segunda-feira, 24 de outubro de 2016

Max Weber



Ao lado de 
Émile Durkheim e Karl Marx, o alemão Max Weber integra o trio dos grandes pensadores clássicos responsáveis pela fundação da Sociologia. Nascido em 1864, em Munique, dedicou sua obra a compreender a nova sociedade que se formava a partir da consolidação do capitalismo industrial naEuropa e sua propagação pelo planeta. Weber morreu em 1920, tendo vivenciado as turbulências daPrimeira Guerra – o que, para alguns, fundamenta certo pessimismo weberiano frente a contemporaneidade .

Como pioneiro no estudo científico da sociedade, Weber inaugura o método da sociologia compreensiva. Baseada na ideia de que ao estudar as ações sociais o sociólogo deve dar especial atenção a motivação dos indivíduos e grupos, a sociologia compreensiva ocupa-se do sentido que os sujeitos atribuem as suas próprias ações – além do significado dessas ações em um contexto social mais amplo. Entende-se, por consequência, que as ações em si não tem um sentido próprio, mas o sentido que nós, como sujeitos modernos, atribuímos a elas. Para Weber, o papel do sociólogo deve ser compreender esses sentidos, que são dados pelos sujeitos mas não podem ser apreendidos de forma imediata por eles (o que justifica a necessidade da reflexão sociológica).

Os temas trabalhados por Weber são variados, mas sua maior ênfase está nos estudos sociológicos sobre economia, religião e política – todas em sua configuração moderna. Em sua obra mais conhecida, A ética protestante e o espírito do capitalismo, Weber investiga a influência da religião, especialmente do protestantismo, na formação do capitalismo ocidental. Para ele, os fundamentos dessa religião – que prega a intensa dedicação ao trabalho e não condena a acumulação de riquezas – favoreceram a consolidação do capitalismo nos países onde sua influência era grande. Weber aplica o método da sociologia compreensiva demonstrando que a forma como os sujeitos captavam o mundo (sua ética religiosa) influenciou diretamente suas ações (na consolidação do capitalismo).

É também neste livro que percebemos um exemplo de emprego da noção de tipo ideal. Segundo Weber, para compreender a realidade é preciso antes transportá-la ao campo das ideias, o campo da teoria. Neste processo, que é uma espécie de reconstituição da realidade, devemos simplificar a complexidade apresentada no mundo real, isolando e destacando as características principais (isso é, típicas) daquilo que pretendemos compreender. No caso da ética protestante e o espírito do capitalismo, somos apresentados ao capitalismo a partir de um tipo ideal. Weber reconhece que, no mundo concreto, ele se apresenta de formas variadas, dependendo da época e do país onde é observado. Entretanto, alguns elementos – como a busca pelo lucro e a organização racional do trabalho – aparecem como típicos desse sistema de produção. Concebida por Weber, a elaboração de um tipo ideal é uma ferramenta útil ao sociólogo.

Para Weber, a racionalização do trabalho – e de outras esferas da vida – é um traço definitivo que marca nosso tempo. O avanço da ciência e do capitalismo moldaram o mundo de forma que todos os espaços coletivos, desde de os políticos até os corporativos, sejam burocratizados. É preciso notar que a burocracia de que nos fala Weber é vista sob um ponto de vista positivo, pois significa a organização racional e eficiente das atividades coletivas, onde cada um exerce sua função específica e previamente estabelecida de forma detalhada. Essa tendência a intensa racionalização, ainda que positiva, é vista por Weber como algo que nos leva ao desencantamento do mundo, quando as formas místicas e religiosas de pensar perdem espaço para a burocratização. Pela importância deste e 
outros temas em sua obra, além de sociólogos, Weber também influenciou administradores e economistas.



Referências bibliográficas:

http://www.infoescola.com/biografias/max-weber/

Por Camila Betoni
Mestrado em Sociologia Política (UFSC, 2014)
Graduação em Ciências Sociais (UFSC, 2011


WEBER, Max. Ética protestante e o espírito do capitalismo. São Paulo: Pioneira, 1999.
WEBER, Max. Ciência e política: duas vocações. São Paulo: Martin Claret, 2001.

POSITIVISMO

O positivismo determina que é através da observação
e da aferição empírica
que se constrói o conhecimento verdadeiro
A autoria do termo positivismo é geralmente atribuída ao filósofoAugusto Comte (1798-1857) e é comumente entendida como a linha de pensamento que entende que o conhecimento científico sistemático é baseado em observações empíricas, na observação de fenômenos concretos, passíveis de serem apreendidos pelos sentidos do homem. Não apenas isso, o positivismo é a ideia da construção do conhecimento pela apreensão empírica do mundo, buscando descobrir as leis gerais que regem os fenômenos observáveis. Dessa forma trabalham as ciências naturais, como a biologia ou a química, que se debruçam sobre seus objetos de estudo em busca de estruturação das “regras” que constituem as formas de interação entre organismos e seus compostos no mundo biológico observável ou das interações entre diferentes reagentes químicos.

Para Comte, a busca pelo conhecimento positivo constituiria a principal forma de construção de conhecimento do homem. Diante disso, os estudos das áreas das ciências humanas deveriam tomar esse mesmo rumo, de forma a produzir um real conhecimento com o objetivo último de compreender as leis que constituem e regem as interações entre indivíduos e fenômenos no mundo social, independente do tempo ou do espaço no qual se encontram.

O pensamento de Augusto Comte se construía em paralelo aos acontecimentos históricos de sua época. A revolução francesa e a crescente industrialização da sociedade trouxe à tona novos problemas e novas formas observáveis de processos de mudanças profundas na vida da sociedade tradicional da época. Comte buscava a criação de uma ciência da sociedade capaz de explicar e compreender todos esses fenômenos da mesma forma que as ciências naturais buscavam interpelar seus objetos de estudo. Ele acreditava ser possível entender as leis que regem nosso mundo social, ajudando-nos a compreender os processos sociais e dando-nos controle direto sobre os rumos que nossas sociedades tomariam, acreditando ser possível dessa forma prever e tratar os males sociais que nos afligiriam tal como trataríamos um corpo enfermo.

A construção do conhecimento positivo só seria possível, então, por meio da observação dos fenômenos em seu contexto físico, palpável, ao alcance dos nossos sentidos e submetidos à experiência. Este seria o papel da ciência, a compreensão dos fenômenos passíveis de observação sensorial direta, com o intuito de entender, por meio da experiência, as relações entre esses fenômenos, de forma a abstrair as leis que regem as interações para que, assim, seja possível predizer como os acontecimentos envolvidos em determinado fenômeno se darão. A ciência e o método científico são a síntese das ideias positivistas.

Por Lucas Oliveira
Graduado em Sociologia


Gostaria de fazer a referência deste texto em um trabalho escolar ou acadêmico? Veja:
RODRIGUES, Lucas De Oliveira. "Positivismo"; Brasil Escola. Disponível em <http://brasilescola.uol.com.br/sociologia/positivismo.htm>. Acesso em 24 de outubro de 2016.