segunda-feira, 31 de outubro de 2016

Prometeu


Há várias versões sobre o mito de Prometeu, herói da mitologia grega. Seu nome, no idioma grego, significa ‘premeditação’. E é realmente o que este titã, um dos deuses que enfrentam o Olimpo e suas divindades, mais pratica em sua trajetória, a arte de tramar antecipadamente seus planos ardilosos, com a intenção de enganar os deuses olímpicos.

Ele era filho de Jápeto e de Ásia, irmão de Atlas, Epimeteu e Menoécio, e se tornou o progenitor de Deucalião. Uma outra vertente menos significativa aponta como pais de Prometeu a deusa Hera e o gigante Eurimedon. Este deus foi o co-criador, ao lado de Epimeteu, da raça humana, e a ela também se atribui o furto do fogo divino, com o qual presenteou a Humanidade.

Prometeu com o Fogo Divino.
Pintura de Heinrich Fueger (1817)
Muito amigo de Zeus, o ardiloso Prometeu ajudou o deus supremo a driblar a fúria de seu pai Cronos, o qual foi destronado pelo filho. O dom da imortalidade não o impediu de se aproximar demais do Homem, sua criação – de acordo com algumas histórias, ele o teria concebido com argila e água, depois que seu irmão esgotou toda a matéria-prima de que dispunha com a geração dos outros animais, e lhe pediu auxílio para elaborar a raça humana.

Ele concedeu ao ser humano o poder de pensar e raciocinar, bem como lhes transmitiu os mais variados ofícios e aptidões. Mas esta preferência de Prometeu pela companhia dos homens deixou o enciumado Zeus colérico. A raiva desta divindade cresceu cada vez mais quando ele descobriu que seu pretenso amigo o estava traindo.

O titã matou um boi e o fracionou em dois pedaços, ambos ocultos em tiras de couro; destas frações uma detinha somente gordura e ossos, enquanto a carne estava reservada para o pedaço menor. Prometeu tentou oferecer a parte mínima para os deuses olímpicos, mas Zeus não aceitou, pois desejava o bocado maior. Assim sendo, o filho de Jápeto lhe concedeu este capricho, mas ao se dar conta de que havia sido ludibriado, Zeus se enfurece e subtrai da raça humana o domínio do fogo.

É quando Prometeu, mais uma vez desejando favorecer a Humanidade, rouba o fogo do Olimpo, pregando uma peça nos poderosos deuses. Já outra versão justifica essa peripécia de Prometeu como uma forma de obter para a raça humana um elemento que lhe garantiria a necessária supremacia sobre os demais seres vivos.

Prometeu Acorrentado
(pintura de Dirck van Baburen - 1595-1624)
O fato é que Zeus decidiu punir Prometeu, decretando ao ferreiro Hefesto que o prendesse em correntes junto ao alto do monte Cáucaso, durante 30 mil anos, durante os quais ele seria diariamente bicado por uma águia, a qual lhe destruiria o fígado. Como Prometeu era imortal, seu órgão se regeneravaconstantemente, e o ciclo destrutivo se reiniciava a cada dia. Isto durou até que o herói Hércules o libertou, substituindo-o no cativeiro pelo centauro Quíron, igualmente imortal.

Zeus havia determinado que só a troca de Prometeu por outro ser eterno poderia lhe restituir a liberdade. Como Quíron havia sido atingido por uma flecha, e seu ferimento não tinha cura, ele estava condenado a sofrer eternamente dores lancinantes. Assim, substituindo Prometeu, Zeus lhe permitiu se tornar mortal e perecer serenamente. Este belo mito foi transformado em célebre tragédia pelo poeta grego Èsquilo, no século V a.C, intitulada Prometeu Acorrentado.

http://www.infoescola.com/mitologia-grega/prometeu/


Fontes:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Prometeu
http://pt.wikipedia.org/wiki/Quíron
http://pt.wikipedia.org/wiki/Titã_(mitologia)
http://pt.wikipedia.org/wiki/Ésquilo
http://pt.wikipedia.org/wiki/Hera
http://www.geocities.com/wellesley/atrium/4886/prometeu.htm

O QUE É UM PARADIGMA E AS METÁFORAS PELAS QUAIS VIVEMOS?

O termo “paradigma” refere-se à estrutura conceptual, sistema de crenças e perspectiva geral através da qual vemos e interpretamos o mundo.

O dicionário define paradigma como “um padrão, exemplo ou modelo”. A palavra deriva do paradeigma grego, composto de para, que significa “ao longo de, ao lado ou além” e deigma, que significa “ao lado do ou além do exemplo”; poderíamos dizer que é aquilo que está ao longo ou “se encaixa” num exemplo – um modelo, portanto. Também poderiamos dizerque é aquilo que está “além da demonstração”, implicando algo de certo modo invisível ou despercebido. Desse modo, paradigma capta um duplo sentido, significando tanto um modelo de alguma coisa (por exemplo, o mundo) como uma estrutura invisível (por exemplo, o sistema de pensamentos dentro do qual visualizamos o mundo).
Nosso paradigma determina o que somos capazes de ver, como pensamos e o que fazemos. Não questionamos sua exatidão, porque geralmente não temos consciência de sua existência. Tentarmos refletir sobre nossa própria visão do mundo é como tentarmos estudar a cor azul enquanto usamos óculos de cor azul. Não conseguimos nos distanciar dela o bastante a ponto de vermos o quanto afeta a nossa percepção. Simplesmente presumimos que a maneira de vermos as coisas é como elas realmente são. Nossos paradigmas geralmente são tudo quanto sabemos e só se tornam perceptíveis para nós quando deparamos com os que são diferentes dos nossos próprios.
Paradigmas Científicos 
O historiador da ciência Thomas Kuhn deu destaque aos paradigmas em seu livro clássico The Structure of Scientific Revolutions (A Estrutura da Revoluções Científicas – Universidade de Chicago, 1962). Descreve como a comunidade científica sustenta os paradigmas: “como uma decisão judicial acatada pelo direito consuetudinário”. Kuhn prossegue em sua explicação:
“Os paradigmas ganham seus ‘status’ porque têm mais sucesso do que seus concorrentes na solução de alguns problemas que a classe profissional passou a reconhecer como críticos. O sucesso de um paradigma…é de início amplamente uma promessa de sucesso que se pode descobrir em exemplos selecionados e ainda incompletos. A ciência normal consiste da realização dessa promessa”.
Segundo Kuhn, um paradigma científico é mais como uma hipótese que a “ciência normal” desenvolve com o acúmulo de cada vez mais dados. Como tais, os cientistas tendem a buscar coerência e evitar novidades. Desprezam com frequência anomalias que desfiam o paradigma existente até que essas anomalias se tornem diruptivas demais para serem ignoradas.
Qualquer paradigma científico ocorre dentro de um contexto cultural que apóia o projeto da ciência. Embora os paradigmas possam existir em muitas escalas – pessoal, familiar, comunitária – eles defluem das nascentes de um paradigma cultural mais profundo que é o contexto dentro do qual existe o nosso entendimento da ciência e da religião.
Metáforas pelas quais vivemos
Nossos pressupostos básicos sobre o universo estão incrustados nas metáforas que utilizamos. A ecofilósofaJoanna Macy examina cinco metáforas centrais através das quais as pessoas de diversas tradições espirituais vêem o mundo: o mundo como campo de batalha, o mundo como sala de aula, o mundo como armadilha, o mundo como amante e o mundo como eu. Acrescentamos a essa lista o mundo como máquina.
O Mundo como Campo de Batalha
“Muita gente vê o mundo como um campo de batalha, onde o bem e o mal se opõem um ao outro e as forças da luz combatem as forças das trevas. Esta antiga tradição remonta aos zoroastristas e maniqueístas (filosofia dualista que divide o mundo entre bem e mal, afirmando que a matéria é intrinsecamente má o o espírito intrinsecamente bom). Visão que procura dar sentido a estar-se combatendo uma batalha divina por Deus ou Alá e que por fim se vencerá. As religiões fundamentalistas divulgam esta crença.
O Mundo como Sala de Aula
“Uma versão mais inócua da imagem do campo de batalha, é a imagem do mundo como sala de aula, uma espécie de ginásio ou academia moral onde se passa por certos testes que provariam o fervor do indivíduo e lhe ensinariam certas lições para poder graduar-se para outros estágios e recompensas. Seja um campo de batalha, seja uma sala de aula, o mundo é um campo de provas, com pouco valor além disso. O que conta são as nossas almas imortais, que aqui estão sendo testadas…Em nome da sua alma, você se dispõe a destruir”. Essas duas visões são fortes entre as religiões monoteístas. Mas, de acordo com Macy, os agnósticos também podem cair presas dessa maneira de pensar quando se tornam militantes ou farisaicos. O fundamentalismo tem tanto adeptos religiosos como seculares.
O Mundo como Armadilha
“Aqui a visão é não se engajar em luta ou derrotar o inimigo, mas nos desenredarmos e escaparmos deste mundo bagunçado. Procuramos nos destrinçar e ascender a um plano mais alto e supra-fenomênico. Esta posição baseia-se numa visão hierárquica da realidade, onde a  mente é vista como superior à matéria e o espírito está assentado acima da natureza. Esta visão encoraja o menosprezo ao plano material” diz Macy. A visão de mundo ocidental baseava-se nesta metáfora, sendo a armadilha a ilusão de que o mundo fenomênico é real. Para conhecer a verdade é preciso aprender diretamente as idéias ou formas platônicas transcendentes e eternas. Essas formas perfeitas são imutáveis, um alívio acolhedor da opressiva torrente e caos do mundo. Elementos desta visão do mundo entraram em todas as principais religiões dos últimos 3.000 anos, independentemente de suas metafísicas. Segundo Macy, “Muitos de nós que seguem uma senda espiritual se deixam levar por esta visão. Querendo afirmar uma realidade transcendente distinta de uma sociedade que parece muito materialista, colocamo-la num nível supra-fenomênico afastado da confusão e do sofrimento. A tranquilidade que as práticas espirituais proporcionam, imaginamos nós, pertence a um lugar afastado do nosso mundo e ao qual podemos ascender, estar a salvos e serenos”. Para aqueles que não se envolveram com buscas espirituais, uma outra versão desta visão do mundo é a idéia de que precisamos nos curar de toda a nossa neurose e limitações emocionais primeiro para depois podermos participar do mundo. Por esta perspectiva, o eu e o mundo são vistos como essencialmente separados, de modo que acreditamos poder curar um sem a cura do outro.
O Mundo como Máquina
Também conhecido como modernidade, o mundo é visualizado como uma coleção de objetos inanimados que interagem de maneira mecanicista previsível baseada em leis matemáticas (principalmente desenvolvidas porIsaac Newton e, portanto, conhecidas como newtonianas, ou física clássica). Introduzida no século 17 por Descartes, Newton, Bacon e outros, a modernidade estabeleceu uma descontinuidade entre mente e a matéria, o subjetivo e o o objetivo e, por fim, entre ciência e religião. Durante séculos de luta entre uma maré alta de empiristas que lutavam contra uma teologia entrincheirada, desenvolveu-se uma trégua incômoda. A ciência reivindicava o domínio do mundo mental.
Numa visão do mundo onde o físico e o mental dividiram lealdades, o que acontece com os intensos impulsos religiosos e espirituais que abordam o papel essencial do significado em nossas vidas? O teórico integral Ken Wilber argumenta que, quando recalcada para o fundo, a carência humana básica de transcendência sai “pelos lados”, por meio das compulsões de acumular posses e afagar o ego.
o Mundo como Amante
Macy diz-nos que com esta visão, “O mundo é olhado como um parceiro mais íntimo e gratificante. No induismo encontramos algumas das mais ricas expressões de nossa relação erótica com o mundo. Aqui o desejo desempenha um papel criativo e manifestador do mundo e sua carga no hinduísmo propulsiona para a adoração de Krishna, onde canções devocionais, ou bhajans, propelem os anseios eróticos do corpo e da alma…Você se senti acolhido pelo jogo primal e erótico da vida. A afirmação erótica do mundo fenomênico não se limta ao hinduísmo. As religiões de antigas deusas, que atualmente são examinadas, também a cultuam, assim como o fazem algumas melodias do sufismo e da cabala, e o cristianismo tem suas tradições de misticismo nupcial”. Poetas românticos do século 19, como Blake, Wordsworth e Shelley sentiram esta afinidade erótica com o mundo, como sentiu Walt Whitman em seu “corpo elétrico”. O movimento Transcendentalista Estadunidense, com Emerson e Thoreau, também comungava profundamente com o mundo natural para descobrir que, em assim o fazendo, eles se tornavam cada vez mais plenamente humanos.
O Mundo como Eu
O mundo como amante é complementar ao mudo como eu. O sujeito (o amante) e o objeto (o amado) não mais são separados. O mundo é um todo interligado e cada indivíduo é um nó na teia viva da vida. A tradição hindu oferece a imagem da rede de Indra, na qual cada nó é uma joia que cintila com o reflexo de todos os outros nós. No pensamento budista encontramos esta ideia expressa no conceito de “originação dependente”, ou causalidade mútua. Hoje esta percepção também surge no campo da ciência – em geral na teoria de sistemas, na ciência da complexidade e na física quântica. Estamos descobrindo que  mente é imanente na natureza e se estende para muito além dos espaços de nossos objetivoss conscientes individuais.
Como você opera dentro de cada uma dessas visões do mundo?
Como você  vê essas visões do mundo sendo expressas no mundo ao seu redor?
Cada uma dessas visões é igualmente válida?
O que valida mais uma do que outras?
O autor Robert Todd Carol nos alerta sobre uma concepção equivocada de que “o que forma um paradigma é relativo e subjetivo e, portanto, puramente pessoal e sem ligação ou prova na realidade. Alguns daqueles que acham que criacionismo e evolução são concorrentes paradigmas ou teorias cometem este erro. Pode ser verdade que todas as teorias e crenças sejam até certo ponto ‘subjetivas’, mas isso não significa que todas sejam igualmente úteis ou prováveis ou até do mesmo tipo”.
Fonte: Saindo da Matrix
Edição: Shakyamuni

FONTE: http://estaremsi.com.br/o-que-e-um-paradigma-e-as-metaforas-pelas-quais-vivemos/

Síntese de A Estrutura das Revoluções Científicas, de Thomas Kuhn

Apresenta-se aqui uma síntese de alguns dos tópicos importantes do livro de Thomas Kuhn, The Structure of Scientific Revolutions, cuja primeira edição apareceu em 1962. Essa síntese não visa, evidentemente, a substituir a leitura do próprio livro, tendo caráter meramente didático e introdutório.

Kuhn começou sua carreira acadêmica como físico teórico, interessando-se depois por história da ciência. Ao longo das importantes investigações que empreendeu acerca das teorias científicas passadas, realizadas segundo uma nova perspectiva historiográfica, que procura compreender uma teoria a partir do contexto de sua época, e não do ponto de vista da ciência de hoje, Kuhn se deu conta de que a concepção de ciência tradicional não se ajustava ao modo pelo qual a ciência real nasce e se desenvolve ao longo do tempo. Essa percepção da inadequação histórica das idéias usuais sobre a natureza da ciência o conduziu, finalmente, à filosofia da ciência. Seus estudos nessa área apareceram publicados de modo mais amplo em seu livro de 1962, A Estrutura das Revoluções Científicas. Esse trabalho viria a exercer uma influência decisiva nos rumos da filosofia da ciência. Embora em uma linguagem aparentemente acessível, Kuhn avança nele teses bastante sofisticadas sobre o conhecimento científico e o conhecimento em geral, que receberam críticas filosóficas diversas ao longo dos anos. Naturalmente, este não é o lugar para adentrarmos essas discussões. Limitar-nos-emos a expor simplificadamente alguns dos pontos destacados por Kuhn e que aglutinaram as atenções dos filósofos da ciência nas décadas subseqüentes à publicação do livro.

A espinha dorsal da concepção kuhniana de ciência consiste na tese de que o desenvolvimento típico de uma disciplina científica se dá ao longo da seguinte estrutura aberta:

fase pré-paradigmática ® ciência normal ® crise ® revolução ®

nova ciência normal ® nova crise ® nova revolução ® ...







Daremos agora uma explicação simplificada das noções envolvidas nessa cadeia evolutiva de uma ciência.

fase pré-paradigmática representa, por assim dizer, a pré-história de uma ciência, aquele período no qual reina uma ampla divergência entre os pesquisadores, ou grupos de pesquisadores, sobre quais fenômenos dever ser estudados, e como o devem ser, sobre quais devem ser explicados, e segundo quais princípios teóricos, sobre como os princípios teóricos se inter-relacionam, sobre as regras, métodos e valores que devem direcionar a busca, descrição, classificação e explicação de novos fenômenos, ou o desenvolvimento das teorias, sobre quais técnicas e instrumentos podem ser utilizados, e quais devem ser utilizados, etc. Enquanto predomina um tal estado de coisas, a disciplina ainda não alcançou o estatuto de científica, ou seja, não constitui uma ciência genuína.

Uma disciplina se torna uma ciência quando adquire um paradigma, encerrando-se a fase pré-paradigmática e iniciando-se uma fase de ciência normal. Este é o critério de demarcação proposto por Kuhn para substituir os critérios indutivista e falseacionista. O termo ‘paradigma’ tem uma acepção bastante elástica no texto original de Kuhn, e não podemos aqui adentrar as sutilezas de seu significado. Em seu sentido usual, pré-kuhniano, o termo significa ‘exemplo’, ‘modelo’. Assim, amo, amas, ama, amamos, amais, amam é um paradigma da conjugação do indicativo presente dos verbos regulares da Língua Portuguesa terminados em ‘ar’.

Kuhn percebeu que a transição para a maturidade, para a fase científica, de uma disciplina envolve o reconhecimento, por parte dos pesquisadores, de uma realização científica exemplar, que defina de maneira mais ou menos clara os principais pontos de divergência da fase pré-paradigmática. A mecânica de Aristóteles, a óptica de Newton, a química de Boyle, a teoria da eletricidade de Franklin estão entre os exemplos dados por Kuhn de paradigmas que fizeram algumas disciplinas adentrar a fase científica.

É difícil explicitar, especialmente em poucas palavras, os elementos que entram na formação de um paradigma. Kuhn sustenta mesmo que essa explicitação nunca pode ser completa. A razão disso é que o conhecimento de um paradigma é, em parte, tácito, adquirido pela exposição direta ao modo de fazer ciência determinado pelo paradigma. Assim, por exemplo, é somente fazendo óptica à maneira de Newton que se pode conhecer completamente o paradigma óptico newtoniano, ou fazendo eletromagnetismo à maneira de Maxwell que se pode conhecer completamente o paradigma eletromagnético.

No entanto, podemos, a título de balizamento, considerar como partes integrantes de um paradigma: uma ontologia, que indique o tipo de coisa fundamental que constitui a realidade; princípios teóricos fundamentais, que especifiquem as leis gerais que regem o comportamento dessas coisas; princípios teóricos auxiliares, que estabeleçam sua conexão com os fenômenos e as ligações com as teorias de domínios conexos, regras metodológicas, padrões e valores que direcionem a articulação futura do paradigma; exemplos concretos de aplicação da teoria; etc.

Um paradigma fornece, pois, os fundamentos sobre os quais a comunidade científica desenvolve suas atividades. Um paradigma representa como que um “mapa” a ser usado pelos cientistas na exploração da Natureza. As pesquisas firmemente assentadas nas teorias, métodos e exemplos de um paradigma são chamadas por Kuhn de ciência normal. Essas pesquisas visam, principalmente, a extensão do conhecimento dos fatos que o paradigma identifica como particularmente significativos, bem como o aperfeiçoamento do ajuste da teoria aos fatos pela articulação ulterior da teoria e pela observação mais precisa dos fenômenos.

Um ponto importante destacado por Kuhn é que enquanto o “mapa” paradigmático estiver se mostrando frutífero, e não surgirem embaraços sérios no ajuste empírico da teoria, o cientista deve persistir tenazmente no seu compromisso com o paradigma. Embora a ciência normal seja uma atividade altamente direcionada, e em um certo sentido seletiva, essa restrição é essencial ao desenvolvimento da ciência. É somente centrando sua atenção em uma gama selecionada de fenômenos e princípios teóricos explicativos que o cientista conseguirá ir fundo no estudo da Natureza. Nenhuma investigação de fenômenos poderá ser levada a cabo com sucesso na ausência de um corpo de princípios teóricos e metodológicos que permitam seleção, avaliação e crítica do que se observa. Aqui se nota um dos principais enganos da concepção clássica de ciência, que imaginava ser possível fazer observações neutras. Nas concepções contemporâneas, reconhece-se que fatos e teorias estão em constante relação de interdependência, como que em “simbiose”, os primeiros sustentando as últimas e estas contribuindo para a sua seleção, classificação, concatenação, predição e explicação. De posse de um corpo de princípios teóricos e regras metodológicas, o cientista não precisa a cada momento reconstruir os fundamentos de seu campo, começando de princípios básicos e justificando o significado e uso de cada conceito introduzido, assim como a relevância de cada fenômeno observado.

Kuhn entende a ciência normal como uma atividade de resolução de “quebra-cabeças” (puzzles), já que, como eles, ela se desenvolve segundo regras relativamente bem definidas. Só que na ciência os quebra-cabeças nos são apresentados pela Natureza. Ao longo da exploração de um paradigma pode ocorrer que alguns desses quebra-cabeças se mostrem de difícil solução. O dever do cientista é insistir no emprego das regras e princípios paradigmáticos fundamentais o quanto possa. Utilizando a analogia, não vale, por exemplo, cortar um canto de uma peça do quebra-cabeça para que se encaixe em uma determinada posição. Mas no caso da ciência esse apego ao paradigma, que é essencial, como indicamos acima, não pode ser levado ao extremo. Quando quebra-cabeças sem solução a que Kuhn denomina anomalias se multiplicam, resistem por longos períodos aos melhores esforços dos melhores cientistas, e incidem sobre áreas vitais da teoria paradigmática, chegou o tempo de considerar a substituição do próprio paradigma. Nestas situações de crise, membros mais ousados e criativos da comunidade científica propõem alternativas de paradigmas. Perdida a confiança no paradigma vigente, tais alternativas começam a ser levadas a sério por um número crescente de cientistas. Instala-se um período de discussões e divergências sobre os fundamentos da ciência que lembra um pouco o que ocorreu na fase pré-paradigmática. A diferença básica é que mesmo durante a crise o paradigma até então adotado não é abandonado, enquanto não surgir um outro que se revele superior a ele em praticamente todos os aspectos.

Quando um novo paradigma vem a substituir o antigo, ocorre aquilo que Kuhn chama de revolução científica. Grande parte das teses filosóficas sofisticadas desse autor que se tornaram alvo de polêmicas entre os especialistas ligam-se ao que ele assevera acerca das revoluções científicas. Conforme já alertamos, não constitui propósito destas notas adentrar esse debate.

KUHN, T. S. The Structure of Scientific Revolutions. 2 ed., 
enlarged. Chicago and LondonUniversity of Chicago Press 1970.


por/Silvio Seno Chibeni
Departamento de Filosofia, Unicamp

FONTE: http://www.unicamp.br/~chibeni/textosdidaticos/structure-sintese.htm

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A teoria da ação comunicativa de Jürgen Habermas: conceitos básicos e possibilidades de aplicação à administração escolar

A teoria da ação comunicativa de Jürgen Habermas: conceitos básicos e possibilidades de aplicação à administração escolar

domingo, 30 de outubro de 2016

HUMOR


ONTOLOGIA





Ao afirmar a necessidade de uma ciência que estudasse o ser enquanto ser, voltada para os primeiros princípios e as causas mais elevadas, Aristóteles distinguiu-a como filosofia primeira e deu, assim, o primeiro passo para o advento da reflexão ontológica, dois mil anos antes da entrada do termo "ontologia" no vocabulário filosófico.

Ontologia (do grego ontos, "ser", "ente"; e logos, "saber", "doutrina") é, em sentido estrito, o "estudo do ser" e, desse modo, pode equivaler à metafísica. Uma vez que esta, com o tempo, passou a incluir outros tipos de pesquisa e reflexão (cosmológicos e psicológicos por exemplo), desde o século XVII, e sobretudo na filosofia moderna, o termo ontologia passou a designar o estudo do ser enquanto tal.

Para Aristóteles, além das diversas ciências, que se interessam por partes do ser, isto é, que atentam para determinados aspectos da existência, na observação do mundo concreto e de suas circunstâncias contingentes e mutáveis, deveria haver uma abordagem do ser enquanto ser, isto é, do ser em geral, independentemente das situações em que as coisas ou seres particulares se apresentam. Essa filosofia primeira, que os filósofos de início chamaram "metafísica", constituiria, segundo Aristóteles, um saber universal, pois se interessaria pelas primeiras causas e princípios de tudo o que existe, ou por aquilo em que tudo pode adquirir existência.

Há duas maneiras possíveis de entender a ontologia, ou seja, dois aspectos segundo os quais se pode estudar o ser. O primeiro é o aspecto dito "existencial": a ontologia, nesse caso, consiste em um saber sobre aquilo que é fundamental ou irredutível, comum a todos os entes singulares. Em outros termos, seria a ciência de um ente primeiro ou primordial em que todos os demais se sintetizam.

A segunda maneira de conceber a investigação ontológica refere-se ao aspecto "essencial" do ser e estabelece como meta a determinação daquelas leis, estruturas ou causas do ser em si. Alguns filósofos preferem separar a metafísica, identificada com a ontologia de tipo "existencial", de uma ontologia propriamente dita, definida como teoria formal dos objetos. Outros se opõem a essa divisão e defendem a unidade filosófica no estudo do ser.

História

Como disciplina especial da filosofia, a ontologia foi cultivada desde o século XVIII por autores da tradição escolástica e de outras tendências. O filósofo racionalista alemão Christian Wolff, graças a quem o termo ontologia ganhou projeção, diferenciou-a das demais ciências particulares, atribuindo-lhe caráter dedutivo abstrato e estruturando-a mediante a análise de conceitos como ser, possibilidade e realidade, quantidade e qualidade, causa e efeito etc.

Tendência oposta à de Wolff manifesta-se nas doutrinas materialistas de Spinoza, dos empiristas ingleses Hobbes e Locke e dos materialistas franceses do século XVIII. Para esses pensadores, o conhecimento dos conteúdos objetivos e concretos (por oposição ao aspecto formal e abstrato, metafísico), propiciado pelas ciências experimentais, abalava a idéia de ontologia como filosofia primeira ou disciplina filosófica superior.

Na Alemanha, Kant, o grande sucessor de Wolff, refutou a chamada "prova ontológica" da existência necessária de Deus (proposta na Idade Média por santo Anselmo e defendida, com alterações, por Descartes), e combateu, assim, a ontologia como sistema dedutivo. De modo geral, a crítica formulada pelos representantes do idealismo clássico alemão (principalmente Kant e Hegel) apresentava a ontologia com um caráter duplo: de um lado, era declarada vazia de conteúdo e tautológica; de outro, reconhecia-se a necessidade de uma disciplina filosófica fundamental, que representasse, de modo mais aperfeiçoado, aquilo a que a ontologia se propusera. Assim, sustentava-se a substituição da ontologia pela filosofia transcendental (Kant) ou pela lógica (Hegel).

Desde o fim do século XIX, em conseqüência da reação ao avanço das correntes idealistas subjetivas, foram elaboradas tentativas de fundamentar uma nova ontologia sobre bases idealistas objetivas. Tornaram-se significativas, nesse sentido, a ontologia transcendental, de Edmund Husserl; a ontologia crítica, de Nicolai Hartmann; e a ontologia fundamental, de Martin Heidegger.

Husserl postulou uma filosofia independente das ciências naturais e de qualquer recurso à psicologia, referida a outro tipo de objeto ou de realidade: as essências, ou "unidades ideais de significação". Como ciência das essências, a ontologia poderia ser de dois tipos: formal, que constituiria o fundamento de todas as ciências, e se interessaria pelas essências que apresentam correspondência com todas as outras essências; ou material, que consiste num conjunto de ontologias "setoriais", e constitui o fundamento das ciências dos fatos, baseada na ontologia formal (pois todo fato participa de alguma essência).

Para Hartmann, a "ontologia analítica e crítica" era distinta da ontologia dos escolásticos e racionalistas, que pretendiam chegar à existência (ou seja, a uma "lógica dos entes") a partir da construção de um saber sobre as essências. Hartmann preferia ver na ontologia não a tentativa de resolver todos os problemas, mas o reconhecimento daquilo que é metafisicamente insolúvel. Assim, procedia por uma reflexão não apriorística sobre todos os aspectos do real, com categorias obtidas de diversos tipos de experiência (científica, cotidiana etc.). Examinava os "momentos" do ser (existência e essência), suas "maneiras" (realidade e idealidade) e "modos" (possibilidade, realidade, causalidade, necessidade).


A "ontologia fundamental" proposta por Heidegger foi concebida como uma "metafísica da existência". Não se tratava, porém, de uma ontologia abstrata (sistema de categorias), nem de uma teoria sobre os objetos: Heidegger quis evitar as idéias filosóficas correntes sobre o ser, bem como as concepções prévias sobre o ser em geral. É preciso, segundo ele, destruir a ontologia tal como foi tradicionalmente entendida e buscar (por meio da fenomenologia por ele proposta) uma compreensão da existência fundada na finitude e que permita o acesso à realidade do ser.

FONTE: http://www.estudantedefilosofia.com.br/conceitos/ontologia.php

18 Teorias do Pensamento Contemporâneo

17 Teorias do Pensamento Contemporâneo

16 Teorias do Pensamento Contemporâneo

15 Teorias do Pensamento Contemporâneo

14 Teorias do Pensamento Contemporâneo

13 Teorias do Pensamento Contemporâneo

12 Teorias do Pensamento Contemporâneo

11 Teorias do Pensamento Contemporâneo

10 Teorias do Pensamento Contemporâneo

09 Teorias do Pensamento Contemporâneo

08 Teorias do Pensamento Contemporâneo

07 Teorias do Pensamento Contemporâneo

06 Teorias do Pensamento Contemporâneo

Teorias do Pensamento Contemporâneo Aulas: 01 até 05



















LÓGICA


A lógica é a ciência que expõe as leis, modos e formas do conhecimento científico. Trata-se de uma ciência formal desprovida de conteúdo, que se dedica ao estudo das formas válidas de inferência. Trata-se portanto do estudo dos métodos e dos princípios utilizados para distinguir o raciocínio correcto do incorrecto.

A etimologia mostra que o conceito de lógica deriva do latim logĭca, que, por sua vez, provém do termo grego logikós (de logos, “razão” ou “estudo”). O filósofo grego Aristóteles foi pioneiro a utilizar a noção para fazer referência ao estudo dos argumentos enquanto manifestadores da verdade na ciência, tendi sido ele quem sugeriu o silogismo como sendo o argumento válido.
Aristóteles é considerado o pai da lógica formal. Por outro lado, a lógica informal é o estudo metódico dos argumentos prováveis na perspectiva da retórica, da oratória e da filosofia, entre outras ciências. É especializada na identificação de lapsos e paradoxos, e na construção correcta dos discursos.
A lógica natural é a disposição natural para reflectir acertadamente sem o auxílio da ciência. A lógica difusa ou fuzzy, pela parte que lhe toca, é aquela que admite uma certa incerteza entre a veracidade ou falsidade das suas premissas, à semelhança do raciocínio humano.
Por outro lado, a lógica matemática é aquela que opera com recurso a uma linguagem simbólica artificial e realizando uma abstracção dos conteúdos.
Existem outros tipos ou classes de lógica, como é o caso da lógica binária, que trabalha com variáveis que consideram unicamente dois valores discretos.
FONTE: http://conceito.de/logica

ETHOS











quinta-feira, 27 de outubro de 2016

Método Empírico



O empirismo é a posição filosófica que aceita a experiência como base para a análise da natureza, procurando rejeitar as doutrinas dogmáticas. Usado pela primeira vez pela Escola Empírica, uma escola de praticantes da medicina na antiga Grécia, o termo empirismo deriva da palavra grega empeiría (ἐμπειρία), que designa conhecimento ou habilidade obtida por meio da prática, sendo também a origem da palavra "experiência", por intermédio do termo latino "experientia".

Empiristas defendem que o conhecimento é primariamente obtido pela experiência sensorial, alguns empiristas radicais vão além afirmando que o conhecimento só é obtido pela experiência sensorial e por nenhuma outra forma.

A posição empirista é frequentemente contrastada com o racionalismo, que estabelece a razão como origem do conhecimento, independente dos sentidos. O conceito e a busca de evidências como fonte primária de conhecimento existiu durante toda a história da filosofia e ciência, desde a Grécia antiga, mas foi com o surgimento do chamado Empirismo Britânico, no século XVII, que consolidou-se como uma posição filosófica especifica, sendo o filósofo John Locke considerado o fundador do empirismo como tal.


Os principais filósofos do Empirismo Britânico foram John Locke, George Berkeley e David Hume.


Locke, por ser empirista, parte da experiência. 
Assim, ele sustenta que as ideias não são inatas, são adquiridas. 
Deste modo, uma criança não nasce sabendo, ...

Locke é famoso por sua comparação da mente humana com uma folha em branco, tabula rasa, na qual as experiências derivadas das impressões dos sentidos são impressas. Desta forma, haveriam duas formas de surgimento de ideias, pela sensação e pela reflexão, com ideias podendo ser simples ou complexas.

As ideias simples não são passíveis de análise, sendo referentes as qualidades primárias e secundárias dos objetos. Sendo as primárias aquelas que definem o que o objeto é essencialmente, por exemplo, uma mesa tem como qualidade primária o arranjo especifico de sua estrutura atômica, qualquer outro arranjo faria outro objeto e não uma mesa. As qualidades secundárias tratam das informações sensoriais acerca do objeto, definindo seus atributos (cor, sabor, espessura, etc).

Ideias complexas combinam ideias simples e constituem substancias, modos e relações. Desta forma, segundo Locke, e discordando dos racionalistas, o conhecimento humano acerca dos objetos do mundo é a percepção de ideias que estão em concordância ou discordância umas com as outras. Esta hipótese tornou-se a base da posição empirista.

Preocupado que a posição de Locke levaria ao ateísmo, Berkeley formulou a hipótese de que as coisas só existiriam na medida em que são percebidas. Para além destas, existiriam as entidades que percebem, tendo sua existência garantida mesmo sem que outro as perceba. Exagerando a alegoria da tabula rasa, Berkeley defendeu que a ordem que vemos na natureza é a escrita de Deus. Por isto, sua posição é hoje conhecida como idealismo subjetivo.

Na sequência desta discussão, o filósofo Hume moveu a posição empirista na direção do ceticismo. Para Hume, a recusa de Berkeley se daria pelo fato de que o empirismo possui implicações que não são aceitas pela maioria dos filósofos, devido a convicções pessoais.

No campo conceitual, Hume utiliza a distinção de argumentos, proposta por Locke, entre demonstrativos e prováveis e a expande, dividindo os argumentos em demonstrações, provas e probabilidades. Sendo as provas, aqueles argumentos da experiência aos quais não se pode oferecer oposição. Hume afirma ainda que a razão por si mesma não poderia fazer surgir qualquer ideia original, ao mesmo tempo em que desafia a causalidade, ao afirmar que a razão não seria capaz de concluir que a existência de uma causa seja um requisito absoluto.

Derivações posteriores incluem ainda o Empirismo Lógico, tendo como expoentes os filósofos Nelson Goodman, W. V. Quine e Hilary Putnam e Karl Popper, e o Pragmatismo, desenvolvido especialmente a partir das discussões entre Charles Sanders e William James.

http://www.infoescola.com/filosofia/empirismo/


Referências bibliográficas:

Berkeley G. Tratado sobre os princípios do conhecimento humano. In: Coleção Os Pensadores. São Paulo: Nova Cultural; 1992.


Chalmers, Alan. O que é ciência afinal? Editora Brasiliense.
Hume, David. Inquiry Concerning Human Understanding, 1748.

Locke, John, An Essay Concerning Human Understanding, Kenneth P. Winkler (ed.), pp. 33–36, Hackett Publishing Company, Indianapolis, IN, 1996.

Norton, D. F. "An introduction to Hume's thought", in The Cambridge companion to Hume. Cambridge University Press, 1993.


Raciocínio indutivo

Raciocínio indutivo ou método indutivo é um tipo de raciocínio ou argumento que parte de uma premissa particular para atingir uma conclusão universal. É o processo pelo qual, dadas diversas particularidades, chegamos a uma generalização. Assim, podemos dizer que o raciocínio indutivo é um argumento no qual a conclusão tem uma abrangência maior que as premissas. O indivíduo que faz uso do método indutivo entende que as explicações para os fenômenos surgem unicamente da observação dos fatos.

Aristóteles, o antigo filósofo grego, afirma na Metafísica que Sócrates foi o primeiro a usar a indução e a dar definições. O termo grego por ele utilizado, epagogé (ἐπαγογή), é traduzido geralmente por “indução”, mas o sentido em que foi usado pelo filósofo não coincide totalmente 
com o conceito moderno.


No campo da lógica temos duas classes fundamentais de argumentos: os dedutivos e os indutivos. Os argumentos dedutivos são aqueles cujas premissas fornecem um fundamento definitivo da conclusão, enquanto nos indutivos as premissas proporcionam somente alguma fundamentação da conclusão, mas não uma fundamentação conclusiva, identificando dessa maneira os conceitos de dedução e raciocínio válido. A indução é, em geral, o oposto do método da dedução, pois parte de uma observação feita do mundo, de uma realidade, de um evento, de um fato.


O princípio de indução não trata de uma verdade lógica pura, mas de premissas para inferir uma conclusão (premissas são observações da natureza e de fatos do mundo). Há uma pretensão neste tipo de raciocínio: a conclusão de um particular fundamentado numa proposição geral, mas, como a proposição geral é fruto da observação, ela não é geral. Caso houvesse um princípio puramente lógico de indução, não haveria problema de indução, uma vez que, neste caso, todas as inferências indutivas teriam de ser tomadas como transformações lógicas ou tautológicas, exatamente como as inferências no campo da lógica dedutiva. O raciocínio indutivo parte de premissas particulares, na busca de uma lei geral, universal:


O ferro conduz eletricidade / O ferro é metal // O ouro conduz eletricidade / O ouro é metal / O cobre conduz eletricidade / O cobre é metal / Logo, os metais conduzem eletricidade.

Em outro exemplo - olhando bem sua para sua pele, uma mulher de 70 anos percebeu muitas rugas e concluiu, para seu conforto, que todo homem e toda mulher nesta faixa etária têm muitas rugas.

Conclusão: Um argumento que tem como forma um raciocínio indutivo não é lógico.


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Bibliografia:


Raciocínio indutivo – método indutivo e dedutivo.