sexta-feira, 3 de março de 2023

REPRESENTAÇÕES SOCIAIS


O conceito de representação social refere a uma imitação mental. É através da representação que somos capazes de evocar uma pessoa, uma ideia, um objeto ou uma situação na sua ausência. 



Exemplo:
É graças á representação mental que somos capazes de pensar em “campo de futebol” e surge uma imagem construtiva por um retângulo verde, 2 balizas, bancadas a volta, entre outros.

Serge Moscovici
O conceito de representação vai ser desenvolvido por Serge Moscovici, que fundamentou teorias da representação social no inicio da década de 60. Em que publicou, em 1961, A psicanálise, a sua imagem e o seu público, que analisa a forma como esta teoria se adequa ao público em geral.

Exemplo:
Nas sociedades, as mulheres têm uma representação social em que para além de serem mães, desenvolvem uma atividade profissional fora de casa. Mas para as mulheres do séc. XX, seria impensável pois a representação social era ser dona de casa responsável pelos trabalhos domésticos e pela educação dos filhos.

A ELABORAÇÃO DAS REPRESENTAÇÕES SOCIAIS


As representações sociais são indispensáveis nas relações sociais em que faz parte um processo de interação social, permitindo aos membros de um grupo comunicarem e compreenderem-se.
Sobre a origem, Moscovici identificou dois processos a objetivação e a ancoragem:

Objetivação:
                é um processo através do qual as representações complexas e abstratas se tornam simples e concretas. No processo de objetivação, alguns elementos são excluídos/esquecidos, outros valorizados/desenvolvidos de forma a explicar a realidade de modo mais simples, preciso e comunicável.
Há três fases no processo de objetivação:
  • Construção seletiva;
  • Esquematização figurativa;
  • Naturalização.

Ancoragem:
               corresponde à assimilação das imagens criadas pela objetividade na mentalidade coletiva. Essas representações passam a orientar as relações sociais e comportamentais.

Uma representação social desempenha um papel de filtro cognitivo.

As representações estão marcadas pela cultura e pela sociedade.

 
Exemplo:
Como já foi referido a representação social da mulher na sociedade; a relação pais-filhos; professores-alunos; a representação da infância, da adolescência; etc.
 As representações sociais dão sentido ao que pensamos, em que orientam e regulam o nosso comportamento.

FUNÇÕES DAS REPRESENTAÇOES SOCIAIS
Entre várias funções das representações sociais, destacam-se quatro:
·    Função de saber: as representações sociais dão uma explicação e um sentido á realidade, ou seja, servem para os indivíduos explicarem, compreenderem e desenvolverem acções concretas sobre o real.
·    Função de orientação: a sua função de explicação reflecte ao nível da acção, são um guia dos comportamentos, ou seja, estabelecem práticas na medida em que antecedem o desenvolvimento da acção.
·    Função identitária: as representações sociais permitem ao indivíduo construir uma identidade social, posicionando-se em relação aos outros grupos sociais, ou seja, as representações sociais permitem distinguir o grupo que as origina dos outros grupos.
·    Função de justificação: as representações sociais permitem aos indivíduos explicarem e justificarem as suas opiniões e os seus comportamentos.

INCONFORMISMO E INOVAÇÃO

Inconformismo:
                  é a adopção de conceitos, atitudes e comportamentos que não respondem às expectativas do grupo. As pessoas em que a pertença ao grupo constitui uma parte importante do seu auto conceito têm mais probabilidade de se conformarem devido á influência normativa.

O EFEITO DAS MINORIAS


O efeito da influência da maioria no comportamento de um grupo de indivíduos, que gerada de inovação, quer compreender a influenciada minoria.

Exemplo:
Foi realizada uma experiência com 6 pessoas. Foram feitos testes para assegurar que tinham percepção adequada das cores e foi explicado que deviam atribuir uma cor às imagens que aparecessem. Numa das circunstâncias da experiência foram mostradas 24 diapositivos com filtro azul. Duas das seis pessoas são cúmplices do experimentador e, seguindo as suas instruções, são os primeiros a entrevirem e afirmam que a cor é verde. Como os cúmplices são firmes com as suas respostas, 8,4% das pessoas são influenciadas e respondem verde. Mas se as respostas dos cúmplices forem variadas, não há qualquer mudança nas respostas das outras 4 pessoas.

Inovação:
                 quando o processo de influencia social é desenvolvido por uma minoria que aponta as mudanças das normas e regras sociais de um dado grupo.


O processo de influência da minoria por inovação só ocorre quando há conflito. Esta situação gera incerteza, tensão porque a divergência ocorre no interior do grupo, em que depois há a procura de consenso.

Marina Magalhães
FONTE: http://mentesbrilhants.blogspot.com/2011/06/representacoes-sociais.html


 na sua ausência.

Estádio do espelho

 



Expressão criada por Jacques Lacan, em 1936, para designar um momento psíquico da evolução humana, situado entre os 6 e os 18 meses, durante o qual a criança antecipa o domínio sobre a sua unidade corporal através de uma identificação com a imagem do semelhante e da perceção da sua própria imagem num espelho.

É uma experiência em que a criança perceciona a imagem que vê no espelho. No início, a aparência é a de um desconhecido, mas aos poucos ela vai intuindo como sendo a sua, já que se apercebe que o espelho é uma superfície lisa e fria e, por isso, não pode ser outro bebé, acabando por se reconhecer como sendo ela própria.

Em 1931, o psicólogo Henri Wallon chamou de "prova de espelho" a uma experiência pela qual a criança, colocada diante de um espelho, passa progressivamente a distinguir o seu próprio corpo da sua imagem refletida, o que retrata uma compreensão simbólica do espaço imaginário.

Lacan, em 1936, retoma esta terminologia, mas transformando a prova de espelho num "estádio do espelho". Mais tarde, Lacan afasta-se da ideia de Wallon ao colocar o estádio não como um processo consciente da criança mas como um processo inconsciente e fazendo parte do imaginário da criança.

Segundo Lacan, entre os 6 e os 18 meses, a criança ainda se encontra num estado de impotência e de descoordenação motora, mas antecipa imaginariamente a apreensão e o domínio da sua unidade corporal. Esta unidade opera-se por identificação com a imagem do semelhante como forma total. Ilustra-se e atualiza-se pela experiência concreta em que a criança apercebe a sua própria imagem num espelho. A fase do espelho constituiria a matriz e o esboço do que há de ser o ego, ou seja, o esboço do ego.

Para Françoise Dolto, o estádio do espelho é simbólico para a criança do seu estar no mundo como individuo separado do outro, mas existindo no meio dos outros.

A criança vai-se conhecendo a si mesma por quem lhe fala, através do outro, dia após dia, e este encontro vai personalizando-a, sendo ela representada auditivamente através do seu nome pronunciado pelo outro e pelas percepções que ela reconhece e que fazem a especificidade daquela pessoa (a mãe), repetidamente reencontrada. Tudo isto é importante e faz parte do desenvolvimento, mas não individualiza a criança quanto ao seu corpo. A criança tem de se ir separando da mãe, através do desmame, através dos primeiros passos, etc.

A ligação sujeito/corpo, a individuação e os limites do seu próprio corpo, decorre da experiência do espelho. Aí descobre-se como individuo único e com um corpo separado e individualizado.

Como referenciar
Porto Editora – estádio do espelho na Infopédia [em linha]. Porto: Porto Editora. [consult. 2023-03-03 08:19:14]. Disponível em