quinta-feira, 6 de junho de 2019

A criança e a alfabetização construtivista




Para explicar melhor o funcionamento do método de alfabetização construtivista e de como a criança aprende por meio deles, elencamos abaixo algumas das suas principais características. Veja só!


O educador como mediador


É fundamental que o educador, dentro da metodologia construtivista de alfabetização, tenha conhecimento sobre as diferentes etapas de aquisição de leitura e escrita — níveis pré-silábico, silábico, silábico-alfabético e alfabético.

Uma vez que o conhecimento novo se desenvolve a partir de um conhecimento anterior, é muito importante que o ritmo do aluno seja respeitado. Isso significa que o educador deve estar preparado para reconhecer e identificar a etapa na qual seu aluno se encontra, pois isso determinará os novos estímulos e indicará qual deve ser o próximo passo a ser alcançado por seu aluno no processo de alfabetização.

Assim, quando a criança escreve uma palavra sem atentar para as normas, sem se adequar aos padrões formais da escrita, esse fenômeno não deve ser avaliado como mero erro de ortografia a ser descartado ou repreendido. Pelo contrário, o olhar atento do educador construtivista sabe que o “erro” pode justamente evidenciar as hipóteses da criança para a representação dos sons na escrita. Em outras palavras, aprende-se com o erro na medida em que este aponta para a etapa da alfabetização na qual o aluno se encontra e serve de orientação para o tipo de atividade de que ele necessita para progredir.


O aprendizado pela prática

Como a experiência é um ponto muito importante para o construtivismo, os alunos devem ser incentivados a ler e a escrever com bastante frequência — mesmo aquilo que eles provavelmente não saberão escrever.
Se outros métodos incentivam os alunos a ler textos muito simples ou simplificados para fins didáticos, e a escrever textos também muito curtos e bem simples para evitar erros, na alfabetização construtivista os alunos serão incentivados a interagir com textos simples, porém autênticos. A dificuldade ou o erro não serão vistos como obstáculos a contornar, mas como oportunidades para aprender, para se desafiar.
Isso significa que na sua experiência com a leitura e a escrita, o aluno não se depara com barreiras artificiais. Pelo contrário, ele é estimulado a enfrentar a escrita com naturalidade, tendo oportunidade de experimentá-la em sua complexidade e de se desenvolver cognitivamente ao criar, testar e reelaborar suas hipóteses em relação ao funcionamento da língua.

A importância das experiências anteriores

A criança não tem a escola como o único lugar de aprendizagem. Sua casa também é um espaço muito importante de aprendizagem.
O contato da criança com materiais escritos em casa, ainda que não seja determinante para o processo, também enriquece sua experiência e influencia na sua intimidade com a escrita.
Numa turma de alfabetização, cada aluno será portador de uma experiência diferente, podendo avançar e recuar em suas hipóteses até dominar o código linguístico por completo. O contato com o mundo letrado poderá ser mais ou menos intenso, dependendo do exemplo e do estímulo que recebe da família.
Uma criança que habitualmente escuta a leitura de histórias antes de dormir, por exemplo, provavelmente desenvolverá uma relação mais próxima com os textos literários do que outra criança que não tenha vivenciado tal experiência. Além disso, as crianças poderão se deparar com diferentes mídias e gêneros textuais em placas, cartazes, livros, jornais, revistas, quadrinhos, jogos ou internet dentro e fora de casa ou da escola.

A necessidade de acompanhar de perto

Uma vez que cada aluno traz de casa uma bagagem diferente, alguns terão mais intimidade com o texto escrito que outros. Sendo assim, é muito importante que na alfabetização construtivista os alunos tenham o seu desempenho acompanhado individualmente por seus professores.
Tendo em mente as etapas da aquisição de leitura e escrita de que falamos, o professor deve estar sempre atento para proporcionar uma nova atividade ao seu aluno, algo que não o desmotive por não trazer nada de novo, nem o frustre por estar muito além do seu nível de alfabetização.
As crianças, no esforço de se comunicarem, também buscam caminhos diferentes da linguagem escrita. Muitas produzem desenhos que tampouco devem ser ignorados por seus professores. Esses outros modos de significar não necessariamente concorrem com a aprendizagem da escrita. Afinal de contas, na comunicação contemporânea, é bastante comum vermos palavras e imagens aparecerem lado a lado.

A necessidade de se atualizar

A alfabetização e os outros desdobramentos do conceito de construtivismo na educaçãosão alguns dos exemplos de metodologias que surgem como alternativas aos métodos da escola tradicional. A importância de conhecê-los se justifica pelas mudanças dos valores culturais da sociedade e consequentemente das habilidades que hoje acreditamos serem relevantes para o desenvolvimento de nossas crianças.
Afinal, se a sociedade se transforma, não é de espantar que a escola também possa seguir o mesmo caminho, não é? Nesse sentido, faz-se cada vez mais oportuno que os educadores se mantenham informados sobre as discussões em relação à escola e se disponham a permanecer aprendendo e a reciclar a sua metodologia de ensino.
Exemplos transformadores como o da alfabetização construtivista nos mostram como é importante que não apenas os profissionais da educação, mas também os pais que se interessam pela educação dos seus filhos, busquem cursos de capacitação e, dessa maneira, se atualizem.


O que é o método de ensino construtivista?


A base do pensamento construtivista consiste em considerar que há uma construção do conhecimento e, que para que isso aconteça, a educação deverá criar métodos que estimulem essa construção, ou seja, ensinar aprender a aprender.
Essa linha pedagógica entende que o aprendizado se dá em conjunto entre professor e aluno, ou seja, o professor é um mediador do conhecimento que os alunos já têm em busca de novos conhecimentos criando condições para que o aluno vivencie situações e atividades interativas, nas quais ele próprio vai construir os saberes.
Essa filosofia de ensino é inspirada na obra de Jean Piaget (1896-1980), biólogo e psicólogo suíço que se dedicou a pesquisas relacionadas às formas de aquisição de conhecimento.
A discussão principal de seus estudos é a ideia de que o conhecimento é construído por meio das interações entre sujeitos e o meio.
A linha pedagógica construtivista chegou à América Latina através da argentina Emilia Ferreiro que foi aluna do Jean Piaget na Universidade de Genebra.
Ela escreveu o livro “Psicogênese da Língua Escrita”, em parceria com Ana Teberosky no qual defende que a aprendizagem se dá através do todo para as partes e que cada criança aprende em seu tempo.

Características principais de uma escola construtivista

Salas com menos alunos

Como a proposta do ensino construtivista é que o aluno participe ativamente de seu aprendizado, o ideal é trabalhar em salas de aula com menos alunos.
Dessa forma, as experiências e as interações deverão acontecer de maneira a estimular e a facilitar as descobertas e a aprendizagem, além de possibilitar que o professor  tenha condições para  acompanhar de perto cada aluno, entendendo suas necessidades, contribuindo para a sua formação.

Métodos de avaliação diferenciados

Uma das características inovadoras do método construtivista são as maneiras de avaliação.
As escolas construtivistas não elaboram testes e provas para verificar se o aluno absorveu o conteúdo ensinado, tendo em vista que, como os professores estão acompanhando a aprendizagem do aluno continuamente, os testes não são necessários.
No entanto, as escolas aplicam as avaliações diagnósticas, que são instrumentos para que professor entenda as especificidades de interferência e atue para que haja melhor aproveitamento dos seus alunos sobre o que estão aprendendo.

Menor interferência do professor

O professor é entendido como um mediador e motivador das interações entre os alunos e entre eles e o meio. O educador busca criar situações que estimulem a construção do aprendizado.
Além disso, ele entende que cada aluno possui seu processo próprio de aquisição de conhecimento e, por isso, propõe várias formas de aprender um determinado conteúdo.

Sala organizada em círculos

A ideia de que o professor não é um detentor de conhecimento a ser transmitido aos alunos também reflete na organização da sala.
Em vez de um professor na frente e no centro da sala, com mesas e cadeiras viradas para ele, uma sala construtivista é organizada em círculos, o que favorece a interação e a participação dos alunos.
É importante destacar que nas escolas que seguem essa metodologia, há uma maior interação com outros ambientes, bem como com outras turmas.

Qual o papel da família no ensino construtivista?

Um dos objetivos do método construtivista é proporcionar autonomia e senso crítico nos indivíduos.
Sendo assim, as famílias precisam entender que o ensino construtivista vai fazer ainda mais sentido se a educação dentro de casa não for tão diferente do que acontece nas escolas.
Por exemplo, exigir que a criança aprenda de maneira descontextualizada os números, só irá fazer com que ela fique insegura.
É preciso conhecer e ser presente na escola dos filhos para que possam ficar seguros sobre a educação escolar bem como, sobre a educação familiar.
Para aproximar a escola da família, as instituições que adotam essa metodologia de ensino são preocupadas com a participação delas e, além de terem seus espaços abertos para a participação, criam ações que buscam aproximar a família de maneira efetiva para que ambos possam contribuir com a formação dos jovens.