sexta-feira, 10 de maio de 2019

TEORIAS PSICOGENÉTICAS - Parte 3

TEORIAS PSICOGENÉTICAS - Parte 2 (Vygotsky)

TEORIAS PSICOGENÉTICAS - Parte 1 (Piaget)

Construção do Conhecimento- Segundo Piaget.

Jean Piaget e Epistemologia Genética




Segundo Pirandello (1996, p. 41), “considerando em seu conjunto o grande foco de interesse da obra de Jean Piaget foi elaborar uma teoria do conhecimento, que implica saber como o ser humano consegue organizar, estruturar e explicar o mundo em que vive”. Esta preocupação conduziu este teórico a pesquisar e compreender em que circunstância se passa de um estágio de menor conhecimento para um estágio de maior conhecimento. Utilizando-se da metodologia clínica e estudando os atos infantis, Piaget construiu uma teoria a respeito do nascimento da inteligência e das operações envolvidas na construção do pensamento racional. 

Desde quando iniciaram seus estudos científicos, Piaget deu aos seus trabalhos, um caráter epistemológico. Tais trabalhos não tinham vínculo direto com a educação. No entanto despertaram grande interesse entre educadores, isso fez com que sua teoria se desenvolvesse quase que exclusivamente na área educacional. A partir da década de 50, seguindo a interdisciplinaridade constantes no Centro Educacional de Epistemologia Genética, fundado em 1955, em Genebra, pesquisadores de diferentes áreas do conhecimento começaram a se dedicar a estudos direcionados a teoria piagetiana (PIRANDELLO 1996).

Kayet et al. (2002) afirma que o estudo do desenvolvimento cognitivo nos leva a uma perspectiva da evolução da capacidade de pensar e de como a mente gera os conhecimentos a partir das experiências vividas. A forma pela qual uma criança pensa, resolve problemas e compreende o mundo torna-se mais complexa à medida que a criança vai crescendo e amadurecendo. A maturação cognitiva é necessária para a aquisição da linguagem. Alterações do pensamento modelam o curso e o nível final do desenvolvimento emocional, social e moral.


 Ele introduziu o conceito de esquemas, unidades de cognição ou representações mentais internas de algumas classes de situações, que possibilitam à criança responder de maneira consistente e coordenada a uma variedade de situações análogas. Os esquemas podem ser modificados pelos processos de assimilação e acomodação. 

Na assimilação, a criança internaliza um novo conhecimento organizando os novos estímulos de acordo com os esquemas que já existem em seus repertórios. Por exemplo, uma criança que vê um cachorro beagle pela primeira vez assimila beagle no esquema de cachorros. 

A acomodação ocorre quando a aquisição de uma nova informação ou um novo estímulo provoca a expansão do esquema ou altera sua estrutura de organização. Por exemplo, um esquema que classifica todos os animais de quatro patas na categoria de cachorros tende a ser alterado quando a criança vê um gato. 

Os dois processos, acomodação e assimilação, evoluem em complexidade sempre crescente conforme a criança se desenvolve (KAY et al. 2002). 

Palangana (2001, p. 22) esclarece que: 
Piaget especifica quatro fatores como sendo responsáveis pela psicogênese do intelecto infantil: o fator biológico, particularmente, o crescimento orgânico e a maturação do sistema nervoso; o exercício e a experiência física, adquiridos na ação empreendida sobre os objetos; as interações e transmissões sociais, que se dão basicamente através da linguagem e da educação; e o fator da equilibração das ações. 

O autor destaca que o fator da equilibração, desempenha um papel muito importante no processo de desenvolvimento, colocando-se como o alicerce da teoria de Piaget, e sendo inclusive necessário para explicar todos os outros fatores. Em sua obra Psicologia e Epistemologia (1978, p. 54-55) o teórico explica que o desenvolvimento individual é, na realidade, função de atividades múltiplas em seus aspectos de exercícios, de experiência e de ação. 

coordenação destas ações propõe um sistema de auto regulação ou equilibração que dependerá das circunstâncias e das potencialidades epigenéticas. Ou seja, quando a assimilação e acomodação entram em harmonia, o indivíduo está adaptado, isso quer dizer que ele está em equilíbrio. 

Conforme as estruturas intelectuais disponíveis se fazem insuficientes para operar com a nova experiência, acarretando contradições em seu conhecimento atual, ocorre o desequilíbrio. Procedendo em um movimento espiral, de maneira natural, estas estruturas começam um novo processo de adaptação às novas circunstâncias, indo em direção ao estágio superior e mais complexo de equilíbrio. 

Segundo Martí (1996, p. 23 apud CORREIA, 2001 p. 557) a partir da teoria de Piaget é possível fazer algumas considerações no que diz respeito às diretrizes educacionais:

Conforme as estruturas intelectuais disponíveis se fazem insuficientes para operar com a nova experiência, acarretando contradições em seu conhecimento atual, ocorre o desequilíbrio. Procedendo em um movimento espiral, de maneira natural, estas estruturas começam um novo processo de adaptação às novas circunstâncias, indo em direção ao estágio superior e mais complexo de equilíbrio. 

Segundo Martí (1996, p. 23 apud CORREIA, 2001 p. 557) a partir da teoria de Piaget é possível fazer algumas considerações no que diz respeito às diretrizes educacionais: 

Outorgar ao aluno um papel central em suas aprendizagens, aceitar que o processo de aprendizagem é um processo reconstrutivo, lento, no qual o aluno deve carregar o peso da atribuição de significados, pensar que o processo de equilibração é essencial em qualquer construção de conhecimentos, defender que o ensino deve favorecer as situações nas quais ocorra esta aprendizagem significativa e que não deve ser um processo mecânico e repetitivo. 

As fases do desenvolvimento descritas pelo teórico que segundo a concepção piagetiana se compreende em quatro estágios

 Sensório-Motor (do nascimento aos 2 anos): os bebês recém-nascidos demonstram a capacidade de aprender por meio de associações. A rede cognitiva permite que os bebês procurem estimulação e possam interagir com os adultos. Entre 2 e 3 semanas, é desenvolvida a fluência modal cruzada – o reconhecimento de características inalteráveis dos estímulos percebidos por ele associado com a capacidade de interpretar estas características por meio de modalidades sensoriais – é demostrada pela capacidade de fazer imitações as expressões da face (KAY E TASMAN 2002). 
Um desenvolvimento importante durante este estágio é o crescimento de uma consciência de permanência de objetos. Durante os 12 e 18 meses de vida, a criança parece não ter consciência de que as coisas continuam a existir mesmo depois de não estarem mais presentes no seu campo de visão, mas antes dos dois anos, este tipo de consciência já se manifestou (FONTANA 1998). 


• Pré-Operatório: (2 a 7 anos). Segundo Fontana (1998) Piaget dividiu este estágio em dois subestágios, o subestágio pré-conceitual e o subestágio intuitivo. No pré-conceitual, o desenvolvimento cognitivo é cada vez mais dominado pelo surgimento de atividades simbólicas, onde a criança torna-se capaz de utilizar símbolos para representar ações, sendo capazes de representar estas ações para si mesmas, ou seja, ela passa a interiorizar ações. Com o desenvolvimento das habilidades de linguagem, as crianças a possuir os chamados signos, ou seja, sons que embora não tenham uma relação concreta com os objetos, são usados para representa-los. No subestágio intuitivo surgem as principais estruturas cognitivas utilizadas agora pela criança, denominadas egocentrismo, centração e irreversibilidade. 

• Operações Concretas (7 a 11 anos) a criança atinge um sistema simbólico de pensamento organizado e coerentes que lhes permite antecipar e controlar o ambiente. O pensamento infantil avança de maneira considerável, se torna menos egocêntrico e as crianças desenvolvem a capacidade de demonstrar tanto a descentralização como a reversão. A partir daí surge a conservação, neste caso a conservação de substâncias vem primeiro entre os sete e oito anos e, posteriormente a de peso, entre os nove e dez anos, e a conservação de volumes por volta dos doze anos. Nesta fase a criança também desenvolve a capacidade de agrupamento, onde são capazes de reconhecer os membros de uma classe lógica real e, assim, organizar objetos e acontecimentos em conjuntos em termos de suas características definidoras comuns. Este agrupamento lhes possibilita encontrar sentidos nas experiências, solucionar problemas e avançar para um enquadre mais realista e preciso do mundo (FONTANA 1998). 


• Operações Formais (a partir dos 12 anos), período conhecido por todos nós como adolescência. Agora as crianças já são capazes de acompanhar a forma de um argumento ou de formular hipóteses sem necessitar da experiência efetiva de objetos ou situações concretas de que eles antes dependiam. Começa também a compreender conceitos individuais ou categorias isoladas durante os estágios anteriores do desenvolvimento, conseguem entender que eles podem ser interdependentes em algumas circunstâncias. O adolescente passa a desenvolver o raciocínio hipotético-dedutivo, pois é capaz de criar hipóteses e fazer deduções a partir dos resultados, ampliando assim a compreensão do material com que está lidando (FONTANA 1998). 

Compreender o desenvolvimento humano pela perspectiva deste teórico nos dá bases importantes para moldar ações pedagógicas apropriadas a cada idade obedecendo ao desenvolvimento de cada criança. 

FONTE
por COLUNISTA PORTAL - EDUCAÇÃO

Método de Ensino - CELESTIN FREINET

Princípios da Pedagogia Freinet. Acreditando que educar é construir juntos, a Pedagogia Freinet se alicerça em quatro eixos fundamentais:
  • Cooperação: como forma de construção social do conhecimento;
  • Comunicação: como forma de integrar esse conhecimento;
  • Documentação: registro da história que se constrói diariamente;
  • Afetividade: elo de ligação ente as pessoas e objeto de conhecimento.

 

Princípios que Freinet considera invariáveis: “As Invariantes Pedagógicas”.

  • A criança e o adulto têm a mesma natureza.
  • Ser maior não significa necessariamente estar acima dos outros.
  • O comportamento escolar depende de seu fisiológico e orgânico, de toda a sua constituição.
  • A criança e o adulto não gostam de imposições nem disciplinas rígidas, quando significam obedecer passivamente a uma ordem externa
  • Ninguém gosta de fazer determinados trabalhos por coerção, mesmo que, em si, eles não desagradem. Toda atitude coerciva é paralisante.
  • Todos gostam de escolher seu próprio trabalho, mesmo que a escolha não seja a mais vantajosa.
  • A motivação é fundamental para o trabalho.
  • Todos querem ser bem sucedidos. O fracasso inibe, destrói o ânimo e o entusiasmo
  • O jogo não é natural à criança mas, sim, o trabalho
  • Não são a observação, a explicação e a demonstração - processos essenciais da escola – as únicas vias normais de aquisição de conhecimento, mas a experiência tateante, que é uma conduta natural e universal.
  • A memória, tão preconizada pela escola, só é válida e aceitável, quando integrada no tateamento experimental, onde é posta a serviço da vida.
  • As aquisições não ocorrem pelo estudo de regras e leis, como, ás vezes, se crê, mas sim pela experiência. Estudar primeiro as regras e leis é colocar o carro à frente dos bois.
  • A inteligência não é uma faculdade específica, que funciona como um círculo fechado, independentemente dos demais elementos vitais do indivíduo, como ensina a escolástica.
  • A escola cultiva apenas uma forma abstrata de inteligência, que atua fora da realidade viva, fixada na memória por meio de palavras e idéias.
  • A criança não gosta de receber lições “ex-cathedra”.
  • A criança não gosta de sujeitar-se a m trabalho em rebanho. Ela prefere o trabalho individual ou de equipe numa comunidade cooperativa.
  • A ordem e a disciplina são necessárias à aula.
  • Os castigos são sempre um erro. São humilhantes, não conduzem ao fim desejado e não possam de paliativo
  • A nova vida da escola supõe a cooperação escolar, isto é, a gestão da vida e do trabalho escolar pelos envolvidos, incluindo o educador
  • A sobrecarga das classes constitui sempre um erro pedagógico.
  • A concepção atual dos sistemas escolares conduz professores e alunos ao anonimato, o que é sempre um erro e cria sérias barreiras.
  • A democracia de amanhã prepara-se pela democracia na escola.
  • Umas das primeiras condições para a renovação da escola é o respeito á criança e, por sua vez, a criança ter respeito aos seus professores; só assim é possível educar dentro da dignidade.
  • Temos que contar com a reação pedagógica que manifesta uma posição social e política.
  • É preciso ter esperança otimista na vida.

A  Pedagogia Freinet é uma prática libertadora, uma vez que os problemas da vida e da prática social são discutidos em grupos e avaliados cooperativamente para realização e reorganização do trabalho em conjunto.
O conjunto das práticas que fundamentam a Proposta Pedagógica na Escola é conhecida como Técnicas ou Pedagogia Freinet.

As principais técnicas que congregam a prática da Pedagogia Freinet;

  • A expressão livre
  • A roda da conversa
  • O conselho de cooperativa
  • O texto livre
  • O livro da vida
  • Os cantos de atividades diversificadas
  • A imprensa na escola
  • Duplicadores (mimiógrafos, limógrafos, máquina de escrever, papel carbono, xérox, fax, impressora de computador).
  • O jornal escolar
  • O jornal mural
  • O jornal falado – na classe, no gravador, no rádio, no vídeo
  • Os fichários para consulta ou auto correção
  • Os planos de trabalho (semanais e mensais)
  • As palestras dos alunos
  • Avaliação formativa – os brevês
  • A biblioteca de classe
  • A aula das descobertas – a aula passeio
  • O estudo do meio (ecológico – social – cultural e político)
  • A troca de saberes entre crianças
  • A correspondência (Inter- escolar e Inter – professores) do correio à internet
  • O encontro dos correspondentes
  • A expressão livre – Artes Plásticas, Dança, Teatro, Música, Fotografia, Vídeo, Cd- rom, Moda
  • As exposições organizadas pelos alunos

" A escola Moderna não é nem uma capela nem um clube mais ou menos restrito, mas, na realidade uma via que nos conduzirá àquilo que ,todos juntos, construirmos."
Célestin Freinet

O DIA A DIA DA SALA DE AULA FREINET

Cada turma possui conteúdos específicos, elaborados pelo curriculo da escola, oportunizando um melhor aprendizado.

LIVRO DA VIDA

Livro coletivo elaborado pela turma com folhas grandes, é nele que ficam registrados os acontecimentos importantes da turma. Este livro é um verdadeiro documento de classe. Trabalha-se o registro da história.

REGISTROS DO DIA

Quadro de lideranças, registros de tempo, calendário, assembléias de entrada e saída, onde são discutidos assuntos da organização da sala e planejamento cooperativo.
As paredes vivas todos os trabalhos são desenvolvidos pelos alunos, e ficam em exposição.

NOME DO GRUPO

A cada semestre os alunos escolhem o nome do grupo ( turma) e fazem uma pesquisa elaborada sobre ele. Os nomes são variados de acordo com a proposta dos alunos, no ano de 2007 foram escolhidos alguns como: Grupo dos Animais, Grupo do Bicho Preguiça, Grupo da Vitória Régia, entre outros.

CAIXAS DE TRABALHO

Conjunto de materiais para construção.

AULA PASSEIO

Os alunos com a aula passeio tem um maior contato com a realidade do meio em que vive, tendo um aprendizado natural e agradável, tem a oportunidade de: ampliar a vivência, experimentar, confirmar, ampliar o relacionamento com os colegas, professores e pais.