sábado, 17 de julho de 2021

O que é o ensino híbrido?

Ensino híbrido: o que é e como utilizar essa estratégia
No modelo híbrido, o professor pode explorar o potencial dos dois ambientes: as interações nas aulas presenciais e os recursos digitais no ensino remoto. Estúdio Kiwi | NOVA ESCOLA

A definição é do Clayton Christensen Institute, dos Estados Unidos, para ensino híbrido é: “um programa de Educação formal no qual um aluno aprende, pelo menos em parte, por meio do ensino online, com algum elemento de controle do estudante sobre o tempo, lugar, modo e/ou ritmo do estudo, e pelo menos em parte em uma localidade física supervisionada, fora de sua residência”. O modelo, portanto:


• Mescla estratégias de ensino off-line com estratégias digitais;
• Possibilita personalizar o ensino para atender melhor às necessidades de aprendizagem dos estudantes;
• Coloca o aluno como protagonista da sua aprendizagem;
• Transforma o papel do professor de transmissor para mediador do conhecimento

É preciso tomar cuidado para não confundir o ensino híbrido com outros modelos educacionais. “Temos escutado em alguns lugares a definição do ensino híbrido como sendo a transmissão online de aulas ao vivo, mas isso é a definição de aula síncrona transmitida ao vivo”, atenta Lilian Bacich, diretora da Tríade Educacional e co-autora do livro Ensino Híbrido: Personalização e tecnologia na Educação. “No híbrido, temos o que é para ser aprendido no presencial e o que é para ser aprendido no virtual e você conecta essas duas aprendizagens”. A sala de aula invertida, o laboratório rotacional e a rotação por estações são alguns exemplos de modelos híbridos.

(...) Os professores terão o desafio de pensar em estratégias que combinem atividades presenciais e não presenciais – característica que embasa o ensino híbrido.

Conheça abaixo os diferentes modelos de ensino híbrido:

MODELOS SUSTENTADOS



Sala de aula invertida

Consiste no envio prévio do material da aula para os alunos em casa, podendo este material ser um vídeo ou outro formato de conteúdo que explique o tema que será abordado em sala. “Assim, quando eles vão para o encontro com o professor, já vão munidos de muitas informações”, explica a professora Aline. Há uma inversão do que acontece, portanto, em sala e em casa: os alunos consumem a explicação do conteúdo sozinhos e usam o espaço coletivo escolar e a presença do professor para tirar fazer resolução de atividades e aplicações práticas do conhecimento e tirar dúvidas.

Laboratório rotacional

Neste modelo os alunos são divididos em dois grupos, um trabalha no laboratório com uma lista de atividades para realizar com apoio da tecnologia digital, enquanto o outro trabalha na sala de aula com o professor. Enquanto o primeiro grupo atua de forma autônoma, o professor pode fazer as intervenções mais diretas com a segunda metade da turma, trabalhando conceitos e solucionando dúvidas dos estudantes.

Rotação por estações

O modelo consiste em organizar a sala por grupos (estações de aprendizagem) para desenvolver atividades com objetivos de aprendizagens diferentes, mas complementares. Os alunos se revezam nas estações de aprendizagem, enquanto o professor atua como um mediador e intervém nos grupos que mais precisam de auxílio – o que personaliza o ensino e dá autonomia e protagonismo para os alunos construírem suas aprendizagens. 

DISRUPTIVOS

Rotação individual

Os percursos são voltados para as necessidades individuais dos estudantes. “É um modelo do ensino híbrido onde a personalização realmente acontece”, diz Aline. “O professor precisa estar atento às necessidades dos estudantes, planejando roteiros mais individualizados, para que as possíveis dificuldades sejam sanadas. Cabe ao professor propor as melhores situações de aprendizagem”. Isto não significa, no entanto, que o professor necessita propor um roteiro para cada aluno. “Significa que ele produzirá diferentes atividades, algumas para alunos com perfis e necessidades mais parecidas. Ele buscará os melhores recursos, online, por exemplo, para propor situações de aprendizagem para alguns alunos ou grupo”, detalha a educadora. O modelo pode se encaixar na realidade de muitas escolas que receberão alunos com variados níveis de aprendizagem.

Flex
É o mais usual nas escolas durante a pandemia. O aluno tem alguns roteiros que são entregues via plataforma digital, no qual realiza as atividades propostas em parte do tempo, com o professor por perto, como um tutor, e em outros momentos pode trabalhar em projetos com outros alunos ou fazer algo mais relacionado a uma atividade física. Aqui, é possível intercalar ações individuais e coletivas online.

À la carte
É muito comum no Ensino Médio em países em que a ideia do ensino personalizado é mais difundida, como nos Estados Unidos, segundo Lilian Bacich. No modelo, o estudante é responsável pela organização do seu estudo a partir de objetivos gerais de aprendizagem a atingir.  As disciplinas podem ser eletivas e combinar, por exemplo, com os itinerários formativos escolhidos pelos estudantes. Nesse modelo, pelo menos uma disciplina é ofertada online, além das tradicionais da escola, e pode ser realizada no momento e local mais adequado para o estudante. 

Virtual aprimorado
O aluno tem todas as disciplinas ofertadas online e vai para a escola uma ou duas vezes por semana para realizar projetos, debates e discutir o que foi estudado online. Além disso, o presencial é utilizado como acompanhamento de como estão caminhando as aprendizagens.

É preciso olhar para frente

Neste ano em que o mundo parou por conta de uma pandemia, diversas reflexões surgiram na Educação e, como todo período desafiador, deixará algumas lições. “Que a gente saia da pandemia olhando para a frente e não para trás”, diz Lilian Bacich. Como uma das lições, a especialista ressalta a importância de olhar para um modelo de ensino que ajude o estudante a desenvolver o protagonismo e a autonomia, e a realmente ser um sujeito do seu conhecimento. Para Fernando Trevisani, o ensino remoto também fortaleceu a importância da autonomia dos alunos com relação ao próprio aprendizado. “Mostrou que o papel e as ações de cada um deles é essencial para que construam conceitos e trilhem caminhos de aprendizagem mais independentes rumo a construção do conhecimento”.

Ensino Híbrido tem como foco a personalização, considerando que os recursos digitais são meios para que o estudante aprenda, em seu ritmo e tempo, que possa ter um papel protagonista e que, portanto, esteja no centro do processo. Para isso, as experiências desenhadas para o online além de oferecerem possibilidades de interação com os conhecimentos e o desenvolvimento de habilidades, também oferecem evidências de aprendizagem. A partir dessas evidências, nos momentos em que os alunos estão face a face com o professor, presencialmente, em uma sala de aula física, é possível que o professor utilize as evidências coletadas para potencializar a aprendizagem de sua turma.

Atenção: 

De acordo com essa definição, portanto, aulas que acontecem no espaço físico da escola e são transmitidas ao vivo para quem está em casa (modelo HOT) NÃO se incluem na definição de ensino híbrido; aulas que acontecem no modelo remoto, com alunos e professores em suas casas, mesmo que combinando momentos síncronos e assíncronos, NÃO se incluem na definição de ensino híbrido; enriquecer aulas presenciais com um jogo online, ou com a apresentação de um powerpoint NÃO se incluem na definição de ensino híbrido. 

FONTES:

BACICH, Lilian. Ensino híbrido: esclarecendo o conceito. Inovação na educação. São Paulo, 13 de setembro de 2020.

Disponível em:

https://lilianbacich.com/2020/09/13/ensino-hibrido-esclarecendo-o-conceito/