terça-feira, 21 de novembro de 2017

VOCÊ É UMA PESSOA SEXISTA?


Sabe para que servem os homens? Ouvi dizer que são treináveis e dão bons animaizinhos de estimação.
“Sabe por que Deus criou a mulher? Porque cachorros não sabem abrir a geladeira e pegar a cerveja.”
Durante muito tempo, os clichês deram a munição para a “guerra entre os sexos”. No início do século XX, certo Gustav Le Bon chegou à absurda conclusão de que a inferioridade feminina era tão clara, que seria impossível contestá-la por mais de um minuto sequer. Um século depois, a Ciência prova que o varão estava redondamente enganado, quando diz que a inteligência como um todo, não é superior no sexo X ou no Y. Pode acontecer que, em alguns aspectos, a mulher supere o homem e vice-versa, mas jamais que um seja mais inteligente do que o outro. Lembrando que o cérebro não é definido pelo sexo.
A opressão por que passaram as mulheres (e ainda passam em muitos países) deveu-se à bizarra crendice de que eram inferiores aos homens. Ainda hoje, muitas trabalhadoras são hostilizadas em profissões que antes eram associadas apenas aos machos. E, mesmo avançando nas barreiras do preconceito, elas ainda ganham menores salários. O mesmo acontece com homens, que trabalham em profissões tidas como femininas, que muitas vezes servem de motivo de chacota.
Muitas pessoas tendem a fazer piadinhas idiotas com o sexo oposto, sem saber que está incorrendo numa atitude altamente discriminatória. O Aurélio define como sexismo uma “atitude discriminatória em relação ao sexo oposto”. O sexismo ocorre quando um indivíduo, homem ou mulher, é discriminado em função do sexo. Como exemplo, podemos citar o fato de que muitas pessoas acham que uma mulher não pode ser uma boa engenheira, ou que a mãe é sempre a melhor pessoa para ficar com os filhos. Tais julgamentos são baseados em estereótipos, que só fazem aumentar o fosso entre homens e mulheres.
Na época em que vivemos, não há mais espaço para machões e feministas. A Ciência avançou, de modo que a visão que temos hoje é de que sejam homens ou mulheres, todos são apenas indivíduos e como indivíduos devem ser tratados.
Homens não são de Marte e tampouco mulheres são de Vênus. Habitam um mesmo planeta, onde possuem os mesmos direitos e os mesmos deveres. Portanto, o sexismo deve ser combatido como qualquer outro tipo de preconceito. As diferenças sexuais entre homens e mulheres não devem ser vistas como motivo de zombaria e piadinhas de mau gosto que, direcionadas às mulheres ou aos homens, são lamentáveis. Não será assim que as nocivas desigualdades, que perduram há tantos séculos entre homens e mulheres, serão eliminadas.
Para quem ainda não sabe, ironizar o sexo oposto, quer seja ele masculino ou feminino, com humor maldoso, é altamente ofensivo, de modo que o sujeito da chacota acaba resvalando para o sexismo, que dá cadeia. O mesmo respeito deve ser dado às pessoas que possuem outras opções sexuais, como gays e lésbicas. Para início de conversa, nada melhor do que evitar as piadinhas chulas e de mau gosto. Respeito é bom e todo mundo gosta.


Autoria de LuDiasBH
Fonte de pesquisa:Revista Marie Claire


O que é Sexismo

Sexismo é o ato de discriminação e objetificação sexual, é quando se reduz alguém ou um grupo apenas pelo gênero ou orientação sexual. 
Um dos casos mais comuns de sexismo é estipular que a cor rosa está relacionada ao gênero feminino, e o azul ao gênero masculino.


 O sexismo é normalmente associado à posição que o machismo determina para as mulheres. Mas também pode ser relacionado ao tratamento preconceituoso dado pela sociedade aos homens, aos homossexuais, aos transgêneros, aos que não se identificam com nenhum dos gêneros, entre outras formas de representação de identidade sexual.
Mulheres e homens podem ter atitudes sexistas. Algumas linhas de estudos sobre gênero, inclusive, sugerem o uso do termo sexismo em substituição à palavra machismo, para que a característica negativa do machismo não seja algo somente associado aos homens, ou algo inerente ao fato de ser do gênero masculino.
A palavra sexismo encontra sinônimos nas suas variações conforme o gênero tratado. A discriminação contra mulheres é o machismo ou misoginia, enquanto o preconceito contra homens é chamado de misandria.

O que é ser sexista?

Uma das formas de problematizar uma situação e perceber se há ou não sexismo no ato é inverter os gêneros: colocar um homem para fazer o que está sendo proposto a uma mulher. Se causa estranhamento, é sexismo.
Por exemplo:
As propagandas de cerveja constantemente usam de atributos femininos, relacionando-os aos atributos da cerveja, como argumento de venda. Tente inverter o gênero explorado na campanha: faria sentido um homem com as mesmas roupas, fazendo os mesmos movimentos? Seria apelativo para o público ao qual o produto é destinado? Ou causaria estranhamento?

O sexismo também age ao se estipular um comportamento padrão esperado para homens e mulheres. É igualmente sexismo quando se representa um homem sempre perto de máquinas pesadas, que goste de carros, que tenha modos rudes, e etc. O mesmo comportamento quando tem os gêneros invertidos também gera estranhamento.
Uma das consequências da sociedade sexista é o preconceito homofóbico, onde se espera que o homem tenha determinado comportamento, e quando ele não demonstra tais características, acaba sendo discriminado. 

FONTE: https://www.significados.com.br/sexismo/

domingo, 19 de novembro de 2017

Orientação sexual e identidade de gênero: para além do binarismo

Este é um post básico, mas serve até pra quem já se considera num "nível avançado" de entendimento sobre a sexualidade humana. Posso dizer isso porque as diversas áreas do conhecimento humano continuam estudando a sexualidade humana e o progresso crescente trouxe tantas mudanças que mesmo as pessoas mais experientes nesse assunto podem se perder. Farei aqui, portanto, um registro de alguns dos conceitos básicos, mas nem sempre tão claro para todos.

Grande parte da mudança de significado de alguns conceitos básicos se deve ao novo entendimento a respeito do que é gênero. Logo, primeiramente, vamos fazer uma distinção entre sexo e gênero, seguida de uma explanação sobre alguns dos possíveis gêneros para depois rever as orientações sexuais frente a esse panorama.

Sexo se refere principalmente à caracteres biológicos. Engloba uma configuração de cromossomos, hormônios (e o balanço hormonal), gônadas (ovários, testículos), unidades reprodutivas (espermatozóide, óvulo), anatomia interna e externa e características biológicas sexuais secundárias. Muita gente considera o sexo biológico como algo dicotômico, como se houvesse apenas duas opções: macho e fêmea. Contudo, a Biologia contemporânea reconhece que esse sistema binário é incapaz de compreender as características sexuais, tanto da espécie humana como de outros seres vivos dióicos, visto que podem existir os intersexuais (indivíduos que apresentam diversas combinações dos caracteres genéticos, fisiológicos e/ou anatômicos, de forma que os termos "macho" e "fêmea" não conseguem defini-los de maneira precisa) e os indivíduos hermafroditas (esse termo vale para seres vivos que realizam reprodução sexuada e possuem em seus corpos sistemas reprodutores completos, de forma que, simultaneamente, são "machos" e "fêmeas" reprodutivamente funcionais). Como a espécie humana não é composta, em sua maioria, por indivíduos hermafroditas (já que não somos classificados como uma espécie monóica), é extremamente raro (para não dizer impossível) encontrarmos um indivíduo humano que possa ser considerado um hermafrodita verdadeiro (ou seja, reprodutivamente funcional, tanto como "macho" quanto como "fêmea"). Além disso, existe um grande estigma ofensivo associado à palavra hermafrodita, quando se refere a um ser humano, de forma que, mesmo num caso de hermafroditismo verdadeiro, é aconselhável que se use socialmente o termo "interssexual" ao se referir a uma pessoa.

Gênero está mais vinculado à sua própria percepção de quem você é (ou seja, homem, mulher, intersexual, transgênero etc.). Dessa forma, o gênero tem a ver, principalmente, com qualidades socialmente reconhecidas como masculinas ou femininas ou nenhuma delas ou ambas. De maneira semelhante ao que acontece com o sexo biológico, somos socialmente ensinados a considerar o gênero como apenas uma dentre duas opções: homem ou mulher. Novamente, esse sistema binário é insuficiente para a compreensão do gênero de todos os seres humanos, especialmente através das diversas culturas existentes. É válido ainda lembrar que uma pessoa pode se identificar com determinado gênero, mas ser percebida pelas outras pessoas erroneamente. Por isso, a identidade de gênero (como cada pessoa se identifica) nem sempre está relacionada a uma expressão de gênero. E, por tudo isso, faz-se necessário a expansão dos conceitos de gênero. Como os nomes que as pessoas usam para definir a própria identidade de gênero são dinâmicos, farei a seguir uma relação de algumas das possíveis identidades de gêneros, sem a intenção, contudo, de esgotar o assunto nem (in)validar determinadas identidades de gênero.

Algumas das possíveis identidades de gênero que podem estar dentro das condições de cisgêneros ou transgêneros:

  • Cisgêneros (pessoas cis ou cissexuais): Pessoas cuja identidade de gênero é concordante com o gênero que lhe foi atribuído (antes ou após seu nascimento) em razão de uma norma social cissexista que impõe um determinado gênero a um sexo biológico específico. Pessoas cisgêneras são sempre binárias, porque os gêneros designados são binários.
    • Mulher Cisgênero (pode ser abreviado como "mulher cis"): uma pessoa que foi atribuída (antes ou após seu nascimento) ao gênero feminino e ao sexo biológico de uma típica fêmea da espécie humana e se identifica com/ se apresenta como do gênero feminino.
    • Homem Cisgênero (pode ser abreviado como "homem cis"): uma pessoa que foi atribuída (antes ou após seu nascimento) ao gênero masculino e ao sexo biológico de um macho típico da espécie humana e se identifica com/ se apresenta como do gênero masculino.
  • Transgêneros (transexuais): São pessoas cujo gênero difere do gênero que lhe foi atribuído (imposto) pela sociedade. Pessoas transgênero ou transexuais podem ser binárias (mulheres e homens transgênero ou transexuais) ou não-binárias (que NÃO se encaixam nas classificações binárias de "mulher" nem "homem"). O termo "trans" pode ser usado como diminutivo de transgênero e transexual, porém há pessoas que se identificam somente com trans e não com transgênero e nem com transexual e isto deve ser respeitado. Algumas vezes (mas não necessariamente), uma pessoa trans* faz ou gostaria de fazer alterações em seu corpo físico com cirurgias, hormônios, ou outras modificações (por exemplo, treinamento vocal, vestimentas etc.) de forma a ser socialmente percebida como alguém do gênero a que se identifica. Pessoas trans que fazem essas modificações vivenciam um período na vida que chamam de "transição", no qual ainda estão adequando o próprio corpo à percepção social que gostariam de ter.
    • Mulher Transgênero (pode ser abreviado como "mulher trans" - ou "MTF", principalmente no caso da pessoa se submete a um processo de transição): uma pessoa que foi atribuída (antes ou após seu nascimento) ao sexo biológico de um macho típico da espécie humana e se identifica com/ se apresenta como do gênero feminino. Em geral, gosta de ser tratada por pronomes femininos (ela, dela, etc.) ou de termos de gênero neutro.
    • Homem Transgênero (pode ser abreviado como "homem trans" - ou "FTM", principalmente no caso da pessoa se submete a um processo de transição): uma pessoa que foi atribuída (antes ou após seu nascimento) ao sexo biológico de uma típica fêmea da espécie humana, contudo se identifica com/ se apresenta como do gênero masculino. Em geral, gosta de ser tratada por pronomes masculinos (ele, dele, etc.) ou de termos de gênero neutro.
    • Bigênero binário: alguém que se identifica como "homem" e "mulher" ao mesmo tempo. Uma identidade bigênero binária é uma combinação destes dois gêneros, mas não obrigatoriamente uma repartição meio a meio, já que quem se identifica assim muitas vezes sente – e expressa – cada um desses gêneros por inteiro.
    • Andrógino: é utilizado por quem tem qualidades socialmente chamadas de masculinas e femininas, mas se considera um terceiro gênero separado. Essa palavra tem raízes no latim: “andro” quer dizer “homem” e “gino” quer dizer “mulher”. Alguns andróginos podem se identificar como "gender benders", o que significa que estão intencionalmente distorcendo (“bending”) ou desafiando/transgredindo os papéis de gênero estabelecidos pela sociedade.
    • Neutrois: um gênero neutro e bem determinado que se posicionam totalmente fora e sem qualquer conexão com os gêneros feminino e masculino.
    • Multigênero: pessoas que se identificam com mais de um gênero. Podem ser bigêneros (neste caso, podem ser dois gêneros quaisquer), trigêneros (três gêneros quaisquer) pangêneros (experiência de gênero que se refere a uma enorme multiplicidade de gêneros que pode ou não tender ao infinito - ou seja, pode ir além do conhecimento atual sobre gêneros) ou poligêneros (multiplicidade de gêneros semelhante à pangeneridade, porém, geralmente, engloba menos gêneros).
    • Agênero: Alguém que não se identifica com qualquer tipo de identidade de gênero. Esse termo também pode ser utilizado por alguém que intencionalmente não demonstra qualquer representação de gênero reconhecida. Há quem passe por tratamentos hormonais e/ou cirurgias para fazer com que seus corpos se adequem a sua identidade de gênero nenhum. Algumas pessoas usam termos similares como “sem gênero”. 
    • Gênero Fluido: Alguém cuja identidade de gênero e apresentação não se limita a apenas uma categoria de gênero. Pessoas de gênero fluido podem ter compreensões dinâmicas ou flutuantes do próprio gênero, mudando de um para outro de acordo com o que sentir melhor no momento. Por exemplo, uma pessoa de gênero fluido pode se sentir mais como um homem num dia e mais como uma mulher no dia seguinte, ou sentir que nenhum dos termos se aplica a ela.
    • Gênero em Dúvida: Alguém que pode estar colocando em dúvida seu gênero ou sua identidade de gênero, e/ou considera outras maneiras de experimentar ou expressar seu gênero ou apresentação de gênero.

Como foi possível perceber acima, não é possível utilizar as orientações sexuais baseadas num sistema binário de gênero. Logo, as orientações sexuais também são mais complexas do que já foram consideradas antigamente. Abaixo, pretendo listar algumas das possíveis orientações sexuais sem a intenção, contudo, de esgotar o assunto nem (in)validar determinadas orientações sexuais.

Assim, algumas das possíveis orientações sexuais são:
  • Monossexual: conjunto de todas as orientações sexuais de pessoas que sentem atração por um único gênero.
    • Homossexual: alguém que sente atração sexual pelo mesmo gênero a que se identifica (neste caso, o prefixo "homo" é entendido como igual).
    • Heterossexual: alguém que sente atração sexual por UM gênero diferente do próprio gênero (neste caso, o prefixo "hetero" é entendido como diferente). É importante lembrar que NÃO se pode dizer que uma pessoa heterossexual é atraída pelo “gênero oposto”, porque não existe “gênero oposto”.
  • Bissexual: conjunto de todas as sexualidades que sentem atração sexual pelo mesmo gênero e também por gêneros diferentes (neste caso, o prefixo "bi" faz referência aos prefixos "homo" e "hetero", assumindo o significado de que trata-se de uma pessoa que sente atração por pessoas de gêneros que são iguais ao próprio gênero e também por pessoas que tem um gênero diferente). É um termo "guarda-chuva" pois, abriga em si diversos termos correspondentes a identidades de gêneros não-monossexuais.
    • Polissexual (muitas vezes um sinônimo para uma acepção mais restrita da palavra "bissexual"): pessoa que sente atração sexual por vários gêneros (dois ou mais), mas não todos. Exemplo: alguém que sente atração sexual pela maioria dos gêneros, exceto por pessoas agêneras.
    • Pansexual (ou Onissexual): (1) pessoa que sente atração sexual por todos os gêneros; (2) pessoa que sente atração sexual independentemente do gênero, ou seja, o gênero não importa.
  • Assexual: pessoa que não sente atração sexual por outras pessoas.
  • Demissexual: (1) pessoa que estaria entre a assexualidade completa (100%) e a monossexualidade/bissexualidade completa (100%); (2) quem somente sente atração sexual por uma pessoa após desenvolver uma forte conexão emocional com a mesma; (3) pode ser também o grau do tipo de atração, isto é, o modo com que a atração sexual se dá por algum gênero em específico. Por exemplo, uma pessoa bissexual pode ter também demissexualidade em relação a um gênero em específico.
Por ser este um assunto muito complexo, reforço o caráter de esboço desta postagem, a consciência do caráter efêmero desses conceitos e a abertura de minha parte para receber e analisar críticas que proponham acréscimos e/ou alterações.

FONTE: http://umpotedeouro.blogspot.com.br/2015/01/orientacao-sexual-e-identidade-de.html

Simone de Beauvoir: Se ninguém nasce mulher, identidade de gênero é escolha?


A proposição de Simone de Beauvoir no Enem 2015.

   O Exame Nacional do Ensino Médio, ENEM, sempre dá o que falar, mas, neste ano, o motivo do falatório não foi nenhuma acusação de vazamento ou similar, mas sim o tema da redação e a presença de uma questão que continha certa proposição (talvez a mais conhecida) da feminista Simone de Beauvoir, cujas obras são leituras obrigatórias no que tange aos assuntos "feminismo" e "gênero".

   A proposição em questão (e a seguir) abre o primeiro capítulo, intitulado "Infância", do livro "O segundo sexo - volume II: A experiência vivida", cujo título original é "Le deuxième sexe: L'Expérience Vécue". Se existe um segundo volume, obviamente existe um primeiro, sendo ele: "Le deuxième sexe: Les faits et les mythes" ou, em Português, "O segundo sexo: Fatos e mitos".


Ninguém nasce mulher: torna-se mulher. Nenhum destino biológico, psicológico, econômico define a forma que a fêmea humana assume no seio da sociedade; é o conjunto da civilização que elabora esse produto intermediário entre o macho e o castrado que qualificam de feminino. (BEAUVOIR. 1967. p.09)


Primeiramente, muito embora possa haver alguma confusão por conta da utilização de palavras como macho e fêmea na proposição, ela não afirma que as pessoas não nascem macho ou fêmea, mas sim trata do papel social da mulher.
   No caso, ela afirma que, isoladamente, os destinos biológico, psicológico e econômico não definem a forma assumida pela fêmea humana na sociedade, mas sim que os três juntos, formando um conjunto, constituirá tudo aquilo que se encontra representado pela palavra "mulher" e esse conjunto também pode ser expresso por uma só palavra: biopsicossocial.


Pode ser interessante ainda esclarecer mais alguns conceitos, como o de desenvolvimento biopsicossocial. O ser humano é um ser:

Biológico, ou seja, que tem um corpo, com um funcionamento específico e único. E que passa por um processo de desenvolvimento marcado por diversas etapas: infância, pré-adolescência, adolescência, fase adulta jovem, fase adulta madura e terceira idade.

Psicológico, ou seja, que tem uma psique, algo que pode ser definido como um mundo interno, composto por sentimentos, pensamentos, intuições, percepções, ideias, fantasias e tudo o mais em torno disso.

Social, ou seja, que está inserido em uma cultura, em um mundo externo, composto por um ambiente social, histórico, político, econômico, tecnológico. Esse ambiente nos constitui como seres humanos e, ao mesmo temo, é constituído (criado) por nós.

Portanto, o conceito de desenvolvimento biopsicossocial se relaciona a um processo contínuo de amadurecimento pelo qual todos nós passamos e que envolve todos esses aspectos da nossa vida. Ou seja, tudo o que a gente vive envolve estes três aspectos: o biológico, o psicológico e o social. (MULLER. 2013, p.17)


O Paradoxo da Igualdade

A diferença entre sexo, identidade de gênero e orientação sexual



O humanismo trouxe diferentes formas de enxergar o ser humano. As essências passaram a ser mais valorizadas e o ser humano virou objeto de pesquisa na busca pelo autoconhecimento. Sexo, gênero e orientação sexual fizeram mais sentido nesse contexto de identidade cultural e condição humana.

Mas foi só com o movimento de liberdade sexual, iniciado no século XX, que as mulheres passaram a ter direitos sobre o próprio corpo, como se descobrir física e mentalmente. Novas naturezas passaram a ser discutidas, como a homossexualidade, a bissexualidade e a transexualidade. E, apesar de existir um movimento pela aceitação, ainda é necessário muito debate e esclarecimento.
Sexo é diferente de identidade de gênero, que diverge da noção de orientação sexual. Não devem ser usados como sinônimos e devem ser entendidos em sua complexidade e singularidade na formação de cada ser humano. 

Sexo

Em traços simples, o sexo biológico de um ser humano é definido pela combinação dos seus cromossomos com a sua genitália. Em um primeiro momento, isso infere se você nasceu macho, fêmea ou intersexual. No caso dos intersexuais, a mudança se caracteriza pela indeterminação do sexo biológico, se pensado no binarismo “macho” e “fêmea”.
A intersexualidade pode se manifestar de formas diferentes, seja por conta de as gônadas apresentarem características intermediárias entre os dois sexos, ou o aparelho genital não condizer com o tipo cromossômico.
As últimas discussões no parlamento, que suplantaram as referências ao gênero nas escolas, mostraram a falta de preparo e conhecimento dos políticos no debate sobre o assunto. Constantemente, essas pessoas não sabiam diferenciar suas referências à identidade sexual, orientação sexual e gênero. Principalmente, não acreditam na existência de categorias de gênero.
Pensadoras como Simone de Beauvoir e Luce Irigaray teorizaram o papel e a figura da mulher na sociedade. Com isso, abriram portas para novas discussões sobre gênero – discussões essas que continuam exaltadas, dando um caráter indefinido para o conceito de gênero.
No cerne das teorias feministas e da teoria Queer, atualmente, o gênero é tido como categorias que são historicamente, socialmente e culturalmente construídos, e são assumidos individualmente através de papeis, gostos, costumes, comportamentos e representações. Judith Butler, pensadora sobre o assunto, ressalta que o gênero precisa ser assumido pela pessoa, mas isso não acontece num processo de escolha, e sim de construção e de disputas de poder, porque, afinal, o sistema de gêneros é hierárquico e conta com relações de poder.
drag queens,
As identidades de gênero abrangem a complexidade humana e, como Butler propõe, devem fugir do binarismo “homem” e “mulher”. Existem pessoas com mais de um gênero, as transgêneros, as com gênero fluído, com as drag queens, e o genderqueer, que abre a perspectivas para novas formas de ser.

genderqueer

Orientação sexual

A orientação sexual, e não opção sexual, diz respeito à inclinação da pessoa no sentido afetivo, amoroso e sexual. Ou seja, ela sente atração por qual gênero/sexo? Confira algumas orientações sexuais abaixo e lembre-se: todo ser humano merece nada menos do que respeito.

Homossexuais: é a atração afetiva e sexual por pessoas do mesmo gênero/sexo. As lésbicas, nesse contexto, são mulheres que gostam de mulheres, e os gays são homens que gostam de homens, também sendo o termo usado para mulheres.
  • Heterossexuais: é a atração afetiva e sexual por pessoas do gênero/sexo oposto.

Bissexuais: seria a atração afetiva e sexual por qualquer pessoa do binarismo de gênero: “homens” ou “mulheres”



  • Assexuais: a assexualidade diz respeito às pessoas que não sentem atração por nenhum gênero. Mas vale ressaltar que ainda é uma “sexualidade” em construção.
  • Pansexuais: é a atração afetiva ou sexual que não depende de gênero ou sexo.