quarta-feira, 29 de junho de 2016

Internet

A Internet nasceu em 1969, nos Estados Unidos. Interligava originalmente laboratórios de pesquisa militares e se chamava ARPAnet (ARPA: Advanced Research Projects Agency). Era uma rede do Departamento de Defesa norte-americano. 
Era o auge da Guerra Fria, e os cientistas queriam uma rede que continuasse de pé em caso de um bombardeio. Surgiu então o conceito central da Internet: é uma rede em que todos os pontos se equivalem e não há um comando central. Assim, se “B” deixa de funcionar, “A” e “C” continuam a poder se comunicar. 
O nome Internet propriamente dito surgiu bem mais tarde, quando a tecnologia da ARPAnet passou a ser usada para conectar universidades e laboratórios, primeiro nos EUA e depois em outros países. Por isso, não há um único centro que "governa" a Internet. Hoje ela é um conjunto de mais de 40 mil redes no mundo inteiro. 
O que essas redes têm em comum é o protocolo TCP/IP (Transmission Control Protocol/Internet Protocol), que permite que elas se comuniquem umas com as outras. Esse protocolo é a língua comum dos computadores que integram a Internet. 
Então, a Internet pode ser definida como: 
1. uma rede de redes baseadas no protocolo TCP/IP .
2. uma comunidade de pessoas que usam e desenvolvem essas redes. 
3. uma coleção de recursos que podem ser alcançados através destas redes. 
Durante cerca de duas décadas a Internet ficou restrita ao ambiente acadêmico e científico. Em 87 pela primeira vez foi liberado seu uso comercial nos EUA. Mas foi em 92 que a rede virou moda. Começaram a aparecer nos EUA várias empresas provedoras de acesso à Internet. 
Centenas de milhares de pessoas começaram a pôr informações na Internet, que se tornou uma mania mundial. No Brasil foi liberada a exploração comercial da Internet em 95. 
WWW - A World Wide Web (www) 
A Web nasceu em 1991 no laboratório CERN, na Suíça. Seu criador, Tim Berners-Lee, a concebeu apenas como uma linguagem que serviria para interligar computadores do laboratório e outras instituições de pesquisa e exibir documentos científicos de forma simples e fácil de acessar. 
A Web "pegou" rápido. Em 93 já era comum em universidades que estudantes fizessem "páginas" com informações pessoais. O que determinou seu crescimento foi a criação de um programa chamado Mosaic, que permitia o acesso à Web num ambiente gráfico, tipo Windows. Antes do Mosaic só era possível exibir textos na Web. 
Hoje é o segmento da Internet que mais cresce. A chave do sucesso da World Wide Web é o hipertexto. Os textos e imagens são interligados através de palavras-chave, tornando a navegação simples e agradável. 
A "antiga" Internet, antes da Web, exigia do usuário disposição para aprender comandos em Unix (linguagem de computador usada na Internet) bastante complicados e enfrentar um ambiente pouco amigável, unicamente em texto. A Web fez pela Internet o que o Windows fez pelo computador pessoal. 
Os endereços de Web sempre se iniciam com http:// (http significa Hipertext Transfer Protocol ou protocolo de transferência de hipertexto). Seu formato mais comum é algo como http://www.uol.com.br, onde: www: (World Wide Web) convenção que indica que o endereço pertence à Web (não é obrigatório); 
WWW uol: nome da empresa ou instituição que mantém o serviço; com: indica que é comercial (ver "Correio Eletrônico"); br: indica que o endereço é no Brasil. 
O correio eletrônico 
O correio eletrônico é o recurso mais antigo e mais utilizado da Internet. Qualquer pessoa que tem um endereço na Internet pode mandar uma mensagem para qualquer outra que também tenha um endereço, não importa a distância ou a localização. Não é necessário pagar individualmente as mensagens enviadas. 
Ele tem várias vantagens sobre outros meios de comunicação: alcança o destinatário em qualquer lugar em que estiver. Além disso, é mais rápido e não depende de linhas que podem estar ocupadas (como o fax), nem de idas ao correio e é incrivelmente mais barato que o telefone. Outra vantagem: você não está limitado a mandar cartas por correio eletrônico 
Pode enviar programas, arquivos e imagens. Um endereço de correio eletrônico obedece a seguinte estrutura: à esquerda do símbolo @ (ou arroba) fica o nome ou apelido do usuário. À direita, ficam da empresa ou organização que fornece o acesso, o tipo de instituição e finalmente o país. 
Complicado? Nem tanto. O resultado é algo assim: maria@uol.com.br Onde: - maria=usuário; - empresa=uol (Universo Online); - tipo=com (comercial); - país=br (Brasil). 
Domínios 
Os tipos de instituição são divididos em: 1. mil - militar 2. org - organização não-lucrativa (organizacional) 3. com - comercial 4. edu - educação (universidades, escolas, etc.) 5. net - rede 6. gov - governamental 
Nos Estados Unidos não é usada a sigla que identifica o país. Assim, se um endereço não tem sigla de país, já sabemos que é dos EUA (embora haja algumas exceções). 
Chat 
O IRC (Internet Relay Chat) foi criado em 88 na Finlândia. Rapidamente se estabeleceu uma rede de computadores que dispunham de recursos para o IRC por toda a Internet. No começo o público era principalmente de estudantes que tinham tempo para jogar fora. 
Hoje se encontra gente de todos os tipos e idades no IRC. O IRC é dividido em canais. Qualquer um pode criar um canal, a qualquer momento e sair conversando. O IRC era adaptado aos usuários que tinham acesso a computadores em universidades e estavam familiarizados com computador. 
Hoje existe uma variedade de programas que possibilitam a conversa pelo computador. Muitos podem ser acessados diretamente na Web. Isso significa que você nem precisa sair do programa de navegação que usa para conversar. 
Em 95 também ficou popular na Internet o chat de voz. é uma espécie de telefone por computador -basta ter uma placa de som, um microfone e uma conexão à Internet para se comunicar com qualquer lugar do mundo pelo preço de uma ligação local. A qualidade da ligação não é lá essas coisas, o que torna as sessões mais parecidas com rádio-amador que com telefone. 
Listas de discussões 
As listas de discussão são uma aplicação de correio eletrônico muito usada para troca de informações entre pequenos grupos. Logo depois que a Internet foi criada, os cientistas que a usavam desenvolveram um programa que aceitava "assinaturas" dos interessados em determinado tema e enviava as mensagens de todos para todos. 
É um recurso simples e eficiente, muito usado até hoje. Escreva "lista de discussão” programa de busca brasileiro. Você vai descobrir listas sobre milhares de assuntos. 
FTP (File Transfer Protocol) 
Protocolo usado para a transferência de arquivos. Sempre que você transporta um programa de um computador na Internet para o seu, você está utilizando este protocolo. Muitos programas de navegação, como o Internet Explorer, permitem que você faça FTP diretamente deles, sem precisar de um outro programa. 
Você pode encontrar uma variedade incrível de programas disponíveis na Internet, via FTP. Existem softwares gratuitos, shareware (o shareware pode ser testado gratuitamente e registrado mediante uma pequena taxa), e com esta taxa paga você pode transportar para o seu computador. Grandes empresas como a Microsoft também distribuem alguns programas gratuitamente por FTP. 
A Internet no Brasil 
A Rede Nacional de Pesquisas foi criada em julho de 90, como um projeto do Ministério da Educação, para gerenciar a rede acadêmica brasileira, até então dispersa em iniciativas isoladas. À RNP Em 92, foi instalada a primeira a espinha dorsal conectada à Internet nas principais universidades e centros de pesquisa do país, além de algumas organizações não-governamentais, como o Ibase. 
Em 95 foi liberado o uso comercial da Internet no Brasil. Os primeiros provedores de acesso comerciais à rede surgiram em julho de 1995. O Ministério das Comunicações e o Ministério da Ciência e Tecnologia criaram um Comitê Gestor Internet, com nove representantes, para acompanhar a expansão da rede no Brasil. 
Site de buscas 
1. Alta vista Endereço: http://www.altavista.com 
2. Cadê? Endereço: http://www.cade.com.brSite brasileiro que apresenta índice de home pages organizado por tópicos. 
3. Google Endereço: http://www.google.com.brhttp://www.google.com.br Este site tem uma extensão de busca bem abrangente, e a sua grande vantagem é que ele faz a tradução de páginas estrangeiras para o português. 
4. Radar Uol Endereço: http://www.radaruol.com.br Este site de busca como o próprio nome diz é da Uol. Possui uma área de busca bem abrangente. Na lista de páginas encontradas, é apresentado um pequeno comentário sobre a referida página (site). 
Pesquisas Google e no CADê. 
- Use o TAB para navegar pelos links; 
- Use as setas para ler linha por linha da página; 
- Pressione Enter ou Barra de espaço sobre o link desejado, para acessá-lo; 
- Pressione a tecla CTRL para interromper uma leitura; 
- Pressione Insert+Seta para baixo para uma leitura contínua; 
- CTRL+HOME vai para o início da página; 
- CTRL+End vai para o fim da página; 
- Insert + F7 lista somente os links de uma página. 
Fonte: http://slideplayer.com.br/slide/4077549/

Conceito de CHAT

Chat é um termo da língua inglesa que se pode traduzir como “bate-papo” (conversa). Apesar de o conceito ser estrangeiro, é bastante utilizado no nosso idioma para fazer referência a uma ferramenta (ou fórum) que permite comunicar (por escrito) em tempo real através da Internet.
Exemplos: “Ontem à noite, estive até às três da madrugada no chat”, “O futebolista participará num chat e irá responder a perguntas dos adeptos”, “Conheci a minha namorada numchat”, “Não aprecio o chat, prefiro as mensagens de correio electrónico”.
Por norma, a noção de chat é usada para fazer alusão à troca de mensagens escritas de forma instantânea. Ou seja, na prática, quando um utilizador escreve a mensagem e envia-la, o destinatário recebe-a no momento. O mesmo acontece se o utilizador deixar a sua mensagem num fórum público.
Isto leva-nos a fazer a diferença entre o chat privado (que se realiza entre duas ou mais pessoas, mas num âmbito virtual cujos limites são definidos pelos próprios participantes) e o chat público (onde todos os que entram na sala/no fórum podem ler as mensagens).
Quando no chat é possível ver a outra pessoa e falar come la, costuma-se falar de videochat (ou videoconferência). Neste caso, os utilizadores podem trocar mensagens escritas, mas também orais ou visuais, o que conseguem se dispuseram de um microfone e de uma câmara (web cam).

Fonte: http://conceito.de/chat

terça-feira, 28 de junho de 2016

CIBERCULTURA


Ciberespaço, cibercultura e educação.









Pierre Lévy

Pierre Lévy nasceu na Tunísia, país do norte da África, em 2 de julho de 1956, no seio de uma família de judeus; nesta época sua terra natal era colônia da França. Não se sabe praticamente nada sobre sua existência até 1980, quando ele terminou seu Mestrado em História da Ciência, na Universidade de Sorbonne, em Paris, a não ser que se graduou em História.

Sua vocação para a pesquisa lhe foi revelada durante um curso com o filósofo francês Michel Serres, na Sorbonne. Três anos após a conclusão de seu mestrado, Pierre defendeu sua tese em Sociologia eCiências da Informação e da Comunicação, igualmente na capital francesa, discorrendo sobre a idéia da liberdade na Antiguidade.

As pesquisas de Lévy se concentraram especialmente na área da cibernética e da inteligência artificial. Nos anos 80 ele passou a lecionar na Universidade de Quebec, em Montreal, no Canadá. Suas aulas giravam em torno da função dos computadores no mecanismo da comunicação.

Nesta mesma instituição ele cuidou da gestão do departamento de comunicação do campus, de 1987 a 1989. Ao retornar à França, o filósofo da informação, que se especializou em investigar as relações entre a Internet e a esfera social, ocupou o cargo de professor de Ciências Educacionais na Universidade de Paris-Nanterre, aí permanecendo de 1990 a 1992.

Em seus estudos ele aborda o papel fundamental das tecnologias na esfera da comunicação e a performance dos sistemas de signos na evolução da cultura em geral. Simultaneamente ao seu trabalho na educação, ele institui em Genebra, na Suíça, um instituto conhecido como Laboratório Neurope, onde atua como pesquisador.

O estudioso lança, em 1987, seu primeiro livro, A Máquina Universo - criação, cognição e cultura informática. Mas Pierre se torna particularmente famoso em todo o Planeta a partir de 1994, quando ele difunde sua tese sobre a ‘árvore de conhecimento’, um mecanismo que criou junto com Michel Authier. Este sistema é composto por um software de cartografia e pelo intercâmbio de conhecimentos entre comunidades, gerando uma ampla enciclopédia virtual em constante transformação.

Esta teoria é exposta na obra A Árvore do Conhecimento, lançada em 1992, fruto do trabalho dos dois pesquisadores. Anteriormente, porém, ele publicou seu livro mais popular no Brasil, As tecnologias da inteligência: o futuro do pensamento na era da informática, de 1990. Uma boa parte de sua bibliografia já foi publicada no Brasil.

A partir de 1993, Pierre passa a atuar como professor no Departamento de Hipermídia da Universidade de Paris-8, em St-Denis. De 2002 em diante ele assume como titular da cadeira de pesquisa em inteligência coletiva, na Universidade de Ottawa, novamente no Canadá. O filósofo logo se torna integrante da Sociedade Real do Canadá (Academia Canadense de Ciências e Humanidades).

Lévy já veio ao Brasil diversas vezes, proferindo palestras para uma média de 500 pessoas no Sesc Vila Mariana. Seus temas por excelência são a exclusão do universo digital, a Internet, as novas tecnologias da comunicação, o futuro da humanidade na esfera da contínua digitalização.


Fontes:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Pierre_Lévy
http://canaldaimprensa.com.br/canalant/perfil/dquartedicao/identidade1.htm
http://caosmose.net/pierrelevy/bio.html
http://www.corposem.org/rizoma/arvores.htm

CIBERESPAÇO: A Cibercultura na Educação


                                                               

por Marcelo Mendonça Teixeira

                                     

Apesar dos evidentes benefícios para o processo de ensino-aprendizagem, devemos repensar a influência da internet e das novas tecnologias em nossa cultura, conscientes de seus pontos fortes e limitações,  como a falta ou a precariedade de acesso à rede.O ciberespaço, responsável pela rede global de comunicação mediada, possibilita as relações tecnos sociais atuantes na sociedade contemporânea, ampliadas por redes sociais: uma sociedade conectada, colaborativa, hipertextual, destituída de presencialidade física e apoiada por interfaces da Web 2.0, mais recente, por recursos da Web semântica e pela computação em nuvem. Outros tantos atributos são delegados ao universo virtual, assim como os problemas que dela fazem parte, como isolamento e sobrecarga cognitiva, informações duvidosas, dependência e info-exclusão de milhares de pessoas que também querem fazer parte dessa cultura global, mas que, por algum motivo, geralmente de cunho econômico, estão longe de se tornar ciberculturais e integrantes de alguma geração digital.
 

O conceito de cibercultura 

 

 

 

A ausência de significado explícito na literatura nos condiciona ao étimo da palavra “cibercultura”. Assim, em sentido estrito, temos o prefixo “ciber” (de cibernética) + “cultura” (sistema de ideias, conhecimentos, técnicas e artefatos, de padrões de comportamento e atitudes que caracteriza uma determinada sociedade). No entanto, o ambíguo conceito sofre variações a partir do referencial etimológico, pois cada autor exprime uma conotação ideológica e descritiva própria que nem sempre é compartilhada por seus pares. Desse modo, optei por aqueles que se dedicam ao estudo das práticas tecnossociais da cultura contemporânea e de suas novas formas de sociabilidade, comutadas do mundo físico para o universo virtual (Teixeira, 2012a). 
 
Pierre Lévy, ao publicar A máquina universo (1987), lapida o conceito de cibercultura ao indagar questões pertinentes ao movimento sociotecnocultural em que a sociedade está inserida. Segundo o filósofo, este é um tema polêmico e multifacetado em que culturas nacionais fundem-se a uma cultura globalizada e cibernética, envoltas no ciberespaço e orientadas por três princípios: interconexão, comunidades virtuais e inteligência coletiva. Trata-se de um “conjunto de técnicas (materiais e intelectuais), de práticas, de atitudes, de modos de pensamento e de valores que se desenvolvem juntamente com o crescimento do ciberespaço” (Lévy, 2010, p. 17). As “técnicas” condicionam as interações sociais, mas não representam a cultura do ciberespaço, que se incorpora no espaço virtual-cognitivo das pessoas, na partilha de sentimentos, informações e saberes. Afinal, “a virtualização é um dos principais vetores da criação da realidade” (Lévy, 2009, p. 18). 
 
Desde o final da década de 1990, a introdução das tecnologias de informação e comunicação (TICs) na educação é aceita por sistemas de ensino em todo o mundo como uma epítome do desenvolvimento educacional na história da humanidade. Nesse sentido, os governos nacionais têm investido massivamente na compra de equipamentos, softwares e formação docente contínua, à medida que surgem recursos tecnológicos inovadores.
 
Em situação contrária, o país é rotulado como uma nação pobre e infoexcluída pelo International Bureau of Education, órgão da Organização das Nações Unidas para a Educação e a Ciência (Unesco) especializado em educação com o objetivo de facilitar a oferta de educação de qualidade em todo o mundo. Na verdade, criou-se um estigma globalizado que correlaciona o aparato tecnológico da escola, da universidade ou do centro de ensino à qualidade da educação, tornando-o sinônimo de mão de obra qualificada, mas nenhuma evidência científica lastreia o argumento de que as TICs são decisivas na aprendizagem de jovens e adultos, conforme Aviram (2000).
 
Não seriam facilitado­res? Aviram propõe que o desenvolvimento mais significativo que acompanha a revolução das TICs na educação ocorre fora da escola, refletido na impressionante quantidade de alunos que não estudam em casa nem pertencem a nenhum sistema formal de ensino (prática comum no Reino Unido). Citando o caso inglês, o autor conta que os membros da classe média acreditam que as chances para o progresso educacional de seus filhos são maiores em casa (com o auxílio de materiais didáticos e grupos de apoio baseados na internet) do que na escola. O mesmo se estende à universidade, dados os milhares de alunos matriculados em cursos de nível superior on-line. A Open University, por exemplo, tem aproximadamente 250 mil estudantes no Reino Unido, na Irlanda e na Europa (www8.open.ac.uk /about/main/).
 
O ciberespaço possibilita o autoaprendizado, facilita a interatividade e estimula a troca de informações e saberes, mas não garante o sucesso do aprendizado, comumente desmotivado pela falta de estímulo. Disso decorre a importância da escola e do professor como mediadores do conhecimento a ser construído, aliados às estratégias pedagógicas, materiais didáticos e metodologias de ensino. Ainda assim, particularidades por vezes desconhecidas, outrora ignoradas, fazem a diferença quando “lincamos” educação a cibercultura. Diante disso, Lemos (2003) indica novas possibilidades de socialização do conhecimento através de três leis da cibercultura: lei da liberação do polo da emissão, lei da conectividade e lei da reconfiguração.
 
A primeira refere-se a uma modificação no modelo de comunicação até então vigente (meio massivo unidirecional — um para todos) e cede espaço à comunicação interativo-colaborativa (meio pós-massivo multidirecional — todos para todos). A máxima é “tem de tudo na internet”, “pode-se tudo na internet”. A segunda define que a rede está em todos os lugares, generalizada, interligando tudo a todos. Mediante a crescente interconexão entre dispositivos de comunicação digital, amplia a troca de informações entre homens e homens, máquinas e homens e também entre máquinas e máquinas. A terceira é contrária à mera substituição de práticas e favorável a seu redesenho em face das novas possibilidades instrumentalizadas pelo ciberespaço, evitando a lógica da substituição ou do aniquilamento dos antigos meios, já que, em várias expressões da cibercultura, trata-se de reconfigurar práticas, modalidades midiáticas ou espaços sem a substituição de seus respectivos antecedentes (Lima, 2011; Lemos, 2003).
 

Uma educação cibercultural

 
 
 
 
Para a educação, urge que implementemos mudanças no ensino tradicional, secularmente institucionalizado, reconfigurando práticas educomunicativas de acordo com o novo cenário sociotécnico atual, frente à emergência de novas formas de comunicação interativa (muitos para muitos) e da miríade de conteúdos informativos na rede. Doravante, acompanhar a evolução midiática e fazer uso tanto dos antigos quanto dos novos recursos comunicativos é um imenso desafio, congênere às peculiaridades de cada contexto educativo (situações ambientais e transformações da consciência coletiva em rede), obviamente, em sentido figurado, tendo em vista que a alfabetização midiática não está disponível a grande parte da população mundial.
 
Aos afortunados “nativos digitais” equivale a realidade mencionada: um universo virtual que suporta o processo de criação, produção e distribuição de produtos, informações e serviços; a inteligência coletiva, o hipertexto e a inteligência artificial; as interfaces síncronas e assíncronas de comunicação; as comunidades virtuais, a colaboração em massa e a interatividade em tempo real, onde as pessoas estão conectadas e o conhecimento é compartilhado (através de imagens, vídeos, textos, áudios) em escala global (Teixeira, 2012b). A cibercultura totaliza esse contexto, símbolo de um período da história da humanidade marcado pela comunicação eletrônica e pelas mídias digitais, influenciando, direta ou indiretamente, a educação e os modos de ensinar e aprender. 
 
A cibercultura também se faz presente na educação por meio de múltiplas linguagens, múltiplos canais de comunicação e em temporalidades distintas. As interfaces da Web 2.0, por exemplo, permitem um contato permanente entre escola, professores, alunos e seus pares no ambiente virtual de ensino. Sem fronteiras para o conhecimento, os conteúdos educativos são trabalhados interativamente na comunidade estudantil, de forma síncrona e assíncrona, com a possibilidade de produzir e compartilhar conhecimentos colaborativamente com qualquer outro estudante em qualquer parte do mundo.
 
Contudo, apesar dos evidentes benefícios para o processo de ensino-aprendizagem, devemos repensar a influência da internet e das novas tecnologias em nossa cultura, conscientes de seus pontos fortes e limitações, como a falta ou a precariedade de acesso à rede. Além disso, é fundamental avaliar a capacidade do estudante para utilizar as tecnologias propostas como instrumento de produção de conhecimentos transdisciplinares, e não apenas de informação, redefinindo a racionalidade comunicativa em estratégias educacionais no ambiente virtual.
 
Em outras palavras, a abstenção não é realmente uma opção para instituições de ensino, professores e gestores educacionais, já que a introdução das TICs na educação faz parte de uma revolução sociocultural mais ampla e profunda que está mudando a cultura do mundo contemporâneo. Quem deseja sobreviver profissionalmente a essas mudanças ciberculturais não tem outra opção senão adaptar-se à época em que vivemos, marcada por novos modos de comunicação, estilos de vida, identidades, entretenimento, interatividade às novas formas de ensinar e aprender.
 
A adaptação, porém, requer uma estratégia bem definida, com base em uma clara compreensão da nova cultura emergente, dos valores explícitos e objetivos educacionais, evitando o instrucionismo mecanizado. Por isso, torna-se necessária uma literacia informática prévia entre educadores e educandos, como meio de melhorar competências, conhecimentos, atitudes e perspectivas sobre o futuro da aprendizagem, que é cada vez mais colaborativa. Os consumidores tornam-se produtores e os produtores tornam-se consumidores de conteúdos, bens e serviços, em um novo modelo econômico planetário, sem restrições ou barreiras, induzido por um processo contínuo de colaboração massiva (Tapscott e Williams, 2010).
 
Portanto, o conceito de cibercultura está em permanente transformação, com muitas conotações, idealizadas notoriamente pelas práticas tecnossociais da cultura contemporânea e de suas novas formas de sociabilidade no universo virtual, ou seja, uma virtualização cultural da realidade humana, fruto da migração do espaço físico para o virtual mediado pelas TICs e regida por códigos, signos e relações sociais dentro e fora dos espaços escolares. 

Referências


AVIRAM, A. (2000). “Computers in the classroom” to mindful radical adaptation by education systems to the emerging cyber culture. Journal of Educational Change, v. 1, n. 4, p. 331-352, dez. 2000.

LEMOS, A. Cibercultura: alguns pontos para compreender a nossa época. In: LEMOS, A.; CUNHA, P. Olhares sobre a cibercultura. Porto Alegre: Sulina, 2003. p. 11-23.

LÉVY, P. La machine univers: création, cognition et culture informatique. Paris: La Découverte, 1987. 
___. Cibercultura. São Paulo: Edi­tora 34, 2009.
___. O que é virtual? São Paulo: Editora 34, 2010.

LIMA, M. (2011). Educação na cibercultura: novas possibilidades para o ensino-apren­di­zagem. Disponível em: 

TAPSCOTT, D.; WILLIAMS, A. Wikinomics: how mass colla­boration changes everything. New York: Penguin Group, 2010.

TEIXEIRA, M. Cyberculture: from Plato to the virtual universe. The architecture of collective intelligence. Munique: Grin Verlag, 2012a.
___.  As faces da comunicação. Munique: Grin Verlag, 2012b.

  • Marcelo Mendonça Teixeira Mestre em Tecnologia Educativa, professor e consultor em tecnologias de informação aplicadas às plataformas de e-learning. marcelo.uminho.pt@gmail.com 
                                    

sábado, 25 de junho de 2016

Como compreender o computador e a internet como instrumentos culturais de aprendizagem?

O caminho do objeto até a criança e desta até o objeto passa através de outra pessoa. Essa estrutura humana complexa é o produto de um processo de desenvolvimento profundamente enraizado nas ligações entre história individual e história social” (VYGOTSKY)

Vygotsky tem uma concepção do conhecimento que avança em relação às teorias
psicológicas subjetivistas e objetivistas que se apresentam fragmentadas e a-históricas,
considerando o sujeito de forma abstrata e descontextualizada. Dessa forma, acentuam a
natureza individual do homem em detrimento das circunstâncias sociais que o envolvem. A
insatisfação com os dois modelos psicológicos objetivistas e subjetivistas levou Vygotsky à
busca de uma superação numa perspectiva que, baseando-se na dialética marxista, pudesse
compreender o homem real e concreto. Ao empreender uma crítica da psicologia de seu
tempo, apresentou não uma terceira via para se compreender a construção do conhecimento,
mas foi mais longe, realizando de fato um rompimento ao articular sua proposta psicológica
inovadora. Essa é a perspectiva histórico-cultural, para a qual o conhecimento não é
adquirido, mas construído na relação com o outro. Uma relação dialética entre sujeito e
objeto, isto é, entre o sujeito e o meio histórico. É uma questão de base social, de uma
relação não só com objetos, mas principalmente uma relação entre pessoas, entre sujeitos.

Para o autor, a relação do sujeito com o conhecimento não é, portanto, uma relação
direta, mas mediada. Essa mediação se processa via um outro, via instrumentos e signos.

Vygotsky (1995), ao formular o princípio
geral de sua teoria dizendo que as funções mentais superiores especificamente humanas têm
uma origem social, está dizendo que na história do homem há um duplo nascimento: 
o
biológico e o cultural. 
A inserção na cultura pela interação com o outro via linguagem é que
possibilita a criança se tornar de um simples ser biológico em um ser cultural, humano.

Pensando o computador e internet com o olhar da perspectiva histórico-cultural,
procuro inicialmente compreender como, a partir da idéia de cultura em Vygotsky, posso
chamá-los de culturais.
Computador e internet
introduzem uma forma de interação com as informações, com o conhecimento e com as outras
pessoas, totalmente nova, diferente da que acontece em outros meios como a máquina de
escrever, o retroprojetor. No uso do computador e da internet a ação do sujeito se faz de forma
interativa e enquanto lê/escreve, novos fatores intelectuais são acionados: a memória (na
organização de bases de dados, hiperdocumentos, organização de arquivos); a imaginação
(pelas simulações); a percepção (a partir das realidades virtuais, telepresença). Outros tipos de
comunicação afetam os usuários por vários canais sensoriais, combinando texto, imagem, cor,
som, movimento. Trata-se de uma nova modalidade comunicacional absolutamente diferente

possibilitada pelo digital: a interatividade.

(...)

Computador e internet
introduzem uma forma de interação com as informações, com o conhecimento e com as outras
pessoas, totalmente nova, diferente da que acontece em outros meios como a máquina de
escrever, o retroprojetor. No uso do computador e da internet a ação do sujeito se faz de forma
interativa e enquanto lê/escreve, novos fatores intelectuais são acionados: a memória (na
organização de bases de dados, hiperdocumentos, organização de arquivos); a imaginação
(pelas simulações); a percepção (a partir das realidades virtuais, telepresença). Outros tipos de
comunicação afetam os usuários por vários canais sensoriais, combinando texto, imagem, cor,
som, movimento. Trata-se de uma nova modalidade comunicacional absolutamente diferente
possibilitada pelo digital: a interatividade.

(...)
Essa
comunicação interativa apresenta-se como um desafio para a escola que está centrada no
paradigma da transmissão. Instaura-se, com essa nova modalidade comunicacional, uma nova
relação professor-aluno centrada no diálogo, na ação compartilhada, na aprendizagem
colaborativa na qual o professor é um mediador. Computador e internet se mostram como
adequados a uma concepção social de aprendizagem, que se realiza na interação.
(...)
A internet permite à escola o desenvolvimento de diferentes atividades: a) busca ágil
de informações (pesquisa escolar, visitas a museus e outros lugares, visitas a sites interativos,
artes plásticas, música, literatura, cursos virtuais); b) interações com pessoas (fóruns e listas
de discussão, comunidades virtuais, chats e-mails);c) ambientes virtuais de aprendizagem-
AVA (como o moodle); d)entretenimento (jogos, simulações). Essas atividades ampliam o
espaço da aula presencial e permitem aos alunos um maior acesso às informações que,
trabalhadas em conjunto com colegas e professores, podem se transformar em conhecimento.




Esses conceitos discutidos até aqui, propostos pela teoria histórico-cultural, têm
tudo a ver com a compreensão do computador e da internet como instrumentos culturais

de aprendizagem.
(...)
computador e internet são instrumentos
tecnológicos construídos pelo homem que não se configuram como meras máquinas. Eles
vão muito além disso. São de fato mediadores do conhecimento enquanto ferramenta
material, mas, principalmente, são mediadores do conhecimento, enquanto um
instrumento simbólico, e permitem a mediação com o outro. Computador e internet
abrem novas possibilidades de aprendizagem por permitirem o acesso a uma infinidade
de informações, pelas formas de pensamento que são por eles potencializadas, pelas

interações possibilitadas e pela interatividade que proporcionam.
(...)
Portanto, eles
possibilitam a construção compartilhada de conhecimento, via interatividade, de que fala
a teoria histórico-cultural. Estimulam novas formas de pensamento no enfrentamento
com a hipertextualidade neles presente pela inter-relação de diversos gêneros textuais
expressados por diversas linguagens (sons, imagens estáticas e dinâmicas, textos). A
plasticidade interativa própria das tecnologias digitais trazidas pelo computador e internet
permitem, ainda, a construção de diversos percursos de aprendizagem através da

atividade do sujeito que interage com o outro e com o objeto do conhecimento.


Fonte: JANELA SOBRE A UTOPIA: COMPUTADOR E INTERNET A PARTIR DO OLHAR DA
ABORDAGEM HISTÓRICO-CULTURAL
Maria Teresa de Assunção Freitas – UFJF
Agência Financiadora: CNPq e FAPEMIG

sexta-feira, 24 de junho de 2016

MARIA TERESA DE ASSUNÇÃO FREITAS

MARIA TERESA DE ASSUNÇÃO FREITAS

Possui graduação em Pedagogia pela Faculdade Dom Bosco de Filosofia Ciências e Letras (1966), mestrado em Educação pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (1978) e doutorado em Educação pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (1992). Professor associado III da Universidade Federal de Juiz de Fora, aposentou-se em Setembro de 2011, mas atua voluntariamente no PPGE/UFJF na orientação de doutorandos, como professor convidado, sem ônus e sem vínculo empregatício com a instituição. 

É Professora Visitante Nacional Senior( PVNS-CAPES) no Programa de Pós-Graduação em Educação-PPEDU da Universidade Federal de São João del- Rei-UFSJ desde julho de 2012. Tem experiência na área de Educação, com ênfase em Psicologia da Educação, trabalhando com o enfoque teórico da psicologia histórico-cultural (Vygotsky, Luria, Leontiev e Mikhail Bakhtin e seu Círculo).

Atua principalmente nos seguintes temas: pesquisa na abordagem histórico-cultural, práticas sócio-culturais de leitura e escrita, letramento digital, tecnologia s digitais, cinema e educação, formação de professores. 

É pesquisadora do CNPq com bolsa de produtividade de pesquisa nível 1D e foi pesquisadora do programa "Pesquisador Mineiro da FAPEMIG" até 2014. 

Autora e organizadora de vários livros envolvendo temáticas relacionadas à perspectiva histórico-cultural e aos objetos das pesquisa desenvolvidas. É coordenadora do Grupo de Pesquisa Linguagem, Interação e Conhecimento (LIC-UFJF) que foi criado pela pesquisadora em 1995. 

Em 18 de dezembro de 2013 foi agraciada com a Medalha Juscelino Kubitschek de Oliveira que é a maior honraria concedida pela Universidade Federal de Juiz de Fora(UFJF) por serviços prestados à sociedade e por sua contribuição para o desenvolvimento da UFJF.

Informações coletadas do Lattes em 30/05/2016
Fonte: 
http://www.escavador.com/sobre/3841423/maria-teresa-de-assuncao-freitas

quarta-feira, 22 de junho de 2016

Surgimento do Método Científico



A criação do método científico é atribuída a Descartes, mas tem suas raízes um pouco mais profundas em dois pensadores de nomes semelhantes: Roger e Francis Bacon.

Roger Bacon (1220-1292) foi um dos primeiros acadêmicos de Oxford e o primeiro a defender a experimentação como fonte de conhecimento. Junto com Duns Scotus e Guilherme de Ockham, Roger Bacon foi o responsável pelo que seria a base do empirismo, o pensamento de que a razão e o conhecimento não devem depender apenas da fé mas também dos nossos sentidos, pois podemos aprender aquilo que tivermos experimentado. Com isso, eles separavam o caminho para o conhecimento em dois caminhos distintos: o conhecimento sobre Deus deveria continuar sendo a fé, porém o caminho do mundo terreno, substancialmente diverso do primeiro mundo místico e metafísico, deveria ser as experiências terrenas, as experiências dos sentidos. Estava derrubada a concepção medieval do mundo.

Das discussões desses três pensadores derivaram duas correntes diferentes de pensamento o “construtivismo” e o “positivismo”.

Francis Bacon (1561-1626) foi, porém, quem terminaria por fixar a base do que Descartes transformaria no moderno método científico. Bacon deu ao conhecimento um caráter mais funcional. Segundo ele o saber científico deveria ser usado em prol do desenvolvimento humano e a natureza deveria ser transformada e modificada em benefício do homem. Segundo ele mesmo expressa em sua obra “Novo Organum” é necessário “...investigar a possibilidade de realmente estender os limites do poder ou da grandeza do homem e tornar mais sólidos os seus fundamentos...”. A nova abordagem de Bacon foi fortemente influenciada por descobertas de cientistas como Copérnico eGalileu Galilei que o levaram a propor uma nova abordagem da investigação científica através dopensamento indutivo em contraposição ao pensamento dedutivo que desde Aristóteles predominava sobre as ciências.

Mas foi na obra “Discurso do Método” que René Descartes (1596-1650) lançou de fato, os fundamentos do método científico moderno. Embora Descartes tenha concordado com Bacon no sentido de que a natureza deve ser entendida e modificada em favor do homem, ele discordava no sentido de que para ele os sentidos devem ser questionados e não constituem o caminho para o conhecimento verdadeiro. Segundo Descartes a única coisa da qual não se pode duvidar é o pensamento (o que o leva à máxima “cogito ergo sum” – “penso, logo existo”) que é fruto da razão, a única da qual se pode ter certeza.

O método cartesiano (de “Descartes”) foi o que possibilitou o desenvolvimento tecnológico e científico sem precedentes das Eras Moderna e Contemporânea.

Por outro lado, Descartes transcende ao pensamento baconiano ao propor uma instrumentalização da natureza, a explicação matemática e racional dos fenômenos e das coisas e a sua mecanização: tudo passa a ser entendido em razão das partes que o compõem: para se compreender o todo, basta compreender as partes. O pensamento indutivo proposto por Bacon sai de cena para dar lugar à dedução cartesiana onde as experiências servem apenas para confirmar os princípios gerais delineados pela razão.

O método científico proposto por Descartes e que predominou até o final do século XIX e o início do século XX, ficou conhecido como “Determinismo Mecanicista” e se resume aos seguintes princípios: o conhecimento é o resultado da captura de verdades por um sujeito sobre um objeto; o sujeito percebe o objeto a partir de exercícios sensitivos e racionais que devem ser organizados de forma metodológica a fim de se obter o conhecimento verdadeiro; o objeto é separado do observador; conhecer o objeto é igual a dominá-lo; para conhecer o todo, basta conhecer as partes; o método cartesiano, nesse sentido, implica em uma simplificação onde o objetivo é encontrar lei universal que explique todas as coisas; o mundo pode ser expresso por meio de equações matemáticas; o mundo deve ser compreendido, dominado e modificado em favor do homem.
Estava enfim definido o método científico. Porém ele ainda receberia mais uma contribuição importante de outro grande pensador, Auguste Comte (1798-1857).

Comte em sua “Lei dos três estados” afirma que o conhecimento humano havia evoluído do estado teológico, onde o conhecimento se voltava para explicação do mundo através do divino e sobrenatural, para o estado metafísico, onde os agentes sobrenaturais do primeiro estado concebem em si mesmos os fenômenos naturais. E que este teria evoluído para um terceiro e último estado, o estado positivo, onde não mais se procuraria as causas últimas das coisas mas as leis efetivas da natureza.

Comte defendia que a natureza é composta por classes de fenômenos e, portanto, a ciência deveria obedecer esta ordem para descrevê-la. Assim, ele organiza todo o conhecimento da natureza em cinco ciências distintas entre si: a astronomia, física, química, filosofia e a física social. A estas ele ainda somaria a matemática que diz tratar-se da ciência superior devido ao seu grau de abstração e ao fato de que todas as outras dependem também dela. Desta forma, Comte leva o método de Descartes das ciências naturais para as ciências sociais e humanas completando o método que seria seguido por muitos anos ainda.

Mas, como a ciência é um campo em constante mudança, o método científico de Descartes passa a ser questionado no início do século XX, após as descobertas de Einstein sobre a relatividade e de Niels Bohr sobre a física quântica que põe em cheque um dos preceitos fundamentais do modelo mecanicista de Descartes. Mas isso já é outro assunto...


Fonte: http://www.infoescola.com/ciencias/surgimento-do-metodo-cientifico/