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Apenas mais um blog, de relevância para mim; uma extensão das minhas pesquisas visando ao auto estudo no processo de aprimoramento para uma formação continuada, em ambiente virtual de aprendizagem.
domingo, 5 de junho de 2016
SPARTAKISTAS
Marxismo Ortodoxo
O Marxismo Ortodoxo segundo George Lukács
Antes de adentrar nesse assunto, se faz necessário uma breve apresentação de uns conceitos prévios.
Que é dialética? é um método de diálogo cujo foco é a contraposição e contradição de idéias, conceitos, pensamentos que leva a outras idéias e afins.
Que é a Praxis de Marx ? A práxis revolucionária é então uma atividade teórico-pratica em que a teoria se modifica constantemente com a experiência prática, que por sua vez se modifica constantemente com a teoria. A práxis é entendida como a atividade de transformação das circunstâncias, as quais nos determinam a formar idéias, desejos, vontades, teorias, que, por sua vez, simultaneamente, nos determinam a criar na prática novas circunstâncias e assim por diante. A práxis é ação com conhecimento.
DIALÉTICA MATERIALISTA – Esse método – para saber a verdade descobrindo as contradições em idéias presentemente predominantes e, por extensão, nas relações sociais às quais elas estão ligadas – expõe a luta básica entre forças opostas. Para Marx, é apenas tornando-se consciente da dialética de tais forças opostas, em uma luta pelo poder, que os indivíduos podem se libertar e mudar a ordem social existente. ( REVOLUÇÃO DA LUTA DE CLASSE)
Quando Lukács propõem um Marxismo Ortodoxo, ele estava criticando as correntes marxistas da época e ao mesmo tempo tornava-a a única capaz de, simultaneamente, guardar a fidelidade ao espírito de Marx e assegurar o desenvolvimento crítico-criador do marxismo (nas palavras Lukács, “o renascimento do marxismo.
Isso posto, seguimos
O pensador húngaro elabora um discussão genuinamente radical, desqualificando qualquer possibilidade de pensar uma análise marxista presa a dogmas, “verdades absolutas” e trazendo a reflexão sobre a ortodoxia para o foco no método, provando a brilhante dialética de que o método marxista ortodoxo pressupõe, essencialmente, um método heterodoxo. Ou com outras palavras, um dos pontos centrais dessa crítica de Lukács: a ortodoxia marxista pressupõe, necessariamente, uma crítica revolucionária, ou seja, heterodoxa.
Lukács basicamente chama à atenção para o fato (q deveria ser óbvio) q a teoria marxista é uma reflexão baseado num método de investigação, e não em conteúdos ou “leis” universais. Logo, a crítica material-dialética é por excelência uma concepção revolucionária. Ou seja, está sempre buscando criar rupturas com concepções estabelecidas e transformar o homem.
Em outras palavras, segundo o Lukács, se o método marxista não estiver presente, dificilmente se atingirá alguma verdade, sendo esta substituída por meras opiniões e palpites, muitas vezes construídos sem qualquer conexão com a realidade.
Mas a ortodoxia na utilização do método não deve ser seguida de dogmatismo, isto é, o método é imprescindível, mas não garante, por si só, que verdades serão atingidas. Nada mais falso, do ponto de vista dialético, do que afirmar tal coisa.
Por/Mário Sérgio Cortella – educador, filósofo e palestrante
FONTE: https://unidadepensadora.wordpress.com/2013/06/07/o-marxismo-ortodoxo-segundo-george-lukacs/
Anarquismo
Chama-se anarquismo o movimento político que defende a anarquia, ou seja, a supressão de todas as formas de dominação e opressão vigentes na sociedade moderna, dando lugar a uma comunidade mais fraterna e igualitária, fruto de um esforço individual a partir de um árduo trabalho de conscientização. O anarquismo é frequentemente apontado como uma ideologia negadora dos valores sociais e políticos prevalecentes no mundo moderno como o estado laico, a lei, a ordem, a religião e a propriedade privada. A palavra anarquismo é adaptada do grego ánarkhos, cujo significado é, aproximadamente, "sem governo". No Brasil, a ideologia foi introduzida no final do século XIX pelos imigrantes europeus, principalmente os italianos e espanhóis, e foi influente até o final da Segunda Guerra Mundial.
As origens do movimento derivam da concepção individualista dos direitos naturais, defendida por John Locke. Para o filósofo inglês, haveria um contrato voluntário acordado entre indivíduos iguais em direito e em deveres. Os anarquistas e os liberais foram os primeiros a extrair das ideias de John Locke profundas implicações políticas, isso no final do século XVIII, quando surge um movimento anarquista estruturado, como uma corrente política autônoma e com seguidores em todo mundo. Entre os seus teóricos contam-se pensadores tão diversos como William Godwin (1773-1836), P.J.Proudhon (1809-1865), Bakunine (1814-1870), Kropotkin (1842-1921) ou o português Silva Mendes.
Os anarquistas se caracterizaram pela pouca inclinação à constituição de grandes organizações, formando grupos dispersos, porém, lutando basicamente em torno de seis ideias:
- direitos fundamentais dos indivíduos, cujo conceito se traduz na ideia da primazia do indivíduo face à sociedade. Todo o indivíduo é único e possui um conjunto de direitos naturais que não podem ser posto em causa por nenhum tipo de sociedade que exista ou venha a ser criada.
- ação direta, conceito que rejeita o sistema de representação, ressaltando o valor da ação direta do indivíduo na realidade social. Alguns anarquistas, no final do século XIX e princípios do século XX, cometiam assassinatos de figuras políticas baseados neste conceito, entendendo que tais líderes simbolizarem tudo aquilo que reprovavam.
- crítica aos preconceitos ideológicos e morais. Os anarquistas entendiam que era imprescindível destruir todas as condicionantes mentais que possam impedir o indivíduo de ser livre e de se assumir como tal.
- educação libertária. A educação é um processo de emancipação dos indivíduos, e por esta via podiam lançar as bases de um nova sociedade.
- auto-organização. Embora recusem qualquer forma de poder, a maioria dos anarquistas estabelecem organizações próprias, que devem, contudo, ser resultado de uma ação consciente e voluntária dos seus membros, mantendo uma total igualdade de forma a impedir a formação de relações de poder (dirigentes/dirigidos, representantes/representados, etc).
- sociedade global. Um dos grandes ideais anarquistas é a constituição de uma sociedade planetária que permitisse a livre circulação de pessoas ou o fim das guerras entre países.
Por Emerson Santiago
Fonte: http://www.infoescola.com/sociologia/anarquismo/
Chama-se anarquismo o movimento político que defende a anarquia, ou seja, a supressão de todas as formas de dominação e opressão vigentes na sociedade moderna, dando lugar a uma comunidade mais fraterna e igualitária, fruto de um esforço individual a partir de um árduo trabalho de conscientização. O anarquismo é frequentemente apontado como uma ideologia negadora dos valores sociais e políticos prevalecentes no mundo moderno como o estado laico, a lei, a ordem, a religião e a propriedade privada. A palavra anarquismo é adaptada do grego ánarkhos, cujo significado é, aproximadamente, "sem governo". No Brasil, a ideologia foi introduzida no final do século XIX pelos imigrantes europeus, principalmente os italianos e espanhóis, e foi influente até o final da Segunda Guerra Mundial.
As origens do movimento derivam da concepção individualista dos direitos naturais, defendida por John Locke. Para o filósofo inglês, haveria um contrato voluntário acordado entre indivíduos iguais em direito e em deveres. Os anarquistas e os liberais foram os primeiros a extrair das ideias de John Locke profundas implicações políticas, isso no final do século XVIII, quando surge um movimento anarquista estruturado, como uma corrente política autônoma e com seguidores em todo mundo. Entre os seus teóricos contam-se pensadores tão diversos como William Godwin (1773-1836), P.J.Proudhon (1809-1865), Bakunine (1814-1870), Kropotkin (1842-1921) ou o português Silva Mendes.
Os anarquistas se caracterizaram pela pouca inclinação à constituição de grandes organizações, formando grupos dispersos, porém, lutando basicamente em torno de seis ideias:
Os anarquistas se caracterizaram pela pouca inclinação à constituição de grandes organizações, formando grupos dispersos, porém, lutando basicamente em torno de seis ideias:
- direitos fundamentais dos indivíduos, cujo conceito se traduz na ideia da primazia do indivíduo face à sociedade. Todo o indivíduo é único e possui um conjunto de direitos naturais que não podem ser posto em causa por nenhum tipo de sociedade que exista ou venha a ser criada.
- ação direta, conceito que rejeita o sistema de representação, ressaltando o valor da ação direta do indivíduo na realidade social. Alguns anarquistas, no final do século XIX e princípios do século XX, cometiam assassinatos de figuras políticas baseados neste conceito, entendendo que tais líderes simbolizarem tudo aquilo que reprovavam.
- crítica aos preconceitos ideológicos e morais. Os anarquistas entendiam que era imprescindível destruir todas as condicionantes mentais que possam impedir o indivíduo de ser livre e de se assumir como tal.
- educação libertária. A educação é um processo de emancipação dos indivíduos, e por esta via podiam lançar as bases de um nova sociedade.
- auto-organização. Embora recusem qualquer forma de poder, a maioria dos anarquistas estabelecem organizações próprias, que devem, contudo, ser resultado de uma ação consciente e voluntária dos seus membros, mantendo uma total igualdade de forma a impedir a formação de relações de poder (dirigentes/dirigidos, representantes/representados, etc).
- sociedade global. Um dos grandes ideais anarquistas é a constituição de uma sociedade planetária que permitisse a livre circulação de pessoas ou o fim das guerras entre países.
Bibliografia:
CANCIAN, Renato. Anarquismo: Origens da ideologia anarquista. Disponível em: < http://educacao.uol.com.br/disciplinas/sociologia/anarquismo-origens-da-ideologia-anarquista.htm >.
"Os sovietes"
Os sovietes - Revolução Russa - Resumo
O poder nas mãos dos trabalhadores
Soviete é uma palavra russa que quer dizer, mais ou menos. "assembleia", "reunião", "conselho".
Basicamente. tratava-se de uma reunião de pessoas do povo para decidir alguma questão importante.
Basicamente. tratava-se de uma reunião de pessoas do povo para decidir alguma questão importante.
Os sovietes não foram criados pelo governo, nem pelos partidos ou sindicatos. Brotaram da criatividade do povo trabalhador russo.
Depois da revolução de março de 1917, apareceram milhares de sovietes pelo pais. Havia sovietes de operários, de camponeses, de soldados, de marinheiros. Os sovietes se organizavam nas fábricas, nos quartéis. Nas aldeias camponesas, nos bairros.
Por meio dos sovietes, os trabalhadores passaram a decidir sua vida sem ter de obedecer ao governo, ao patrão ou aos comandantes militares. Na véspera da revolução socialista de novembro de 1917, por exemplo, o soviete de Retrogrado resolveu ignorar o Governo Provisório e passou a agir como se fosse o verdadeiro órgão de poder da capital russa. Ordenou o deslocamento de tropas, ocupou os principais pontos estratégicos da cidade. Em Moscou. acontecia a mesma coisa.
Lênin percebeu que os sovietes eram realmente órgãos de poder. Por isso, propôs que os bolcheviques convencessem os sovietes da necessidade de derrubarem o Governo Provisório e iniciarem a construção do socialismo. Um socialismo que deveria se basear na democracia direta dos sovietes. Portanto, um Estado soviético.
O GOVERNO SOVIÉTICO
O Governo Provisório havia prometido paz, pão e temi, mas não cumpriu. E os bolcheviques. cumpriram sua promessa? Vamos ver.
O primeiro ato do governo bolchevique foio Decreto da Terra. Simplesmente os latifúndios foram extintos. Todas as terras da nobreza foram distribuídas para as famílias camponesas Você pode perguntar: mas e os nobres, não pediram ajuda à polícia, ou ao exército? Impossível. Os camponeses e os operários estavam armados até os dentes. Formavam o Exército Vermelho, que seguia os bolcheviques. Diante do povo revolucionário em armas, só restava aos nobres e as burgueses encher as malas de riquezas e fugir.
Para normalizar o abastecimento nas grandes cidades, foram criados comitês operários Nenhum grande comerciante poderia fazer especulação com seus estoques. Houve depósitos invadidas por soldados bolcheviques e as gêneros foram distribuídos para a população carente.
· Os bolcheviques também cumpriram a promessa de sair da guerra. Assinaram um acordo de paz com a Alemanha, o Tratado de Brest-litovsk Desse modo, a Rússia saiu da Primeira Guerra antes que ela acabasse.
Fonte: http://novahistoriacritica.blogspot.com.br/2013/06/os-sovietes-revolucao-russa-resumo.html
BAKUNINISMO
Corrente cuja denominação deriva do nome de Bakúnine, ideólogo do anarquismo, inimigo do marxismo e do socialismo científico. Os bakininistas travaram uma luta tenaz contra a teoria marxista e contra a tática do movimento operário. A tese principal do bakuninismo é a negação de todo o Estado, incluindo a ditadura do proletariado, e a incompreensão do papel histórico universal do proletariado. Uma sociedade revolucionária secreta constituída por "destacadas personalidades" devia, na opinião dos bakuninistas, dirigir revoltas populares. A sua tática das conquistas e do terror era aventureira e hostil à doutrina marxista da insurreição.
[Fonte: Lenin - Obras Escolhidas em 3 Tomos]
“laissez faire"
Fundamentos e Limites do Princípio do “Laissez-Faire”ou da Não-Interferência Governamental |
Laissez-faire é hoje expressão-símbolo do liberalismo econômico, na versão mais pura de Capitalismo de que o mercado deve funcionar livremente, sem interferência. Esta Filosofia Econômica tornou-se dominante nos Estados Unidos e nos países ricos da Europa, durante o final do século XIX até o início do século XX. Nesta era, conhecida por ser dominada por “barões-ladrões”, os carteis e trustes a desmitificaram.
Ela é parte da expressão em língua francesa “laissez faire, laissez aller, laissez passer”, que significa literalmente “deixai fazer, deixai ir, deixai passar”. A sua origem é incertamente atribuída ao comerciante Legendre, que a teria pronunciado em reunião com Colbert, no final do século XVII: Que faut-il faire pour vous aider? perguntou Colbert. Vous laissez faire, teria respondido Legendre.
Transformou-se no provérbio fisiocrata: Laissez faire, laissez passer, le monde va de lui même [“Deixe fazer, deixe passar, o mundo vai por si mesmo.”]. É similar ao provérbio popular de origem francesa: “Louvo todos os deuses, bebo meu bom vinho, e deixo o mundo ser mundo!” No popular brasileiro:“Deixa a vida me levar; vida, leva eu!”
John Stuart Mill (1806-1873) publicou Princípios de Economia Política: Com Algumas de suas Aplicações à Filosofia Social. Escrito em 1848, foi um dos compêndios econômicos ou políticos mais lidos do século XIX. Há uma consolidação do pensamento econômico clássico nele, pois todas as escolas estão nele presentes: Smith, Ricardo, Say, Fisiocracia, Mercantilismo, etc.
Os fundamentos e os limites do Princípio do Laissez-faire (ou da não interferência governamental) é tratado no Livro 5 – Capítulo XI. Simplificando a posição de Mill, a interferência do governo tem aspectos bons e aspectos ruins. Portanto, a interferência deve ocorrer de forma a maximizar os aspectos bons e a minimizar os aspectos ruins. Um critério fundamental de “bom” e “ruim” é o efeito sobre a “liberdade do indivíduo”; se esta é restringida, é ruim; se ampliada, é bom.
Sobre os limites das atribuições governamentais, logo de início Mill alerta que “aqueles que discutiram alguma questão específica sobre a interferência governamental, tais como a condição da educação (religiosa ou secular), a regulamentação das horas de trabalho, um fundo público para os pobres, etc., muitas vezes se detiveram longamente em argumentos gerais”.
Os defensores da interferência têm-se contentado em afirmar um direito e dever geral, da parte do governo, de interferir, toda vez que tal intervenção seja útil. Quando os pertencentes à assim chamada Escola doLaisser-faire tentaram alguma delimitação da esfera da competência do governo, normalmente restringiram a intervenção do governo à proteção da pessoa e da propriedade conta a força e a fraude.
Sem pretender suprir totalmente essa lacuna de uma Teoria Geral, em uma questão que , como Mill entendia, “não comporta uma solução universal”, ele aponta quais são as vantagens da interferência governamental, e quais são os males ou inconvenientes que ela acarreta.
Começa distinguindo dois tipos de intervenção por parte do governo. A intervenção pode estender-se ao controle da livre ação dos indivíduos. Essa é a interferência autoritária do governo.
Há outra espécie de intervenção, que não é autoritária, a saber, quando um governo, em vez de emitir uma ordem e de exigir seu cumprimento mediante penalidades, adota o expediente de assessorar e de publicar informações. Ou, então, quando, deixando aos indivíduos a liberdade de utilizar os seus próprios meios para conseguir algum objetivo de interesse geral, o governo, sem interferir, mas ao mesmo tempo não deixando o assunto inteiramente entregue ao cuidado deles, cria, ao lado das providências dos indivíduos, um órgão de estrutura própria para o mesmo fim.
Assim, uma coisa é manter uma Igreja oficial – como a Anglicana na Inglaterra da Monarquia Absolutista – ou oficiosa – como a Católica na América Latina –, e outra é recusar tolerância às outras religiões ou às pessoas que não professam religião alguma. Uma coisa é dar escolas e colégios, e outra é exigir que ninguém trabalhe como instrutor da juventude sem um certificado do governo. Pode haver um banco nacional do desenvolvimento, ou uma indústria estatal como a do petróleo, sem monopólio algum contra bancos privados ou indústrias particulares.
Evidentemente, a forma autoritária de intervenção governamental tem uma esfera muito mais limitada de ação legítima do que a intervenção não autoritária. Qualquer que seja a teoria que adotemos quanto ao fundamento da união social, e quaisquer que sejam as instituições políticas que vivermos, existe em torno de cada ser humano individual um círculo que a nenhum governo deve ser permitido ultrapassar. Há uma parte da vida de cada pessoa que já chegou ao uso da razão dentro da qual a individualidade dessa pessoa deve reinar, sem ser controlado por algum outro indivíduo, nem pelo público em geral.
O que resta determinar é onde se deve colocar o limite. Mill entende que “ele deve abranger toda aquela parte que diz respeito, exclusivamente, à vida, interna ou externa, do próprio indivíduo, e não afeta os interesses de outros, ou só os afeta por meio da influência moral do exemplo” (1848 / 1963: 396).
Com respeito ao domínio da consciência interna, dos pensamentos e sentimentos, e àquela parte da conduta externa que é exclusivamente pessoal, não envolvendo consequência de tipo doloroso ou prejudicial para outras pessoas, Mill sustenta que “é direito de todos – e em se tratando de pessoas mais profundas e cultas, muitas vezes é um dever – afirmar e publicar com toda a força de que são capazes sua opinião sobre o que é bom ou mau, digno de admiração ou censura, mas não obrigar outros a aceitarem tal opinião” (id.;ibid.).
Mesmo naqueles setores da conduta que afetam o interesse de outrem, o ônus de provar sempre cabe aos que defendem proibições legais. Não será uma infração meramente subentendida ou presumível por outros que justificará a interferência da lei na liberdade individual. Tal interferência, por exemplo, partilha da degradação da escravatura que, em 1848, era ainda vigente no Brasil.
“Não ocorre o mesmo com interferências governamentais que não restringem a liberdade de ação individual. Quando um governo oferece meios para atingir determinado objetivo, deixando aos indivíduos liberdade para utilizarem meios diferentes que na opinião deles são preferíveis, não se infringe a liberdade, não existe nenhuma restrição penosa ou degradante. Nesse caso, inexiste uma das objeções principais à interferência do governo.” (Mill; 1848/1963: 397)
Há, porém, em quase todas as formas de ação governamental, uma coisa que é compulsória: a provisão de recursos pecuniários. Estes são tirados dosimpostos ou então, se os recursos existirem na forma de dotação derivante de propriedade do Estado, mesmo então geram uma tributação compulsória, cujo montante equivale ao que resultaria da venda ou dos rendimentos anuais da respectiva propriedade. A objeção que necessariamente milita contra contribuições compulsórias é quase sempre altamente agravada pelas cautelas dispendiosas e pelas restrições onerosas que são indispensáveis para impedir a sonegação de uma taxa ou imposto compulsório.
Uma segunda objeção de ordem geral à interferência do governo é que todo aumento das funções confiadas ao governo equivale a um aumento de seu poder, tanto na forma de autoridade, como – e ainda mais – naforma indireta de influência. Isso se refere à liberdade política. Entretanto, alguns estão propensos a pensar que a limitação dos poderes do governo só é essencial quando o próprio governo está mal constituído, quando ele não representa o povo, mas é o órgão de expressão de uma classe dominante ou de uma coalizão de classes produtoras. Supõem que a um governo de embasamento suficientemente popular se pode confiar qualquer montante de poder sobre a Nação. Isso poderia ser verdade apenas se as minorias só fossem capazes de oprimir, mas não de serem oprimidas.
Uma terceira objeção geral à ação governamental baseia-se no princípio da divisão do trabalho. Toda função adicional assumida pelo governo é uma nova ocupação imposta a um organismo já sobrecarregado de obrigações. A maior parte das coisas acaba sendo malfeita, e muitas nem sequer são feitas, porque o governo não é capaz de fazê-las sem demoras que são fatais para a finalidade visada. O dito popular pressupõe que as pessoas entendem melhor de suas próprias coisas e de seus próprios interesses, e deles cuidam melhor, do que o faz o governo, ou se pode esperar que o faça.
Para Mill, uma das razões mais fortes contra a ampliação da interferência governamental diz respeito à pratica da vida que constitui um componente essencial da formação prática de um povo. “Um povo no qual não há nenhum hábito de ação espontânea em prol de um interesse coletivo – que costuma esperar que o governo o comande ou o empurre em todos os assuntos que envolvem interesse coletivo –, um povo que espera que o governo faça por ele tudo, afora aquilo que é questão de simples hábito de rotina, tal povo só consegue desenvolver metade das suas faculdades; a educação desse povo é falha em um dos seus elementos mais importantes” (1848 /1983: 400).
Mill conclui que, “em suma, o laisser-faire deve ser a prática geral; qualquer desvio dessa prática é um mal certo, a menos que isso seja exigido em função de algum bem ingente” (1848 /1983: 401). Resta então contextualizar esse autor em termos de tempo e lugar e avaliar quão “ingente” – muito grande, enorme, desmedido – pode ser esse bem em outro tempo e lugar.
John Stuart Mill foi um filósofo e economista inglês considerado entre ospensadores liberais mais influentes do século XIX. Refletiu a partir da realidade constituída pela industrialização originária inglesa. Sua reflexão sobre o liberalismo econômico, portanto, não alcança a necessidade de intervenção dos Estados de países de capitalismo tardio fomentar a industrialização no século seguinte. Esta era, de fato, um “bem ingente”, ou seja, uma tarefa descomunal a ser levada a cabo através da intervenção governamental.
Fonte: https://fernandonogueiracosta.wordpress.com/2013/11/13/fundamentos-e-limites-do-principio-do-laisser-faire-ou-da-nao-interferencia-governamental/
As Jacqueries
As Jacqueries – revoltas camponesas na França Medieval
Jacqueries |
A Jacquerie foi um grande movimento popular da Idade Média, feito por camponeses, ocorreu no norte da França no Verão de 1358, durante a Guerra dos Cem Anos, e a crise e miséria advindos da peste negra. Foi duramente reprimido, após algumas semanas de protestos violentos, especialmente na Vale do Oise ao norte de Paris. Ficou conhecido como a rebelião Jacquerie porque os camponeses eram ridicularizados pelos nobres com o termo pejorativo “Jacques” ou “Jacques Bonhomme” e a sua veste “Jacque”. A palavra se tornou sinônimo para várias revoltas camponesas em geral – jacqueries – durante o antigo regime.
[…] Neste tempo revoltaram-se os Jacques em Beauvoisin, e começaram a ir em direção de Saint-Leu e de Clermont no Beauvoisin. […] E quando os Jacques, se viram em grande número, perseguiram os homens nobres, mataram vários e ainda fizeram pior, como gente treslocada, fora de si e de baixa condição. Na realidade, mataram muitas mulheres e crianças nobres, pelo que Guilherme Carlos (seu líder) lhes disse muitas vezes que se excediam demasiadamente; mas nem por isso deixaram de o fazer. […]PAIS, Marco Antônio de Oliveira. O despertar da Europa: a baixa idade média. São Paulo: Atual, 1992, p. 77.
No ano de 1070, os habitantes da cidade de Mans revoltaram-se contra o duque da Normandia. O bispo fugiu e relatou: “Fizeram então uma associação a que chamam comuna, uniram-se por um juramento e forçaram os senhores dos campos circundantes a jurar fidelidade à comuna. Cheios de audácia, começaram a cometer inúmeros crimes. Até queimaram os castelos da região durante a Quaresma e, o que é pior, durante a Semana Santa”.
Adaptado de J Le Goff, A Civilização do Ocidente
Fonte: http://blog.cybershark.net/miguel/2011/12/07/as-jacqueries-revoltas-camponesas-na-franca-medieval/
FORÇAS PRODUTIVAS MATERIAIS
O conceito fundamental da nova teoria revolucionária do desenvolvimento construída por Marx é o conceito de «forças produtivas». Também ele está para Marx determinado socialmente. Não se trata nem de uma simples inversão «materialista» da «Ideia» absoluta de Hegel nem de uma base natural subjacente à estrutura económica da sociedade em cada caso (as «relações de produção») que fundamentasse todo o desenvolvimento social. As forças produtivas materiais constituem, em conjunto com as relações de produção nas quais actuam e se desenvolvem, o todo real do que em cada modo de produção material se pode «registrar» com a «fidelidade» da ciência natural. Este conceito marxiano não tem nada de místico nem de metafísico. «Força produtiva» não é senão a capacidade de trabalhar real dos homens vivos: a capacidade de produzir por meio do seu trabalho e com a utilização de determinados meios materiais de produção e numa forma de cooperação determinada por eles, os meios materiais para a satisfação das necessidades sociais da vida, o que quer dizer em condições capitalistas, a capacidade de produzir «mercadorias». Tudo o que aumenta esse efeito útil da capacidade humana de trabalhar (e portanto, em condições capitalistas, inevitavelmente também o lucro dos seus exploradores) é uma nova «força produtiva» social. É preciso contar entre as forças produtivas materiais, a par da natureza, a técnica, a ciência, e antes de tudo também a própria organização social e as forças criadas nela por cooperação e divisão industrial do trabalho, as quais são desde o princípio energias sociais. Já Adam Smith falava na sua obra económica do «aumento relativo da capacidade produtiva do trabalho», e pode-se dizer sem exagero que é precisamente nessa ideia, enormemente ampliada e criticamente desenvolvida por Marx, que tem a sua verdadeira origem o novo conceito básico materialista de forças produtivas materiais[1].
O carácter dúplice da produção material, como relação (técnico-natural) entre o homem e a natureza e, por outro lado, como relação (histórico-social) entre os homens, é o principal ponto de partida para a continuação e a crítica dos conceitos fundamentais da economia burguesa n’ O capital, e é-o também para a teoria marxiana do desenvolvimento histórico da sociedade. «A produção da vida -declara já na primeira fundamentação de seu novo princípio – aparece imediatamente como uma relação dúplice, por um lado como relação natural, por outro como relação social, social no sentido que por ela se entende a cooperação de vários indivíduos, independentemente das condições, o modo e o fim da cooperação. Disso se depreende que um determinado modo de produção ou estádio industrial vai sempre acompanhado de um determinado modo de cooperação, ou estádio social, e este modo de cooperação é ele mesmo uma “força produtiva”.»[2] O verdadeiro sentido dos desenvolvimentos ulteriores do conceito marxiano de forças produtivas consiste pois na ênfase dada a essa «nova potência da força produtiva» em constante aumento pela fusão, no curso do desenvolvimento da sociedade humana, de muitas forças numa força colectiva, ou seja, em condições capitalistas, originando-se aparentemente da produtividade do capital, mas na verdade tendo como origem o aumento da produtividade do trabalho social[3]. Neste sentido é mesmo possível considerar como uma força produtiva material a própriaclasse revolucionária dos trabalhadores, que quebram os entraves postos pelo presente modo de produção mercantil capitalista às forças produtivas, substituem a forma imperfeita da actual divisão burguesa do trabalho por uma socialização directamente socialista do trabalho e assim realizam as novas potências das forças produtivas já presentes dinamicamente no trabalho social. « De touts les instruments de production, le plus grand pouvoir productif, c’est la classe révolutionnaire elle-même.[4]»
A «contradição entre as forças produtivas e as relações de produção» como motor oculto de todo o desenvolvimento histórico da produção material e da formação social económica baseada nela não é senão a expressão objectiva do mesmo que Marx noManifesto comunista e em muitos outros lugares de sua obra expõe como oposição e luta das classes sociais. Por isso se enganam completamente os recentes intérpretes de Marx que, invertendo literalmente a relação admitida pelo próprio Marx, pretendem deduzir a oposição das classes como mera forma de manifestação de uma «dialéctica» intemporal das forças produtivas e das relações de produção. Com essa interpretação não só retrocedem em relação ao materialismo histórico de Marx, mas também em relação ao idealismo histórico de Hegel, colocando-se num ponto de vista metafísico e pura e simplesmente místico[5].
A relação precisa do conceito marxiano de forças produtivas sociais com a presente forma de sociedade burguesa expressa-se plena e originariamente na obra na qual Marx e Engels elaboraram a sua concepção materialista em contraposição à concepção ideológica da filosofia alemã e, ao fazê-lo, construíram e fundaram detalhadamente todas aquelas novas noções que subjazem com toda a naturalidade de modo óbvio às suas posteriores investigações: o desenvolvimento das forças produtivas como fundamento da história da sociedade; a contradição entre as forças produtivas e o modo de sua realização ou execução em cada caso; a transformação da «forma do tráfico» de cada caso (ou seja, segundo o léxico posterior de Marx, a transformação das «relações de produção» de cada caso) de formas de desenvolvimento em entraves das forças produtivas; e a revolução que rebenta no final necessariamente como resultado dessa contradição básica e os «diferentes fenómenos que a acompanham, como choques entre diversas classes, contradição da consciência, luta de ideias, etc., luta política, etc.». «Em nenhum período anterior – diz-se neste texto sobre o novo conceito básico materialista, tinham tomado as forças produtivas esta forma indiferente ao tráfico dos indivíduos enquanto indivíduos» com a qual aparecem na presente época histórica «como entidades completamente independentes e separadas dos indivíduos, como um mundo à parte deles… e dos quais são a energia». Só nesta época se produziu uma situação na qual «por um lado se tem uma totalidade de forças produtivas», enquanto, ao mesmo tempo, «por outro lado… se enfrenta com essas forças produtivas, a maioria dos indivíduos, dos quais essas forças foram separadas e que, portanto, despojados de todo conteúdo vital real, se transformaram em indivíduos abstractos, mas por isso mesmo se encontram em situação de entrar em relação uns com outros enquanto indivíduos». Só agora, pois, no presente estádio de desenvolvimento da sociedade, «se chegou ao momento em que os indivíduos se hão-de apropriar da presente totalidade de forças produtivas não só para poder desenvolver a sua auto-actividade, mas sim para assegurar simplesmente a sua existência»; e «a apropriação dessas forças não é, por sua vez, mais nada que o desenvolvimento das capacidades individuais correspondentes aos instrumentos materiais de produção»[6].
Com a determinação rigorosamente histórica e social do conceito de forças produtivas destrói-se a noção demasiado simplista de que a marxiana «contradição entre as forças produtivas e as relações de produção» não seja mais que o tão lamentado «defeito de equilíbrio entre os resultados técnicos e sua aplicação social». O conceito marxiano de forças produtivas não tem nada a ver com as abstracções idealistas dos «tecnocratas», que se imaginam poder registar e medir as forças produtivas da sociedade separadas de toda a determinação social, de um modo puramente científico-natural e tecnológico. Sem dúvida que também para Marx se conta entre as forças produtivas, a par do carácter social do trabalho e das formas determinadas de divisão social do trabalho, «o desenvolvimento do trabalho intelectual, principalmente da ciência da natureza»[7]. Ocarácter de entrave das presentes relações de produção capitalistas revela-se hoje também no esbanjamento de uma parte crescente dos resultados desse trabalho intelectual por uma classe burguesa não interessada no progresso técnico a não ser mediatamente, sob a condição de obter lucro. Mas essa repressão de possibilidades técnicas de progresso pelo sistema capitalista não é mais que uma das formas pela qual se manifesta o conflito entre a tendência progressiva das forças produtivas materiais e a tendência imobilista das relações sociais de produção. Está fora de dúvida para o materialismo social de Marx que o mero conhecimento tecnológico e a mentalidade «tecnocrática» não bastam para eliminar os obstáculos materiais, não superáveis com meios puramente intelectuais, que opõem a toda alteração radical da situação presente o poder das relações económicas e o poder, organizado no Estado, das classes interessadas na manutenção desta situação. A «tecnocracia», disse Trotski numa audaz previsão de O futuro socialista da América, «não é possível de realizar senão sob um regime soviético, uma vez derrubados os tabiques da propriedade privada»[8].
Karl Korsch, cap. 8 de Karl Marx
[1] Cf. o trecho de Marx na sua primeira leitura da obra de Smith (1844), MEGA, I, 3, p. 457.
[2] Die deutsche Ideologie, 1845-1846, MEGA, I, 5, p. 19 (MEW, vol. 3, pp. 29 e.).
[3] Cf. Lohnarheit und Kapital, MEGA, I, 6, pp. 482. ss. (MEW, W. 6, pp. 407 ss.) e a exposição exaustiva e precisa das forças novas e desde o princípio sociais originadas na «cooperação», cap. 11 de Kapital, I.
[4] [«De todos os instrumentos de produção, o maior poder productivo é a própria classe revolucionária.»] Misère de la philosophie, MEGA, I, 6, p. 227 (MEW, vol. 4, p. 181).
[5] Veja-se o meu artigo «Why I am a Marxist?», Modern Monthly, IX, n.4 2, Abril 1935, pp. 89 ss.
[6] MEGA, I, 5, pp. 56-58 (MEW, vol. 3, pp. 67 ss). [nota do tradutor português: na 1ª parte da Ideologia Alemã]
[7] Marx, Kapital, III, 1, pp. 55-56, e Kapital, I, pp. 350-351 (MEW, vol. 25, p. 91 s., e vol. 23, pp. 407 s.).
[8] Die Sammlung, ano II, n.° 10, Junho 1935, p. 522.
FONTE:
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