sexta-feira, 26 de novembro de 2021

A revolução de Aquenáton, o faraó que acabou com 2 mil deuses e instaurou o monoteísmo no Egito

Casado com a famosa rainha Nefertiti, Aquenáton também era conhecido com Amenhotep IV

Desde o início de seu reinado, o faraó Aquenáton e sua mulher Nefertiti decidiram desafiar todo o sistema religioso do Antigo Egito. Dispostos a sacudir as bases de sua sociedade, eles criaram ideias que levariam o império à beira do abismo.

O casal começou a reinar durante os anos dourados da civilização egípcia, por volta de 1.353 a. C., quando o império era o mais rico e poderoso do mundo —as colheitas eram abundantes, a população, bem alimentada, os templos e palácios reais estavam cheios de tesouros e o exército obtia inúmeras vitórias contra todos os inimigos. Todos acreditavam que o sucesso vinha por conseguirem manter os deuses felizes.

Foi então que Aquenáton chegou ao trono com o ímpeto de modificar uma religião de 1,5 mil anos de idade.

Somente o sol

A ideia era revolucionária: pela primeira vez na história, um faraó queria substituir o panteão de deuses egípcios por uma única divindade — o deus Sol, ou Atón, o criador de todos.

A proposta era considerada uma heresia. Mas como o faraó era considerado um deus na terra, tinha poderes ilimitados para modificar o que quisesse. Ele decretou que os 2 mil deuses que eram adorados no Egito havia mais de um milênio estavam extintos. Suas aparências humanas e animalescas foram substituídas pela forma abstrata do Sol e de seus raios.

O sol era o único deus necessário para nova religião

Para os poderosos sacerdores tradicionais, que haviam dedicado suas vidas inteiras aos deuses antigos, a mudança de doutrina era uma catástrofe. Eles praticamente haviam governado o Egito, agora eram dispensáveis — e formavam um grupo perigoso de inimigos para Aquenáton.

No quinto ano de seu reinado, o faraó decidiu que deixaria a cidade de Tebas e se instalaria ao norte do rio Nilo.

Lúxor, à beira do rio Nilo, foi construída sobre as ruínas de Tebas

Rumo ao futuro

Àquela altura, era evidente que Aquenáton queria romper com o passado. Ele deu a Nefertiti igualdade de poderes e o título de Grande Esposa Real. Juntos eles viajam 320 quilômetros e mandaram construir uma cidade no local onde hoje fica o município de Amarna.

Sobre uma rocha que ainda existe nas colinas da região, está escrita uma proclamação pública composta por Aquenáton que explica o motivo que o levou a escolher precisamente aquele lugar. Ele teria sido comandado pelo próprio deus Sol, que o mandava edificar ali.

A comunicação teria sido feita por meio de um sinal: a região é cercada de colinas, e em certas épocas do ano o Sol se põe entre elas, criando a forma do hieróglifo do horizonte. Aquenáton interpretou isso como um sinal.

Sol se pondo entre colinas e formando o símbolo do horizonte

Horizonte de Atón

Millhares de pessoas de Tebas foram trazidas para construir, decorar e administrar a nova capital, que chegou a ter população de 50 mil pessoas.

A cidade tinha poços, árvores e jardins florescendo no meio do deserto. Casas, palácios e templos ao deus único foram criados em tempo recorde.

O local foi batizado de Ajetatón —horizonte de Aton— e se tornou o novo coração político e religioso do império, e o centro de um novo culto.

Não só a capital e a religião mudaram. A revolução iniciada pelo casal real trouxe outras novidades: nos costumes.

Gravuras que retratam a vida íntima da família real eram uma novidade


Pela primeira vez a família real era retratada demonstrando afeto

Gravuras cheias de detalhes encontradas em Amarna mostram momentos íntimos da vida da família real, como Aquenáton e Nefertiti abraçando suas filhas. Até então, nenhuma família real egípcia havia sito retratada em demonstrações de carinho.

São obras espontâneas e cheias de vida se comparadas com a arte egípcia anterior, que tende a ser mais estática e monumental.

As estátuas do faraó que ainda existem possuem as mesmas qualidades. A sua postura, de pé, com os braços cruzados sustentando insígnias reais, é comum. Mas sua fisionomia é completamente diferente da dos soberanos que vieram antes e depois, que costumam ter semblantes fortes e viris.

Não restaram muitas estátuas do faraó

Aquenáton, ao contrário, tem um rosto comprido, com um nariz grande que aponta para sua barba. Seus inusitados lábios carnudos, seus quadris largos e sua barriga um pouco proeminente remetem a uma sensualidade feminina.

Oração ao ar livre

A arquitetura do período também demonstra um desejo de romper com o passado. Os templos tradicionalmente fechados se afunilavam, com o piso levemente levantado e o teto caído, e pouquíssima entrada de luz.

O culto ao Sol trouxe santuários ao ar livre, algo que nunca havia sido feito em grande escala.


Em certo momento, os únicos fiéis autorizados a entrar nos templos eram o faraó e sua mulher. A partir de textos encontrados nos dias de hoje, os estudiosos teorizam que Aquenáton e Nefertiti passaram a acreditar que somente eles podiam se comunicar com Aton. O faraó seria filho de Deus e Nefertiti também seria divina - os súditos deveriam adorá-los. 

Foi o ápice de sua revolução religiosa. 

Queda

No entanto, as coisas começaram a desandar. Os súditos não haviam de fato abandonado a adoração aos outros deuses, então Aquenáton ordenou que todas as imagens dos deuses antigos fossem destruídas, especialmente as do deus maior do panteão, Amon-Rá.

Também mandou seus soldados apagarem a memória de todos os deuses em suas terras. No fim de seu reinado, sua revolução se enfraqueceu - como ele se recusava a sair da nova cidade, era visto como fraco e o império como vunerável a invasões. 

Tábuas de argila encontradas em Amarna
revelam a natureza do problema enfrentado pelo faraó

Tábuas de argila encontradas em Amarna mostram o estado em que se encontrava o império. Uma delas foi enviada pelo governante de um dos países vizinhos protegidos pelo faraó. Ele pedia que o Egito enviasse tropas para ajudá-lo a manter os hititas, inimigos do império, sob controle.

"Já pedi, mas não fui respondido. Não me enviaram a ajuda de que preciso", se queixava o governante. Aquenáton nunca enviou tropas e o Estado vizinho caiu nas mãos dos hititas — o exército estava tão ocupado em missões de perseguição religiosa que o Egito perdeu territórios, poder, posses e status no continente.

Muitas tragédias

Nas paredes do túmulo de Aquenáton está gravado o drama da família.


Mortes na família enfraqueceram Aquenatón ainda mais

Apesar de estar muito danificada, é possível ver uma cena de luto. Umas das princesas morreu e seus pais aparecem chorando - algo sem precedentes, já que as famílias reais jamais demonstravam emoções em público.

Outras evidências indicam que Aquenáton perdeu mais de uma filha, provavelmente por causa da peste, que arrasava a região na época.

Epidemias do tipo podiam matar até 40% da população, e, como era faraó, Aquenáton era considerado pessoalmente responsável pela desgraça. Para os súditos, a catástrofe era resultado de uma ofensa feita aos antigos deuses.

No pico da crise, a rainha Nefertiti morreu e o soberano perdeu a mulher que o havia acompanhado desde o princípio.

Nefertiti era conhecida por sua beleza
e por suas qualidades como governante
 
Paraíso perdido

 

O paraíso de Aquenáton estava à beira do colapso. O Egito estava perdendo sua riqueza e poder.

Treze anos depois da fundação de sua cidade, Aquenáton morreu. Há quem acredite que ele tenha sido assassinado para que seu reinado terminasse.

A cidade foi abandonada e, mais tarde, sistematicamente destruída e apagada dos registros. Também foram esquecidos o culto à Atón e o próprio Aquenáton, que durante muito tempo só foi lembrado por ser, segundo indicam os registros, o pai do grande Tutancâmon, seu sucessor.

Tutancâmon é o mais famoso dos 170 faraós que se estima terem governado o Egito


Foi Tutancâmon quem resgatou os antigos deuses e restaurou o poder e a prosperidade do Egito. Os sacerdotes voltaram a ter seu antigo poder, e a vida voltou à normalidade.

Nenhum outro faraó egípcio voltou a tentar mudar a ordem estabelecida e desafiar a religião tradicional. Os que vieram após Aquenáton se esforçaram por destruir todos os registros de seu culto herege.

Suas estátuas foram derrubadas e as pedras dos templos usadas como material para a construção de novos prédios. As rochas esculpidas foram escondidas que ninguém voltasse a vê-las.

Isso acabou preservando-as para a posteridade: na década de 1920, elas começaram a reaparecer. Muito do que sabemos de Aquenáton e do culto a Atón vem delas.

Ruínas da cidade que foi o sonho de Aquenáton e Nefertiti se encontram
próximas à cidade de Amarna


Fonte: https://www.bbc.com/portuguese/geral-40602931




 







segunda-feira, 15 de novembro de 2021

(...)

Menos de 10% das pessoas na China se consideram religiosas. Elas possuem muitas crenças e tradições, valorizam a espiritualidade e o cuidado com a alma, mas dificilmente se enquadram em uma religião.

As religiões chinesas mais conhecidas são o budismo e o confucionismo, duas vertentes que derivaram de culturas filosóficas. Mas não são a únicas: é possível encontrar pessoas do islamismo, catolicismo e outras vertentes.

LIBERDADE RELIGIOSA NA CHINA

Em termos oficiais, na China existe liberdade de crença. A realidade, no entanto, é bem diferente. O governo do país está sempre tomando medidas com o objetivo de derrubar religiões no território, principalmente aquelas de origem estrangeira.

Uma das principais religiões da China, forte no ocidente, é o catolicismo. Mas para o governo da China, a única religião que deve prevalecer é o respeito aos governantes.

O presidente é a autoridade suprema da China. Mas não é só isso: deve ser respeitado como um verdadeiro Deus. Por isso o número de crentes na China não para de cair.

As pessoas não podem se manifestar livremente e as igrejas são perseguidas pelo Estado. 

Principais Religiões da China

BUDISMO

Considerada a maior religião da China, o Budismo foi introduzido no país no século I depois de Cristo. Não é uma religiçao tipicamente chinesa, se originou na Ásia central.

O fundador do Budismo é proveniente do Nepal. Trata-se do príncipe Sidarta Gautama, um homem bastante rico, vindo de uma família de posses e grande reinado.

De acordo com a história, Gautama abandonou todo o seu luxo, posses e riquezas para encontrar a verdadeira felicidade, a essência da vida. Depois de várias tentativas frustradas, Gautama decidiu meditar para encontrar a verdade.

Foi quando recebeu a iluminação e se transformou em Buda (que significa “aquele que foi iluminado”), passando a influenciar outras pessoas do seu tempo.

Existem, no entanto, três formas diferentes de Budismo, que seriam facções: tibetano, Han e do Sul. O Budismo da China se tornou tão popular, que agora é conhecido no mundo todo.

Quem vai até a China pode conhecer os inúmeros templos budistas. Eles estão espalhados por todos os cantos e em todas as cidades. Respeitar os espaços sagrados na China é fundamental – sob pena de prisão e multas pesadas.

TAOÍSMO

Diferente do Budismo, o Taoísmo é uma religião originária da China. Surgiu no século II, com base no culto à natureza e aos povos ancestrais. Em termos conceituais, o Taoísmo é visto menos como uma religião e mais como uma doutrina mística e filosófica.

Foi desenvolvida pelo pensador Lao Tse, um dos mais importantes da história da China. As principais características do Taoísmo são: valorização da natureza, crença no poder do universo, em uma existência natural e serena.

De acordo com números recentes, existem na China aproximadamente 25 mil monges praticantes do Taoísmo e 1500 templos.

Assim como o Confucionismo, sobre o qual falaremos a seguir, o Taoísmo não é uma religião, em sua essência, mas sim uma doutrina de viés filosófico. A religiosidade é apenas um dos seus aspectos.

CONFUCIONISMO

O Confucionismo é uma doutrina religiosa e moral, criada pelo pensador Confúcio. Ele viveu no século VI a.C. Para ter uma ideia da força dessa corrente de pensamento, o Confucionismo foi a religião oficial da China por quase dois mil anos.

Entre as principais características dessa religião chinesa está a valorização da família, do pensamento racional e lógico, da humanidade e do respeito aos superiores hierárquicos.

Assim como o Budismo, o Confucionismo é tido como uma das principais religiões da China. Exerce um poder muito grande, não apenas religioso, mas também moral.

Afinal de contas, não se trata propriamente de uma religião, com crenças em céu e inferno, pecado e divindades, mas sim um sistema de normas, de crenças e valores sociais e familiares,

INTERCÂMBIO RELIGIOSO NA CHINA

Assim como muitas das religiões e correntes religiosas chinesas podem ser vistas em outros países, como no Brasil, o oposto também acontece. Com a globalização e a revolução cultural, algumas religiões estão entrando na China.

Claro, é muito mais fácil alguma coisa sair do que entrar na China. Como você viu, eles não estão completamente abertos para novas religiões.

Mas nos dias atuais é possível encontrar, em diversas partes da China, religiões como o islamismo e o catolicismo. São vertentes religiosas bem populares no mundo todo.

O cristianismo é mais presente na parte ocidental, ao passo que o islamismo é forte no Oriente médio.

PARTIDO COMUNISTA DA CHINA

Sim, uma das principais potências capitalistas do mundo é comunista! Existem alguns pesquisadores que afirmam que de comunista a China só tem o nome.

E é justamente o Partido Comunista da China, o único em atividade, que está criando regras mais severas para as igrejas. Por isso o tema religião na China é tão complexo.

Ao mesmo tempo em que existem diversas religiões ativas no país, a liberdade de crença continua sendo reprimida, ainda que por baixo dos panos. As regras são muito severas e as denominações religiosas acabam não encontrando espaço.

Gostou de conhecer um pouco mais sobre as religiões da China? Esse é um país repleto de diferenças culturais, quando comparado aos países do ocidente. Apesar do grande número de religiões, a maioria das pessoas se diz sem religião.

Criou-se o que se chama de ateísmo de Estado, quando o próprio governo estimula as pessoas a não professar nenhuma religião específica. Prevalece na China o respeito ao governo e ao presidente.

Se você conhece algum chinês ou pretende ir para a China, é bom estar por dentro da cultura desse povo. Informação nunca é demais. Agora você está mais informado do que a maioria das pessoas. Aproveite isso.


FONTE: https://yakiobadelivery.com.br/saiba-tudo-sobre-as-religioes-da-china/