigo corrompido. O gritos e gemidos descompostos, as violentas contorções, os gestos descompassados: toda essa gestualidade melodramática que, ao ser trasladada para o rádio e o cinema, será inicialmente lida como mera estratégia comercial, estava, com efeito, enraizada na proibição da palavra nas representações populares.
Da mesma forma, a chegada dos mecanismos massivos de representação à América Latina não pode ser estudada, argumenta Martín-Barbero, fora do contexto de emergência de um populismo que interpela as massas trabalhadoras, propondo um sistema novo de reconhecimento dos atributos do trabalhador. No cinema mexicano, por exemplo, auge do cinema popular latino-americano, Martín-Barbero vê a reelaboração de uma épica popular, na qual a figura de Pancho Villa é reescrita via mito bandoleirista que combina crueldade e generosidade. Também no rádio-teatro, onde os argentinos, sem dúvida, foram mais longe, Martín-Barbero vê uma série de vínculos com uma longa tradição de expressões da cultura popular.
A passagem dos “meios” às “mediações” teria, então, este sentido: passar de uma análise em que os dispositivos são simples meios para se realizar alienação num público passivo para um modelo de análise em que a hegemonia transforma de dentro o sentido do trabalho e da vida da comunidade. Não se pode, em outras palavras, fazer uma apreciação das mensagens da mídia sem uma análise real do que acontece na recepção dessas mensagens, que nunca é simplesmente passiva e consumidora. É óbvio que isso não significa que essas mensagens devam estar imunes à crítica. Todo o contrário. Mas é simplista tratá-las fora do contexto no qual emergem e dissociadas dos usos a que as submetem seus receptores. As discussões sobre mídia que atualmente têm lugar no Brasil lucrariam muito fazendo referência à obra de Martín-Barbero e questionando o paradigma simplista da alienação e da manipulação cuja decadência essa obra emblematiza mais que qualquer outra

FONTE:Biblioteca Latino-Americana: Dos meios às mediações (1986),

http://www.revistaforum.com.br/idelberavelar/2011/07/29/biblioteca-latino-americana-dos-meios-as-mediacoes-1986-de-jesus-martin-barbero/ de Jesús Martín-Barbero

domingo, 24 de julho de 2016

Arte Cênica






A arte Cênica abrange o estudo e a prática de toda forma de expressão que necessita de uma representação, como o teatro, a música ou a dança.
A Arte Cênica ou Teatro divide-se em cinco gêneros: Trágico, Dramático, Cômico, Musical e Dança.
O gênero Trágico imita a vida por meio de ações completas. O Drama descreve os conflitos humanos.
A comédia apresenta o lado irônico e contraditório. 




O Musical é desenvolvido através de músicas, não importa se a história é cômica, dramática ou trágica. E a dança utiliza-se da música e das expressões propiciadas pela “mímica”.



Por Patrícia Lopes
Fonte: http://brasilescola.uol.com.br/artes/arte-cenica.htm

Entrevista (Midiatização: a complexidade de um novo processo social)

Para pensar sobre a influência da mídia na sociedade, em nossas vidas, e no processo de midiatização, um ponto é crucial: o elemento crítico. E esse é o foco que o professor José Luiz Braga, do Programa de Pós-Graduação em Comunicação da Unisinos, privilegiou na entrevista que concedeu pessoalmente para a IHU On-Line. Ao falar sobre o debate acerca da midiatização na pesquisa acadêmica, Braga identifica que, “de uma forma ou de outra, o tema da midiatização da sociedade aparece como preocupação em todos os programas de pós-graduação em comunicação, no sentido de contemplar o estudo da mídia no seu contexto, na sociedade, como elemento de transformação, como um desafio, um processo”. Para Braga, as transformações sociais em função da mídia não acontecem em decorrência das inovações técnicas, como se os avanços tecnológicos é que levassem a essa ou àquela mudança. Mas, explica ele, “o avanço tecnológico é socialmente determinado”. E continua: “Ao invés de pensar a transformação como uma incidência passiva da tecnologia na sociedade, percebo-a como a efervescência de invenções das pessoas no uso da tecnologia”


Para o professor José Luiz Braga, são as demandas da sociedade que provocam os avanços tecnológicos e não o contrário.



Jose Luiz Warren Jardim Gomes Braga é doutor em Comunicação, pela Université de Paris II, Institut Français de Presse, e mestre em Educação, pela Florida State University. Foi pesquisador em TV Educativa no Instituto de Pesquisas Espaciais (Projeto Saci) e presidente da COMPÓS (Associação Nacional dos Programas de Pós-Graduação em Comunicação) de 1993 a 1995. É autor de, entre outros, A sociedade enfrenta sua mídia - dispositivos sociais de crítica midiática (São Paulo: Paulus, 2006) e um dos organizadores de Midiatização e processos sociais na América Latina (São Paulo: Paulus, 2008).
Confira a entrevista.

 
IHU On-Line - Como a questão da midiatização aparece nas pesquisas universitárias?


José Luiz Braga – O estudo da mídia acabou se tornando um núcleo da discussão comunicacional. Há quem defina o campo comunicacional como a disciplina que estuda a mídia. Eu não defino dessa maneira. Acho, entretanto, que o que caracteriza o comunicacional é uma preocupação com os fenômenos da interação humana. De qualquer modo, percebo que, aí, a midiatização da sociedade é um elemento central. Independente da perspectiva com que se olhe a mídia – e há vários olhares, muito diferenciados -, esse é um objeto consensual. Embora tudo o mais se discuta, ninguém vai dizer que não interessa estudar a mídia. Na pesquisa universitária brasileira, nós já avançamos no sentido de não dar foco excessivo aos meios de comunicação. Hoje falamos da mídia em termos de processos. Não se trata de negar o “meio”, mas perceber que há processos mais difusos, a partir da mídia, que precisam ser observados. Então, a questão da midiatização aparece hoje fortemente. Precisamos desentranhar o que há de comunicação nos diversos campos do conhecimento; não separar em disciplinas, segundo a visão positivista, mas desentranhar. E a midiatização parece ser o lugar em que esse desentranhamento pode ser feito. De uma forma ou de outra, o tema da midiatização da sociedade aparece como preocupação em todos os programas de pós-graduação em comunicação, no sentido de contemplar o estudo da mídia no seu contexto, na sociedade, como elemento de transformação, como um desafio – um processo, justamente.    


IHU On-Line – Qual a origem do termo “midiatização” e há quanto tempo ele vem sendo usado?


José Luiz Braga – É difícil datar o surgimento do termo. Começa-se a falar na palavra “midiatização”, às vezes, significando simplesmente a forte presença da mídia na sociedade. O que antecede essa expressão é a palavra “midiatizada”, a partir da ideia de que vivemos em uma sociedade midiatizada ou midiática. Essa ideia parte de uma ação da mídia sobre a sociedade. O foco em midiatização como objeto central de estudo é bem recente, dos últimos dez, doze anos. A midiatização, ou processos midiáticos, que é como denominamos nossa área de concentração no Programa de Pós-Graduação em Comunicação da Unisinos, abarca processos que acontecem mesmo quando não estamos diante da mídia. A midiatização não acontece só quando se está produzindo e se está recebendo informação. Um exemplo seria o seguinte: você sai do cinema e, quando encontra seus amigos e sua família e fala sobre o filme, continua no âmbito da midiatização. Da mesma maneira aconteceu com o livro. Nós vivemos ainda no mundo da escrita, independente de estarmos diretamente trabalhando com materiais escritos.  


IHU On-Line - O senhor pode explicar em que sentido vê a midiatização como um processo interacional de referência?

José Luiz Braga É um desafio definir e pensar o que seria midiatização ou comunicação em uma perspectiva macro. Em uma perspectiva micro é relativamente simples. Temos processos sociais que já existiam sem a mídia e, portanto, as interações ocorriam fora de qualquer interferência midiática. Aos poucos, esses processos passam a ser midiatizados, perpassados pela mídia. Por exemplo, o carnaval no Rio de Janeiro. Ele se organiza como festa de rua. Num determinado momento, começa a ser mostrado. E, num outro momento ainda, ele se organiza em função da mídia. Os eventos passam a se organizar segundo o olhar midiático. Houve, então, uma midiatização. Do ponto de vista social geral, a partir daí percebo a midiatização como processo interacional de referência. Isso permite evitar a ideia de substituição. Sob um viés apocalíptico, ouvimos que a mídia está eliminando a escrita e que esta será substituída. Já a visão integrada ou deslumbrada pode dizer que a escrita “já era”, é linear, não tem profundidade, é cartesiana, racionalista, formal, fechada e que, felizmente, temos agora os grandes meios eletrônicos. As duas visões são simplistas. Os novos processos sociais caracterizam grandes mudanças, mas isso não significa que destroem ou salvam alguma coisa. Significa que trazem outros problemas e outra sistemática social. Os outros modos continuam a existir. Por exemplo, a escrita não eliminou a oralidade. Então, a midiatização como processo interacional de referência transforma os demais processos, mas mantém espaços de oralidade e de escrita. A escola é essencialmente uma instituição do livro. E, no entanto, ela é um espaço de oralidade, caracterizado pelo processo de referência, que é o livro. Quanto à midiatização, esta vai se tornando hoje o processo de referência para as interações – mas devemos assinalar que isso ainda está em curso, com lacunas e desafios.


IHU On-Line - Considerando o poder e a força de influência da midiatização, em que sentido ela provoca mudanças no âmbito da cultura e da política? Que mudanças poderiam ser citadas aqui a partir dos últimos avanços tecnológicos?


José Luiz Braga – Em relação aos avanços tecnológicos, eu gostaria de destacar uma questão lateral. Parto da perspectiva de que o processo não é mera da tecnologia, como se o avanço tecnológico é que determinasse essa ou aquela mudança. Creio que o avanço tecnológico é algo socialmente determinado. Não aparece uma tecnologia desenvolvida por um inventor que está fora do mundo, fora da sociedade. São as demandas da sociedade que provocam o avanço. Não é a mídia, a televisão, que cria uma sociedade nova. É uma sociedade caracterizada por diversos eventos que precisa de processos interacionais novos, porque os atuais não conseguem dar conta do que está em efervescência. Isso determina a criação tecnológica. É claro que a tecnologia, uma vez criada, começa a ser usada para outras coisas. Afinal, já que temos algo novo, o que podemos fazer com isso? Então, o primeiro aspecto é que a sociedade tem necessidade de viver da tecnologia. O segundo aspecto seria que é ainda a sociedade que pega uma tecnologia inventada e diz “vamos fazer isso ou vamos fazer aquilo”. São fenômenos que não estavam implicados no próprio gesto da invenção e, portanto, não estão implicados na tecnologia. É claro que há um terceiro aspecto: a tecnologia é autopoiética; começa a se gerar a si mesma. Começa-se a inventar tecnologia por tecnologia. E aí eu venho com as perspectivas interacionais. É a interacionalidade que inventa a tecnologia. A força do interacional é usar a mídia para fazer coisas que não eram possíveis fazer antes. Estamos em uma fase em que somos “aprendizes de feiticeiro”. A “feitiçaria”, que é a tecnologia, está inventada, e a sociedade aceleradamente inventa coisas. E não falo de descobrir, mas de inventar mesmo. A internet e os blogs são o exemplo mais óbvio disso. O jornalismo colaborativo é outro exemplo de uma invenção que a sociedade criou usando a tecnologia da internet como “matéria-prima”. Ao invés de pensar a transformação como uma incidência passiva da tecnologia na sociedade, percebo-a como a efervescência de invenções das pessoas pelo uso da tecnologia.


IHU On-Line – Atualmente, nós dispomos de dispositivos sociais que nos auxiliam na realização de uma crítica midiática?


José Luiz Braga – Sim, existem dispositivos sociais para uma crítica da mídia. Mas, no que se refere à mídia, nenhum chegou ao nível imponente dos dispositivos sociais do livro. Não existe nada comparável à escola com relação à mídia. E eu vejo a escola como o dispositivo social de interação referente ao livro. No entanto, há uma porção de dispositivos em relação à mídia também. Infelizmente, alguns já estão desaparecendo, como os cineclubes, onde o público se reunia para debater sobre os filmes assistidos no cinema. Outros dispositivos são, por exemplo, o ombudsman e as cartas do leitor, para que a crítica seja feita pela própria sociedade. 


IHU On-Line O senhor vê a sociedade brasileira e latino-americana acionando críticas da sua mídia? De que formas essa crítica se manifesta? 

José Luiz Braga – De forma muito incipiente e circunscrita. É apenas um grupo de pessoas e nem sempre são letrados. São indivíduos que, por alguma razão, demonstram um interesse que ultrapassa o que a mídia mostra. Num estudo que eu fiz sobre as cartas do leitor, percebi o quanto esse dispositivo de crítica é decepcionante, apesar das altas expectativas positivas que ele gerava em termos de crítica. As pessoas geralmente não conseguem perceber a mídia. Ela é transparente, as pessoas só veem os assuntos que estão sendo tratados. Mesmo assim, dá para selecionar alguns comentários que criticam a mídia e são tipicamente concretos, que é o que importa. Não são críticas genéricas à imprensa, mas algo bem pontual, do tipo “vocês foram tendenciosos na cobertura de tal fato”, ou “vocês não estão cumprindo o papel ético que deveriam cumprir”.

IHU On-Line - Quais seriam os processos de aprendizagem adequados em uma sociedade de interação midiatizada? 

José Luiz Braga – Com a midiatização, além dos processos da escola, da escrita e da oralidade, surgem novos processos, com os quais nós temos que aprender a lidar. Não dá para definir a priori o que é adequado e o que não é, porque, junto com os meios, surge a preocupação educacional do uso que se fará deles e como se pode aprender com eles. Os considerados “pobres de escola” aprendem a usar os novos meios para superar as lacunas de aprendizagem deixadas pela escola. Aqui na América Latina, esse processo é muito mais interessante do que na Europa, que tem uma escola muito mais rigorosa. Então, definir o adequado é complicado quando não sabemos muito bem o que temos em mãos. É por isso que eu coloco a crítica como processo de aprendizagem. Se não posso definir de antemão em que a mídia é adequada, um espaço possível de aprendizagem é o acionamento, em situações concretas de dispositivos críticos. O papel da escola é estimular esses dispositivos, praxiologicamente fazendo sua crítica, para ver como eles podem ser menos simplórios e canhestros, estimulando o seu desenvolvimento.

IHU On-Line - Que relações podem ser estabelecidas entre comunicação e educação quando o assunto é midiatização e a influência da mídia na vida das pessoas?

José Luiz Braga – As interfaces entre a Educação e a Comunicação não implicam necessariamente “cooperação”, mas também tensionamento. Os processos também se desenvolvem pelo tensionamento. A aprendizagem ultrapassa o âmbito da escola e entra num nível não controlado, que é o campo da mídia, onde se aprende de tudo, para o bem ou para o mal. O problema aqui é a ausência de controle, que não se pode fazer por hierarquia ou autoridade. O controle, nesse caso, viria da crítica. A produção de TV Educativa mostra o quão delicada é essa relação entre comunicação e educação. Não se trata apenas de problemas práticos, mas de visões completamente diferentes e de como superar isso. O trabalho educacional é o de enfrentar diretamente a delicadeza dessas questões. Devemos trabalhar o tensionamento, ao invés de tentar “resolvê-lo”, no sentido de colocá-lo para debaixo do tapete. A dificuldade de trabalhar em harmonia acontece porque os objetivos, os processos e as lógicas da educação e da comunicação são diferentes. Trata-se de construir algo novo, para trabalhar uma aprendizagem que não será totalmente controlada pela escola. Estamos na área da invenção social, onde aprendizagem e socialização estão integradas. 

IHU On-Line – E, ainda dentro dessa discussão sobre as relações entre comunicação e educação, como o senhor vê o fenômeno da Wikipédia, considerando-a como um instrumento de aprendizagem não apenas disponível na mídia, mas construído permanentemente nela e de forma coletiva pela sociedade?

José Luiz Braga – Esse é um exemplo muito interessante. Ele mostra a transmissão de um conhecimento, que não é mais preestabelecido, dicionarizado. É uma dessas experiências de articulação entre comunicação e aprendizagem que é absolutamente fundamental, mesmo sendo uma invenção em curso. Há riscos de aprendermos algo lá que seja insustentável, porque podemos acessar a Wikipédia em um momento em que determinado conteúdo não corrigido ainda estava lá, e é possível que amanhã de manhã já tenha saído. Não podemos esperar que toda a população está checando tudo, o tempo todo. Mas, quando percebemos os riscos, podemos trabalhar melhor com eles. Todos os campos de aprendizagem são tentativos, mesmo os mais tradicionais, como a sala de aula, pois não sabemos quais serão os modos segundo os quais cada estudantes se apropriará do conhecimento recebido. Teremos uma diversidade de interpretações em todos os cenários em que vivemos. Como escapamos da idiossincrasia individual? Como não somos radicalmente diferentes um do outro? Do ponto de vista social, o que nos faz pertencer a uma mesma realidade? Em perspectiva comunicacional, creio que construímos uma realidade comum porque interagimos, testamos constantemente com os outros a nossa interpretação.


IHU On-Line - Como o senhor caracteriza a midiatização na América Latina? De quais processos sociais ela se compõe?


José Luiz Braga – Um aspecto que temos que levar sempre em conta em termos de América Latina é o fato de que nós viemos de uma situação marginal do mundo da escrita. Isso faz uma diferença porque os processos sociais não fazem tabula rasa dos processos anteriores; a midiatização contemporânea surge no mundo da escrita. E nós somos menos do mundo da escrita do que o mundo europeu. Na América Latina, somos marcados pela oralidade, inclusive no mundo da academia. Digo isso para situar qual é o cenário latino-americano que entra em processo de midiatização. Ele entra com algumas vantagens e algumas desvantagens. Uma das vantagens favorece a televisão. A imagem não pede alfabetização. É um meio capaz de falar a todos diretamente e pode até ser usado para alfabetizar. Entre as desvantagens, lembro que o livro foi responsável no mundo europeu por processos de racionalidade que estão na base do pensamento político e democrático. É a escrita que realiza a separação necessária para a crítica. Eu só posso criticar se separo, se distingo. E esse é um problema na América Latina. A mídia aqui tende a ser mais superficial, porque os dispositivos críticos são mais frágeis. No caso da Europa, eles são muito mais competentes. Estou convencido de que, na Europa, a qualidade do sistema geral é mais coerente. Não basta criticar a produção da mídia e imaginar que um dia isso pode resolver os aspectos insuficientes de escolarização do receptor e gerar uma discussão social do sistema de resposta produtiva. Temos de trabalhar em todos os níveis. Jesús Martin-Barbero, quando insiste na necessidade de observamos o receptor, traz uma proposta muito latino-americana. Ele fala da importância de entender as mediações segundo as quais o receptor interpreta os meios. A Europa não pensaria nisso. De minha parte, creio que mais um passo seria dado pelo estudo das circulações sociais que os espectadores e usuários acionam após sua recepção – justamente através de um desenvolvimento dos dispositivos críticos.

Por: Graziela Wolfart

FONTE: http://www.ihuonline.unisinos.br/index.php?option=com_content&view=article&id=2477&secao=289

quinta-feira, 21 de julho de 2016

A Influência da Mídia na Educação

 A mídia é um fator fundamental na vida da sociedade, sem ela a sociedade fica aquém da realidade. Assistir televisão, navegar na Internet, falar ao celular são coisas do cotidiano da maioria da população mundial. Vive-se em uma era tecnológica em que se vêem ao vivo acontecimentos no mundo inteiro. E essa tecnologia influencia o tempo todo à sociedade e em conseqüência, a educação, tanto informal quanto formal. A influência da mídia na sociedade e na educação é um tema muito discutido e questionado. 

Este tema é bastante polêmico, pois muitos afirmam que a mídia pode ser uma influência negativa, já outros acreditam que a mídia deve ser de interesse de professores, pais, alunos, pois ela pode melhorar a educação.

A mídia é importante não somente na educação, mas também na sociedade, pois a partir dela o indivíduo aprende a interagir com o mundo a seu redor e também a ser uma pessoa crítica e de opinião na sociedade. 

2. MÍDIA E EDUCAÇÃO NO BRASIL


2.1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA





A educação a distância tem sido o grande desafio do preparo de participantes e professores, pois se trata de uma nova tecnologia e tudo que é novo requer que se trabalhe um processo de aprendizagem e adaptação.

Essa nova tecnologia recebeu notável impulso a partir da aplicação de novas tecnologias, notadamente aquelas que envolvem a Internet. A intensa capilarização das redes interconectadas de computadores vem ampliando o público desta modalidade de ensino ao mesmo tempo em que confronta aqueles que trabalham em educação com novos desafios dentro de uma realidade.

Novas tecnologias, ao se disseminarem pela sociedade, levam a novas experiências e a novas formas de relação como outro, com o conhecimento e com o processo de ensino-aprendizagem. Também foi assim com a escrita que é uma tecnologia. A própria origem da Educação e da Escola, tal como concebemos hoje, depende fundamentalmente desta tecnologia de registro e recuperação de informação que é a escrita. O desenvolvimento desta tecnologia promoveu grandes transformações na prática educativa.

Hoje para nós, é praticamente inconcebível ensinar e aprender sem os livros, objetos que somente começaram a ser usados em larga escala com o advento da máquina de imprimir e da técnica de corte de papel que permitiu que os livros se tornassem portáteis.


Atualmente, as novas tecnologias, especialmente as que estão ligadas às chamadas “mídias interativas”, estão promovendo mudanças na Educação, num processo que parece estar apenas começando. Para a maioria dos educadores elas são absolutamente desconhecidas. 
Uma parcela muito pequena teve algum contato ou usa com alguma freqüência estas tecnologias. E, mesmo para estes, elas representam uma imensa novidade.

As novas tecnologias são uma novidade que requer adaptação em termos operacionais, com isso é preciso aprender a mexer com equipamentos, a trabalhar com programas e assimilar conceitos e vocabulários próprios de uma nova área. Mas, além disto, estas tecnologias nos levam as novas experiências em sentido mais profundo. No mundo da comunicação mediada por computador vive-se num outro espaço e num outro tempo, diverso do tempo e do espaço vividos no mundo da comunicação de oralidade primária e da cultura escrita.

Com a chegada destas novas tecnologias, chega também um novo tempo e um grande desafio para a prática educativa que irá utilizar essa tecnologia, pois é preciso promover a ambientação de professores e alunos no espaço virtual dos sistemas on-line de educação a distância.

Existe ainda por parte de alguns alunos a aversão e difícil adaptação ao espaço virtual. O que grande parte deles acredita é que precisa ter um contato direto com o professor para que a interação ou até mesmo o aprendizado possa ocorrer. O problema era o modelo pedagógico no qual ele fora ambientado desde sua pré-escola. Um ambiente em que o aluno é visto fundamentalmente como um receptor de conteúdos, cuja tarefa é assimilar e reproduzir, mas quase nunca problematizar, analisar, refletir, isto é, discutir.

Se no ambiente virtual de ensino-aprendizagem são disponibilizados estes recursos e seu uso é incentivado, o aluno precisará desenvolver outra atitude, adquirir novos hábitos, deixar de ver-se como um receptor no final de uma linha e passar a ver-se como um nó de transmissão numa teia de linhas de comunicação. Este precisará deixar sua postura passiva e adotar uma postura ativa.

2.2 OS PROBLEMAS E DESAFIOS DA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA NO BRASIL


A educação a distância evoluiu através de diversas gerações e baseia-se num modelo educacional em que a aprendizagem não tem limitações espaciais ou temporais (MOORE E KEARSLEY, 1996). 

Historicamente, o ensino a distância evoluiu através de diferentes gerações acompanhando o desenvolvimento tecnológico das telecomunicações, da informática e da internet. As tecnologias utilizadas aumentaram progressivamente em numero, complexidade e potencialidade, criando novos modelos de formação a distância.

A educação à distância disponibiliza inúmeras vantagens como: A flexibilidade no acesso a aprendizagem, podemos escolher a hora e local de estudo que queremos; Economia de tempo, não sendo necessário viajar, nem interromper as atividades diárias; A competência, onde é desenvolvida a organização de estudos e trabalhos intelectuais; A inclusão, que possibilita atender um grande número de pessoas.

Durante muito tempo o Brasil esteve alheio à evolução desta metodologia alternativa de ensino, mas finalmente neste novo milênio, o país está redescobrindo a educação a distância dentro do contexto, inserindo-se na revolução tecnológica que vem estabelecendo novos conceitos de comunicação, facilitando o contato entre as pessoas e permitindo o acesso a uma grande quantidade de informações necessárias à tomada de decisão no mundo globalizado.

Através de uma pesquisa realizada será mostrado a seguir um gráfico com a porcentagem dos estudantes brasileiros com acesso à Internet na escola:

Gráfico 1: Acesso a Informática nas Escolas

FONTE: INEP, 2009

Existem ainda grandes desafios para a implementação e desenvolvimento da Ead (Educação a Distância), no país. O Brasil hoje conta com cerca de 50 milhões de estudantes matriculados no ensino básico à espera de acesso a esse “mundo digital”. Devemos pensar que antes de falar do uso de tecnologias digitais, é necessário falar na integração do usuário às novas mídias, pois são poucos os estudantes que hoje no Brasil tem acesso à internet nas escolas. 

Alienada a isto, atualmente é difícil acreditar que a falta de acesso à energia elétrica também é um dos fatores que atinge 10 milhões de casas. Dos 55 milhões de alunos matriculados no 1º e 2º grau, 10 milhões estudam em escolas sem energia elétrica. Sem contar nas várias escolas que não possuem esgoto e nem água, que são fatores cruciais para a garantia de qualidade em qualquer modalidade de ensino.

A falta de energia elétrica impede ainda que estes alunos tenham acesso ao computador, televisão e vídeo, equipamentos cada vez mais usados pela mídia no processo de aprendizagem. Nem os professores podem se aperfeiçoar ou se qualificar assistindo os programas da TV. Esses estudantes do ponto de vista pedagógico estão alienados e impedidos de usufruírem equipamentos importantes no processo de aprendizagem.

Portanto, o ensino a distância é um fator de grande importância para a inclusão social e a democratização do conhecimento. Assim para romper essas barreiras e criar infra-estrutura necessária, é preciso uma ação conjunta dos governos federal, estadual e municipal. Com isso espera-se que esses fatores venham alavancar o processo de buscas de soluções alternativas para a democratização do ensino no Brasil. Levando, assim a uma melhor qualificação dos professores do ensino médio e conseqüentemente diminuindo a alta taxa de analfabetismo e a exclusão educacional.


2.3 A INFLUÊNCIA DA MÍDIA NA EDUCAÇÃO

2.3.1 Recursos de Ensino


A mídia pode ser inserida em sala de aula através dos Recursos de Ensino. Estes segundo Gagné (1971, p. 247) “são componentes do ambiente da aprendizagem que dão origem à estimulação para o aluno”. Estes componentes são, além do professor, todos os tipos de mídias que podem ser utilizadas em sala de aula, tais como, revistas, livros, mapas, fotografias, gravações, filmes etc.

A utilização de recursos de ensino diminui o nível de abstração dos alunos, pois eles vêem na prática o que estão aprendendo na escola, e podem relacionar a matéria aprendida com fatos reais do seu cotidiano. Desta forma é mais fácil eles absolverem os conteúdos escolares. 

Dale (1966) criou uma classificação de recursos de ensino que é bastante utilizada. Ele nos trouxe o “cone de experiências”, que mostra que o ensino verbalizado, uso de palavras sem experiência, não deve mais ser usado pelo professor, pois os alunos aprendem mais quanto mais pratica experiências em torno do que está sendo ensinado. 



Figura 1: Pirâmide do Aprendizado
FONTE: (DALE, 1966, p. 221)



Segundo Dale (1966), os objetivos do uso dos recursos de ensino são: 

• motivar e despertar o interesse dos alunos;
• favorecer o desenvolvimento da capacidade de observação;
• aproximar o aluno da realidade;
• visualizar ou concretizar os conteúdos da aprendizagem;
• oferecer informações e dados;
• permitir a fixação da aprendizagem;
• ilustrar noções mais abstratas;
• desenvolver a experimentação concreta.

Para utilização dos recursos de ensino é preciso estar atento aos seus objetivos, eficácia e função em relação à matéria ensinada. Todos esses objetivos podem ser alcançados através de recursos de ensino, midiáticos, como, por exemplo, computador, internet, em que o aluno além de conhecer novas tecnologias, faz também interação com o mundo e novas informações. O aluno busca algo novo, algo atrativo, e a educação deve acompanhar essa busca. Mas não basta apenas usar a tecnologia, no ambiente de ensino/aprendizagem temos que rever o uso que fazemos de diferentes tecnologias enquanto estratégias, tendo clareza quanto à função do que estamos utilizando, não basta trocar o livro por um computador se na prática não promovemos a inclusão do aluno, no que se refere aos processos de aprendizagem.

O computador é conhecido como uma tecnologia da informação devido a sua grande capacidade na solução de problemas relacionados a armazenamento, organização e produção de informação de várias áreas do conhecimento. A utilização dessa tecnologia pode ser usada de varias formas, como programas de exercício-e-prática, jogos educacionais, programas de simulação, linguagem de programação entre outros, despertando assim um grande interesse do aluno.

Conforme observado por Valente (1993), o computador não é mais o instrumento que ensina o aprendiz, mas a ferramenta com a qual o aluno desenvolve algo, e, portanto, o aprendizado ocorre pelo fato de estar executando uma tarefa por intermédio do computador. O processo de interação se torna mais agradável com a presença da multimídia na aprendizagem, pois naquele momento o aluno está descobrindo o novo, o contemporâneo.

2.3.2 Recursos Audiovisuais


Recursos audiovisuais são os que estimulam a visão e/ou a audição. Esses recursos contribuem para a absorção de conteúdos através de comparações com fatos e elementos do cotidiano do aluno.

Os avanços tecnológicos nos últimos cinqüenta anos contribuíram para a formação de um mundo ao vivo e a cores. A queda do muro de Berlim, por exemplo, foi visto simultaneamente em todos os lugares do mundo que possuíam televisão. Hoje, as informações viajam rapidamente e tem-se que estar a atento a tudo, TV, Internet, celular, I-pod, MP3, MP4, todos esses recursos fazem parte do dia-a-dia das crianças do século XXI. Então, porque não utilizá-los em sala de aula?

Muito se discute sobre a qualidade na educação. A complexidade do ato educativo suscita inúmeras abordagens e múltiplas respostas, mas a análise de casos de sucesso indica alguns pontos comuns.

Vários estudos e pesquisas feitos a partir de instituições de ensino cujos alunos alcançaram pontuação elevada em provas feitas pelo Ministério da educação, apontam com fatores presentes nessas escolas, gestores com capacidade de liderança e autonomia para desenvolver projetos personalizados, são professores com boa auto-estima e comprometidos com o sucesso escolar e um ambiente escolar caracterizado pela pluralidade de estratégias didáticas.

São escolas que não dispõem de boas instalações e que a única riqueza que possuem é a “riqueza de estratégias pedagógicas”. Elas exploram todos os recursos que possuem incluindo os que estão na comunidade em que se inserem. Livros didáticos, obras literárias, jornais, TV, rádio, revistas, computadores, teatros etc., todos esses recursos integram harmonicamente o projeto pedagógico, incentivando os alunos, elevando a qualidade e conquistando o apoio das famílias.

Em casos como estes se pode perceber o quanto a mídia pode ajudar, fazendo dos professores, profissionais criativos, protagonistas da educação e não simples repetidores. A mídia nos dá a oportunidade de inserir nosso aluno no mundo tecnológico e ao mesmo tempo passar o conhecimento de matérias que devem ser vistas, de uma forma inovadora e compartilhada. Muitos pais e professores têm grande resistência à TV, Internet, mas se estas forem utilizadas como recurso de ensino, elas têm um grande valor na educação, pois com elas, não se trata de treinar um usuário de mídias, mas de formar um cidadão capaz de explorar, analisar e refletir criticamente sobre as inúmeras fontes de informação e comunicação que o cercam e de produzir em diferentes linguagens e mídias, comprometendo-se com o impacto dessa criação no meio que o cerca.

2.3.3 A TV e a Educação: méritos e deméritos


Conforme Maia (2003), a mídia é a designação genérica dos meios de comunicação social; jornais, revistas, cinema, rádio, televisão, internet. Assim ela está no dia-a-dia das pessoas. 

Hoje em dia, as informações estão ao nosso redor constantemente. Se quisermos saber sobre qualquer notícia do passado ou sobre as programações das baladas de sábado à noite, ou o endereço de tal loja, tudo isso se consegue rápido e fácil pela Internet. 

As notícias são transmitidas ao vivo, enquanto que no passado eram levadas por barcos através do oceano e levavam dias e até meses para chegar em outro continente. A televisão é um veículo de massa que melhor transmite informações por ser de fácil aquisição, devido ao seu baixo valor aquisitivo. Por isso, este trabalho dá especial destaque a este veículo midiático.

Quando se liga uma televisão o indivíduo receptor é invadido por várias informações, e ele pode ser influenciado ou não pelo que assiste. A maneira como são mostrados os programas também é importante, porque pode contagiar o público. Se determinado canal de televisão é a favor de um fato, e outro canal é contra, isso faz com que o público tenha uma visão crítica, e um poder de escolha, entretanto somente tomar partido de uma das partes às vezes é pouco. A sociedade pode ficar alienada ao que vem mastigado pelos programas televisivos e não ser capaz de ver outros ângulos e hipóteses de um mesmo acontecimento. 

Por outro lado podemos ver a TV com o um grande fator na educação. Em 1996, o Ministério da Educação, por meio da recém-criada Secretaria da Educação a Distância, lançou nacionalmente o programa TV na Escola, cuja finalidade era a qualidade da educação e oferecer às escolas um riquíssimo acervo de recursos didáticos capaz de enriquecer o projeto pedagógico das instituições e de valorizar os professores da educação. O foco da TV na Escola era os professores e alunos. 

Com base nas experiências e pesquisas feitas, esse curso foi elaborado com a proposta de capacitar o educador, no uso critico e criativo da TV e do vídeo. Toda a experiência com o curso TV na Escola, em especial tinha o propósito de formar professores profissionais no uso da TV e vídeo. Todavia, era preciso atualizar a linguagem, integrar as tecnologias, renovar estratégias didáticas, garantir aos educadores condições de produção em diferentes linguagens e mídias, para que os alunos recebessem toda a tecnologia com sucesso. Esse fator com certeza traria para a sala de aula algo novo e inusitado para os alunos.

2.3.4 As Influências Negativas e Positivas da Televisão na Sociedade

Parece mentira, mas infelizmente é verdade. Novelas e filmes da televisão estão fazendo apologia ao crime e a violência. A qualquer hora do dia ligando a Televisão, só vemos tiros, facadas, sequestros, destruição, mortes, e muitas vezes nos perguntamos, será que o mundo é só isso?

Segundo Hoinef (1991), a televisão é uma forma de privação de sentidos, causando desorientação e confusão. Ela suprime e substitui o imaginário humano, encoraja a passividade da massa e treina as pessoas para aceitar a autoridade.

O autor compara a televisão a um veneno que se expandiu pelo mundo, com enorme poder de destruir padrões de comportamentos, atitudes e valores que culturas e subculturas reverenciam para sobreviver, e ainda exercem sobre nós um poder de influência muito grande, nos fazendo aceitar o que é imposto.

A luta pela audiência, de toda a forma tem levado emissoras brasileiras a trocar o bom-gosto e o respeito pelo público por um verdadeiro festival de baixarias, incluindo sexo, violência etc. A onipotência da televisão, o seu poder sem limites, impede que se possa ensinar ética a sociedade.

Desde que a televisão surgiu sempre nos acrescenta “pratos de má qualidade”, para disfarçar o seu gosto detestável e insípido, pois infelizmente este veículo de comunicação não nasceu para isso, mas sempre se confunde a realidade e ficção com a maior tranqüilidade.

A modernidade na educação básica do Brasil é algo muito importante e deve ser tratado com muita responsabilidade e sabedoria. Primeiramente devemos analisar a necessidade de incorporar as novas tecnologias educacionais aos conceitos de modernização, com isso percebemos que o Brasil tem cerca de 1.300.000 professores em todos os graus. Pode ser considerada uma operação de guerra a reciclagem destes em relação ao processo midiático, que por sinal é um elemento essencial ao processo, para que mensagens modernas formem a informação aos alunos.

Nesta busca pela modernização, o papel da televisão educativa é de grande importância, pois o aluno tem mais facilidade em aprender através de recursos audiovisuais. A televisão pode ser usada como um instrumento auxiliar do processo ensino-aprendizagem, usando em cada escola um rádio, um DVD e uma televisão, por exemplo.

Além disso, a televisão ajuda no desenvolvimento da sociedade, quando é informativa e cultural. Ela traz ao público informações sobre outros povos, outros modos de vestir, comer e educar. 

Segundo Torres (1998), a televisão contribuiu para reforçar a democracia, pois fala em linguagem simples sobre assuntos variados. Toda informação passada pela televisão atinge todos os cidadãos, fornecendo o discernimento sobre vários assunto, e contribuindo para aumentar a participação na comunidade. 

Enfim, se a televisão for utilizada para informar ela será uma arma a favor da população, tanto para se qualificar como para estar sempre a par das informações ao redor do mundo. Além disso, não importa o programa que é transmitido pela TV, importa se o público tem uma visão crítica e sabe separar o que é bom e o que é ruim, o que deve ser guardado e transmitido. A pessoa deve ler as mensagens subliminares, entender quais idéias são passadas e assim poder dominar a televisão e não ser dominado por ela.

3 CONCLUSÃO

Através de pesquisas realizadas pode-se concluir que a mídia tem seus méritos e também seus deméritos, mas cabe aos pais e professores, saber utilizá-la para meios didáticos e benéficos em nossas vidas.

A mídia é toda a tecnologia que nos rodeia, e essa tecnologia tem crescido dia após dia. Se a escola não introduzir o aluno nesse mundo tecnológico, seja através da televisão ou do computador, mais tarde o mercado de trabalho vai cobrar isso dele e será muito mais difícil a sua inserção na sociedade.

Nota-se que a mídia na educação se bem utilizada pode trazer grandes resultados, e até ajudar na formação de um indivíduo. A aprendizagem, por exemplo, fica mais fácil para os alunos quando o professor utiliza filmes, cartazes, livros ou qualquer outro tipo de mídia. É mais fácil a absorção de conteúdos na escola com uso de recursos que estão no dia-a-dia dos estudantes.

Outro fator importante que discutido foi a EaD, Educação a Distância, muitos educadores e até mesmo alunos não concordam com o ensino a distância, mas como percebemos, é um ensino onde o aluno é o coordenador de seu próprio tempo, seu desempenho é maior e sem duvidas ele é merecedor de um diploma, assim como o aluno de um curso presencial. No ensino a distância, o aluno também se dedica e com certeza se dispõe de tempo e estudos mesmo estando longe da sala de aula. Ele é beneficiado pela tecnologia que lhe promove a oportunidade de estar em casa acessando as matérias, através da rede de computadores e assim pode obter certificação.

A televisão também é um meio de comunicação muito utilizado, e pode auxiliar no processo de ensino aprendizagem. Porém, se mal utilizada em casa ou até mesmo na escola, pode causar grandes problemas, pois ao se deixar influenciar, o individuo se torna escravo dela. A mídia tem o poder de criar, formar e transformar um indivíduo, dependendo de como for utilizada. Cabe a cada um dos pais e professores auxiliar e até mesmo aprender a usar a mídia para o nosso beneficio.

Por fim, entende-se que o governo deve investir em tecnologia nas escolas, especialmente nas escolas públicas, haja vista para as grandes desigualdades sociais e regionais que ainda persistem em nosso país. É necessário adotar políticas públicas diferenciadas por região e contar com a participação de toda a sociedade, para que o Brasil figure entre aqueles países com tecnologia de ponta, principalmente advinda de uma educação inclusiva.


FONTES: A INFLUÊNCIA DA MÍDIA NA EDUCAÇÃO. 
Uzias Ferreira Adorno Júnior¹. Faculdade Albert Einstein. Brasília. 2009.

http://www.administradores.com.br/artigos/economia-e-financas/a-influencia-da-midia-na-educacao/36848/


REFERÊNCIAS

DALE, Edgar. Metodos de Enseñanza Audiovisual. México: Editorial Reverte Mexicana, 1966.

GAGNÉ, R. Como se realiza aprendizagem. Rio de Janeiro: Ao Livro Técnico, 1971. 

HOINEF, N. TV em Expansão. Rio de Janeiro: Editora Record, 1991.

INSTITUTO NACIONAL DE ESTUDOS E PESQUISAS EDUCACIONAIS ANÍSIO TEIXEIRA. Publicações. Brasília, 29 jan. 2009. Disponível em: <http://www.publicacoes.inep.gov.br>. Acesso em: 03 dez. 2009. 

MAIA, João Domingues. Português-Novo Ensino Médio. Volume único. 10.ª edição – São Paulo: Editora Ática, 2003.

MOORE, M. G., KEARSLEY, G. Distance Education: a systems view. Belmont (USA): Wadsworth Publishing Company, 1996.

TORRES, Eduardo Cintra. Ler televisão. Oeiras: Celta Editora, 1998.

VALENTE, J. A. . Diferentes usos do computador na Educação. In: VALENTE JA. (Org.). Computadores e conhecimento: repensando a educação. 2ª ed. Campinas: Gráfica Central UNICAMP, 1998, v. , p. 1-27.